Quinta 28 de Março de 2024

Movimento Operário

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O PSDB avança na privatização da universidade reprimindo os lutadores

17 Sep 2010   |   comentários



No dia 25 de janeiro deste ano, trabalhadores e estudantes foram reprimidos com cassetetes em frente ao Memorial da Resistência, quando ocorria a posse do novo Reitor da USP, o senhor João Grandino Rodas. Coincidência ou não, este ato repressivo acontecia justamente em frente a uma instituição que se dedica à preservação das memórias da resistência contra a ditadura militar que prevaleceu em nosso país até 1985. Hoje, depois de alguns meses marcados por uma greve de 57 dias, uma ocupação de Reitoria, manifestações de rua e apoio dos principais intelectuais de esquerda do país, os ataques desferidos por João Grandino Rodas são a expressão de que a repressão em frente ao Memorial da Resistência era apenas o início de uma gestão que veio para arrebentar o nosso sindicato.

As frustradas tentativas de José Serra, desde 2007, em implementar o conjunto de seus ataques à educação em especial na USP, foram o motor para que o PSDB se relocalizasse dando a João Grandino Rodas a tarefa fundamental de “pacificar” a USP. Segundo mais votado da lista de indicados pela monárquica eleição para REItor da USP, Rodas foi diretamente imposto por Serra. E para pacificar a USP, iniciou uma guerra contra o setor que mais tem resistido: o Sindicato de Trabalhadores da USP. Já contava com a demissão inconstitucional de Claudionor Brandão, e esperou somente terminar a importante greve deste ano para implementar novos inquéritos policias e processos administrativos, além de punições e mais assédio moral das chefias. Uma verdadeira caça às bruxas aos ativistas da greve.

Não é possível compreender essa ofensiva repressiva se não partimos de que durante os últimos anos foram diversas as tentativas de avanços privatistas na universidade. Desde os decretos de Serra de 2007, a UNIVESP, a quebra da isonomia salarial, a terceirização, o aumento das Fundações, a privatização do Hospital Universitário, até a famigerada idéia de injeção de capital privado através de “mecenas”, que seriam os ex-estudantes ricos da USP. Para tudo isso, conta-se com um Conselho Universitário que concentra o que há de mais reacionário na universidade, uma camarilha a serviço do tucanato buscando a todo custo implementar estes projetos que, combinados aos ataques à categoria de professores da Rede Estadual, fazem parte de um projeto político de educação para o estado de São Paulo. É o projeto do PSDB, complementar ao projeto do governo Lula para as universidades federais e particulares.

Uma verdadeira “ditadura à paisana”

Desde o primeiro dia da greve deste ano, Rodas tentou caçar nosso direito de se mobilizar, ameaçando cortar os salários dos trabalhadores que aderissem à greve. Só foi possível impor uma derrota a essa política anti-greve, legitimada por Lula que já havia atacado os servidores públicos federais, pois os trabalhadores da USP se utilizaram dos métodos tradicionais da nossa classe, assim como alianças com importantes setores da universidade para impor o pagamento dos dias em greve. Assim como na gestão Suely Vilela, que iniciou a perseguição à companheira Patrícia, demitiu Brandão, militarizou o campus e permitiu a entrada da polícia para reprimir violentamente trabalhadores e estudantes, a gestão Rodas segue a mesma cartilha de perseguição aos lutadores. Após a greve já chegaram ao sindicato ONZE novos inquéritos criminais contra a Diretoria, além daqueles já em curso contra diretores do sindicato e estudantes.

O reitor Rodas e seu aparato repressivo, travestido de “Consultoria Jurídica”, avançam agora sem precedentes nos ataques e calúnias contra o sindicato. A ofensiva repressiva da reitoria e do governo é o pré-requisito necessário para que Rodas possa recuperar o conteúdo dos decretos de Serra barrados com a greve de 2007 e que visavam aprofundar a privatização e a elitização da universidade criando áreas de “excelência” que permitam aumentar os lucros das empresas e dos bancos ao mesmo tempo em que precarizam as condições de vida e de trabalho e atacam os cursos que não são diretamente “operacionais”. Prova disso foi a implementação da UNIVESP neste ano, e o projeto apresentado aos diretores de unidade por um seleto grupo de diretores e do próprio vice-reitor, que visa “ampliar a criação de cursos de Graduação” que atendam as demandas do mercado ao custo da “eventual extinção de cursos de baixa demanda” e, obviamente sem ampliar o orçamento da universidade para isso. Se não bastassem os novos inquéritos criminais contra os diretores do Sindicato, Rodas também se utiliza da nova ferramenta criada por Geraldo Alckmin (candidato a governador do estado de São Paulo): uma delegacia especial que julga “crimes contra a ordem do trabalho”.

Dia 30 de setembro: unir todas as forças democráticas contra a Ditadura Rodas!

Em meio às eleições nacionais, onde os partidos da burguesia estão num embate fratricida entre si, diversos setores dos movimentos sociais e de trabalhadores sofrem repressão no país inteiro. Não bastasse a política de liquidação do direito de greve, também os movimentos sociais, do campo e indígenas sofrem repressão do governo, através da polícia e da própria justiça burguesa. Ao mesmo tempo, as necessidades do povo e dos trabalhadores, pouco são discutidas nestas eleições. Por isso, a luta dos trabalhadores da USP contra a repressão se soma a luta de todos os explorados e oprimidos contra a repressão, mas também coloca na ordem do dia o debate sobre a educação pública, buscando nacionalizar esta luta como uma necessidade premente de toda a população.

É partindo disso que consideramos fundamental que todos os setores da esquerda progressista e democrática se coloquem no campo de defesa da educação, denunciando estes ataques que viemos sofrendo. Também é fundamental uma forte aliança com os estudantes, que lutam contra as medidas de precarização do ensino como a UNIVESP, e com os professores e intelectuais que se colocam ao lado dos lutadores e lutadoras. Faremos uma série de atividades, debates e seminários, com o objetivo de se preparar para organizar no próximo dia 30 um grande ato pelo direito de greve, contra a repressão e pelo atendimento de nossas reivindicações. Para isto é muito importante que a direção majoritária da Central Sindical e Popular (CSP-Conlutas) organize uma intervenção decidida, diferentemente do que foi sua passagem pela greve do 1º semestre. Também, a Intersindical, setores de Direitos Humanos, organizações do campo, operárias, estudantis e todos aqueles que se colocam no campo progressivo de defender a universidade pública devem comparecer nesta luta. Reafirmamos o chamado feito pela última assembléia de nossa categoria – veja carta aberta ao lado – solicitando às organizações de esquerda opositoras um espaço em seus programas eleitorais de rádio e TV permitindo que os lutadores e lutadoras possam fazer ouvir suas vozes para que se coloque de pé uma campanha nacional contra a repressão.

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