Sábado 18 de Maio de 2024

Juventude

ESTADUAIS PAULISTAS

Importante ato de lançamento do “Comitê Contra as Punições e a Repressão” na UNICAMP

11 Apr 2011   |   comentários

Em meio as repressões que ocorrem na UNICAMP, que a partir de sua reitoria vem implementando processos judiciais e criminais contra nove trabalhadores da universidade - acusados de “crime de greve”, de “excessos” pelas ações e métodos históricos de trabalhadores, como as ocupações de reitoria [1] – e também em meio aos ataques frontais ao movimento estudantil com a abertura de cinco sindicâncias (e mais algumas previstas) em função da ocupação da administração da moradia e as reivindicações de mais vagas e políticas de permanência estudantil, questionamento das estruturas de poder e da PM no campus - realizou-se no dia 7 de abril o lançamento do Comitê Contra as Punições e a Repressão da UNICAMP.

A mesa foi composta pelo professor aposentado do Instituto de Estatística e Matemática, Zago, tendo também a presença de STU, ADUNICAMP e do SINTUSP, que foi incorporado a mesa além das entidades da UNICAMP, dando maior força política ao ato e contribuindo nos sentido de se compreender esse processo em seu caráter estadual. O ato possibilitou um debate sobre a articulação estadual do movimento, tendo saudações também de professores da UNICAMP, além de debate envolvendo o público de dezenas de estudantes e trabalhadores dispostos a refletir como avançar na luta contra a repressão e repensar as questões da universidade.

Trata-se de uma tentativa de envolver as entidades, trabalhadores, estudantes e todos os que buscam travar uma luta contra essas repressões para que consigamos barrá-las, freando o processo ditatorial advindo do CRUESP para criminalizar as greves e movimentos de trabalhadores e estudantes e punir e expulsar a vanguarda que se mobiliza nestes processos. E, como sabemos, devemos lutar também contra a estrutura (herança da ditadura) de poder remanescente nas universidades, que, como no caso da UNICAMP, mantém o decreto 477 em seu regimento e possibilita a reitoria se basear nesse verdadeiro AI-5 da universidade para legitimar suas ações arbitrárias e autoritárias.

Como sabemos, essas repressões estão intimamente ligadas ao projeto de universidade privatista que o Conselho de Reitores das Estaduais Paulistas (CRUESP) tenta implementar, ligando as universidades às fundações, implementando a terceirização (danificando as estruturas da universidade e precarizando o trabalho), reafirmando as estruturas de poder conservadoras e articulando representantes dos empresários (como a FIESP) para participar dos órgão deliberativos, acabando com a vivencia universitária e cerceando cada vez mais os espaços internos; não poderíamos deixar de falar aí do exemplo mais emblemático dessa política privatista que se concentra na figura de Grandino Rodas, reitor da USP, que fechou recentemente o curso de obstetrícia na EACH, demitiu 270 trabalhadores no começo do ano e vem perseguindo com mãos de ferros aqueles que lutam contra esse projeto de universidade; portanto, um projeto que traz consigo o imperativo da repressão dos que lutam e dos que são forças de resistência a essa privatização acelerada.

Nesse sentido, apenas com uma forte mobilização estadual poderemos barrar esses ataques e achamos que o comitê dá passos importantes em unir as forças na UNICAMP. Agora é nossa tarefa responder ao chamado do DCE da UNESP e de outras entidades para construirmos juntos um encontro de trabalhadores e estudantes, a ser realizado no dia 21 de abril na UNESP de Rio Claro, em que possamos pautar os ataques que vem sendo feitos a nível estadual, pensar um plano de ação para barrar esses ataques e colocar na ordem do dia um outro projeto de universidade, para que estejam a serviço da classe trabalhadora e do povo pobre, sem o filtro social do vestibular e subvertidas em suas estruturas de poder ditatoriais (com regimentos legados da ditadura militar). Só uma aliança operário-estudantil forte, com os professores aliados, poderá criar as condições para uma forte mobilização de massas e para isso estaremos na linha de frente na construção desse encontro das Estaduais e da articulação dos lutadores!

[1A ocupação da reitoria, como principal órgão político da universidade, tem sido um método histórico dos trabalhadores. A criminalização dos trabalhadores da UNICAMP nesse momento se refere à ocupação “relâmpago” da reitoria por parte dos trabalhadores e estudantes da UNICAMP, UNESP e USP, além de entidades de outras universidades, em meio a um ato das Estaduais Paulistas na greve de 2009 – e teve como o objetivo fazer uma pressão política na reitoria que naquele momento ameaçava cortar o salário dos trabalhadores da USP, além de quebrar a isonomia salarial entre funcionários e professores das Estaduais, um dos grandes fatores da greve.

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