Segunda 29 de Abril de 2024

Juventude

DEBATE NA UFRJ EM SOLIDARIEDADE AOS PRESOS POLÍTICOS NA USP

Estudantes se reúnem para se solidarizar com estudantes na USP e questionar a polícia também nos morros e favelas

28 Nov 2011   |   comentários

Na quarta-feira 23/11 dezenas de estudantes se reuniram no IFCS/UFRJ para prestar sua solidariedade aos estudantes da USP e marcam um contraponto ao clima reinante no próprio IFCS como em todo Rio de Janeiro, de louvor a polícia e fechar os olhos a como está em curso um grande processo repressivo e assassino nos morros e favelas.

Mal passado um ano quando estudantes espontaneamente aplaudiram a prisão pela PF de estudantes no IFCS que supostamente estavam fumando maconha, algumas dezenas de estudantes se reuniam para reivindicar o exemplo da USP e debater como desde seu questionamento à polícia na universidade e como uma ala expressiva mas minoritária também denunciava a polícia nos bairros, morros e favelas é um vivo exemplo para nossa realidade.

Na mesa estiveram Gas-Pa do Coletivo de Hip Hop Lutarmada e Letícia Oliveira, presa política da USP e militante da Juventude às Ruas. Gas-Pa abriu a mesa mostrando solidariedade aos presos políticos da USP e marcando como é importante fazer a discussão da repressão mais em geral que ocorre, utilizar-se de que reprimiram setores de classe média para discutir a situação nas favelas, do povo negro. Gas-Pa mostrou como a polícia do Rio é herdeira da polícia do império e da escravidão e pontuou com diversos fatos sua intervenção marcando como esta herança se faz presente hoje. Ele também mostrou a importância do povo negro ver-se sujeito da história, contra a visão que é contada de que rebeliões como a dos malês seriam ações de estrangeiros. Sua visão crítica de como a esquerda toma a questão negra de forma pontual e não profunda, cotidiana e estratégica, marcou também várias intervenções feitas depois no plenário.

Letícia expôs a situação na USP, sua prisão e dos outros 72 companheiros como parte de um projeto de universidade sendo imposto que passa pela demissão inconstitucional do dirigente sindical Brandão, pelos processos administrativos a dezenas de estudantes e a praticamente toda a direção do SINTUSP. Processo este que visa sua maior elitização e continuidade do racismo na USP. Letícia também pontuou diversos aspectos do desenvolvimento da luta na USP e como se trata da formação de milhares de estudantes para colocarem em alto e bom som, lutando para que esta posição seja a de maioria, que questiona não só suas condições na USP mas a repressão dos trabalhadores e do povo negro no país. Expôs como é necessário lutar pela retirada da polícia da USP mas também dos bairros, morros e favelas, opor-se às UPPs. E como a realidade atual da crise capitalista exige que este pequeno exemplo se massifique, como é necessário construir uma corrente que nas universidades seja tribuna de todo o povo. E como isto passa hoje pela defesa da retirada dos inquéritos aos 73 presos, pois a repressão a estudantes é funcional para que continuem e aumentem a repressão a trabalhadores, aos sem-terra, sem-teto.

Após estas intervenções iniciais se seguiram diversas intervenções sobre a USP, sobre como ela é um contraponto ao clima reinante no IFCS mas também em todo o Rio de Janeiro, sobre as UPPs e toda repressão cotidiana a que estão submetidos os trabalhadores e pobres no Rio e em todo o país. Após novas intervenções da mesa o debate começou a centrar-se em estratégias para a revolução, sobre o papel do Estado e da polícia, da questão negra na revolução em um vivo debate que marcou todos da necessidade que este primeiro passo na UFRJ seja um passo de uma caminhada profunda a ser dada, debater e agir nas universidades para formar um grande ala do movimento estudantil que seja tribuna do povo, o que exige antes de mais nada no Rio de Janeiro sua feroz crítica à polícia nas universidades mas antes de mais nada nos morros e favelas. A voz dos estudantes pode ser um passo a quem não tem voz ou está sendo silenciado pela polícia, pela mídia, pelo Estado e sua “justiça” nos morros e em diversas lutas dos trabalhadores e do povo no país.

Os estudantes no Brasil já souberam dar voz a centenas de milhares durante a ditadura levantado sua consigna de “abaixo a ditadura” é nesta perspectiva histórica e estratégica que desde a Juventude às Ruas organizamos este debate e queremos dar passos concretos para formar uma corrente como esta, que seja tribuna do povo, e contribua já, para colocar de pé uma grande campanha pela retirada dos processos aos 73 presos da USP e de solidariedade ativa a todos lutadores em nosso país.

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