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Nacional

Liberdade imediata aos presos políticos do MLST

06 Jun 2006   |   comentários

Na última quarta-feira, dia 6 de junho, cerca de 500 militantes do MLST (Movimento pela Libertação dos Sem Terra) ocuparam a câmara dos deputados em Brasília num protesto político em defesa da reforma agrária. Os manifestantes foram tratados pelos congressistas como arruaceiros e criminosos, chegando até a serem comparados com o PCC. No enfrentamento com a polícia da Câmara, um carro virado, vidraças e computadores quebrados e alguns feridos. Foram efetuadas mais de 500 prisões. Em solidariedade a luta dos sem-terra e contra qualquer tipo de perseguição política, exigimos a imediata libertação de todos os presos.

A fúria dos sem terra é totalmente justificada. Enquanto os latifundiários se fartam com fazendas do tamanho de pequenos países, milhões de trabalhadores rurais e camponeses vivem na miséria, muitos tendo de se sujeitar ao trabalho escravo. A constituinte de 88 e a farsa de reforma agrária de 8 anos de FHC e do governo Lula não alterou em nada essa situação. No congresso nacional, a bancada ruralista, constituída para defender os interesses does latifundiários, utiliza a sua influência e os recursos da corrupção para explorar mais e impedir a todo custo que a reforma agrária se realize no país. O congresso podre, que recebe de portas abertas os Marcos Valérios e seus milhões, trata trabalhadores que lutam pelos seus direitos como criminosos e se recusa a recebê-los. É esse quadro de impunidade e injustiça permanente que leva às ações de revolta como essa.

O governo petista se mostrou mais uma vez como um governo dos latifundiários, para reprimir e calar os sem-terra. A presença de um suposto socialista no ministério do desenvolvimento agrário deste governo que reprime os sem-terra, Miguel Rosseto, mostra até que ponto a Democracia Socialista, corrente interna do PT, abandonou qualquer elemento de trotskismo ou marxismo e passou de malas e bagagens para o lado da burguesia. O presidente da câmara, Aldo Rebelo do PCdoB, partido aliado de Lula e de Rosseto, declarou que irá punir os militantes do MLST e 504 foram presos. Assim responde a burguesia e o governo petista ao sentimento justo de revolta dos sem terra.

Os parlamentares do PSOL, tristemente, fazem coro com as declarações do PFL, PSDB, PT e todos os partidos da burguesia. A senadora Heloísa Helena declarou: “Isto não é protesto, é um ato de vandalismo, portanto é inaceitável e deve ter o repúdio da sociedade” (Jornal Nacional, 06/06). Um posicionamento vergonhoso de atrelamento total à democracia dos ricos. Um partido que se diz “socialista em defesa dos trabalhadores” fica ao lado da burguesia e seu Congresso corrupto e contra a justa ação de rebeldia dos sem-terras.

A política reformista e burocrática das direções do MLST, assim como do MST, subordinadas ao PT e ao governo Lula, impedem que a rebeldia dos sem-terras se expresse de forma massiva, com manifestações de milhares de camponeses pobres juntos em defesa da reforma agrária. Essas direções camponesas, aliadas aos petistas e governistas que dirigem a CUT, juntas impedem que as ações de rebeldia dos sem-terras se liguem às importantes greves e processos de resistência que têm se iniciado no país, como por exemplo a luta dos operários da GM e da Volks contra a onda de demissões anunciadas pela patronal. Desta forma, ao invés de unificar os sem-terras e os trabalhadores da cidade, fortalecendo a ambos, essas direções impulsionam ações isoladas, que não podem ter outro efeito que enfraquecer a luta do povo explorado e oprimido.

O papel da Frente de Esquerda entre o PSOL, PSTU e PCB e da Conlutas e seus sindicatos e organizações deve ser oposto a esse. Ao invés de repudiar o ato dos sem-terra os parlamentares do PSOL deveriam se colocar na linha de frente da luta contra a repressão e a prisão dos sem-terra e convocar o movimento operário e o movimento estudantil a se mobilizar contra a perseguição política e pelo atendimento imediato das reivindicações do MLST. Somente a aliança dos sem-terra e dos trabalhadores rurais com os trabalhadores da cidade poderá garantir a realização da reforma agrária e a derrota dos latifundiários e do conjunto da burguesia.

Exigimos à Frente de Esquerda, PSOL, PCB e PSTU, para que a senadora e candidata a presidência em nome destes partidos, Heloisa Helena, reveja publicamente sua posição. Essa frente, junto com a Conlutas, deve se colocar incondicionalmente ao lado dos sem-terra reprimidos e convocar uma ampla mobilização nas grandes cidades do país pela liberdade imediata dos presos políticos. Deve ligar essa luta à luta contra as demissões nas metalúrgicas e demais setores mobilizados. Esse seria um passo importante para avançar numa sólida aliança entre os camponeses sem-terra e os trabalhadores.

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