Quinta 16 de Maio de 2024

Nacional

Contra os ataques do governo apoiados pela CUT e o PCdoB

É preciso preparar um verdadeiro plano de luta com uma pauta de reivindicações unificada

23 Oct 2007   |   comentários

O governo de Lula e do PT se mostra a cada dia como continuidade do governo neoliberal de FHC. Os números não enganam. O economista Marcio Pochmann demonstra que apenas 5.000 famílias ricas ’ 0,01% do total de famílias do país, com renda superior a R$ 10.982,00 ’ se apoderam de 46% do PIB (Produto Interno Bruto) do país, o equivalente a R$ 691 bilhões [1].

O seu livro deixa claro que “o aumento da população rica ampliou a desigualdade no país” e os ricos aumentaram de 20% para 33% a sua parte na renda nacional. Essa minoria representa apenas 2,4% da população, e mesmo não declarando todas as suas fontes de renda, os estudos mostram que tem renda mensal de R$ 22.487,00, enquanto o rendimento médio do trabalhador (cerca de 90 milhões de pessoas) é de R$ 873,00 (dados de 2006). Apesar de ser parte do governo Lula, o economista Pochmann declara que “os números revelam não ser exatamente verdade que o governo Lula faz uma opção só pelos pobres” .

No governo de Lula e do PT, com o apoio do PCdoB e da CUT, os ricos ficam cada vez mais ricos e os trabalhadores cada vez mais pobres, e os pobres rezam para obter as esmolas dos planos assistencialistas. Por exemplo, os R$ 80 bilhões distribuídos por esses planos (e por itens da Previdência) para 30 milhões de pessoas correspondem apenas à metade do que o governo paga como juros da dívida. União, estados e municípios gastaram com juros de dívidas mais de R$ 103 bilhões, apenas entre janeiro e agosto deste ano, correspondente a 6,29% do PIB. Enquanto isso, a educação e a saúde vivem um caos, os capitalistas exigem mais cortes de verbas, e o governo Lula declara que a educação é a “menina dos olhos” , mas reserva apenas R$ 12,7 bilhões para 2008.

Mais lucros para os capitalistas:
privatizações e reformas contra os trabalhadores e o povo pobre

Com o Plano Nacional de Desestatização (PND), iniciado no governo FHC, Lula avança nas privatizações, entregando nos últimos dias sete trechos de rodovias federais que cobrarão pedágios para garantir os lucros dos grandes bancos e empresas, tendo a espanhola OHL abocanhado as mais rentáveis. Lula também prepara a entrega ao capital privado dos aeroportos, setores de energia, petroquímica e gás, e ameaça devastar a Amazónia em benefício dos capitalistas nacionais e estrangeiros.

Contra os trabalhadores, prepara diretamente a reforma da previdência, para aumentar os anos de contribuição e trabalho, dificultando a aposentadoria e diminuindo os valores dos benefícios e direitos como auxílio doença. Ao mesmo tempo prepara novas medidas da reforma trabalhista, depois de haver aprovado (com os votos até do PSOL) o Supersimples. Os sindicalistas da CUT, da Força Sindical, junto com os ministros e parlamentares estão preparando um projeto de lei para “regulamentar” as greves, ou seja, criar todo tipo de empecilhos e repressão ao direito de greve. Querem avançar ainda mais no caráter antioperário da lei trabalhista, pois já não lhes basta a precarização e terceirização que aumenta a exploração dos trabalhadores e divide a classe em trabalhadores de primeira e de segunda.

Governistas da CUT e direções conciliadoras devem ser superadas

Diante desses ataques aos trabalhadores e ao povo pobre, as direções governistas da CUT e da Força Sindical atuam apoiando o governo e impedindo a mobilização das massas, bloqueando por todos os meios uma ação unificada dos trabalhadores. O sindicato dos metalúrgicos de São Paulo, da Força Sindical, realiza mobilizações controladas exigindo a “regulamentação” da terceirização, isto é, não lutam contra a terceirização, apenas querem que os patrões mantenham os terceirizados como base sindical, pagando imposto sindical para esse sindicato. A CUT disfarça seu governismo e peleguismo participando do plebiscito pela reestatização da Vale, mas apóiam as privatizações das rodovias federais feitas por Lula. O PCdoB, que definiu fundar uma nova central sindical, segue apoiando o governo Lula, as privatizações, as reformas e, como vimos ultimamente, esteve na linha de frente para defender o corrupto Renan Calheiros. A direção do MST, diante das privatizações e ataques de Lula, nada tem feito para mobilizar e propor a unidade com os setores combativos para enfrentar o governo. Essas direções desenvolvem um sindicalismo corporativista, dividindo os trabalhadores em categorias, terceirizados e precarizados. Um sindicalismo disciplinado pela legislação sindical herdada do governo Vargas, que atua em base a calendários que renegam a luta de classes e por reivindicações que não afetam os lucros da patronal, pedindo aumentos miseráveis acima da inflação, enquanto a patronal continua superexplorando.

Contra essas direções colaboracionistas, se inicia um processo de recomposição operária antiburocrática, que não apenas se expressa nos sindicatos opositores dirigidos pela esquerda (que rompeu com a CUT e se agrupa na Conlutas e na Intersindical), mas por fora, em setores combativos de vanguarda. É o que vimos na greve dos metroviários e mais recentemente nas combativas assembléias dos trabalhadores mais explorados dos Correios, em São Paulo, onde os dirigentes pelegos do PT e do PCdoB tiveram que convocar bate-paus e até sair escoltados pela polícia, única forma de tentar se livrar da bronca e combatividade desses trabalhadores.

Conlutas e Intersindical: colocar de pé um encontro combativo e preparar um verdadeiro plano de lutas

Diante desse panorama, os sindicatos da Conlutas e da Intersindical, e as organizações políticas que participam dessas entidades, temos uma grande responsabilidade em nossas mãos: ajudar esta vanguarda operária antiburocrática em seu processo de reorganização, para superar os pelegos e recuperar os sindicatos ou criar novas organizações combativas de base, recuperando a tradição da luta operária dos anos 70 e 80.

Para isso deve-se romper definitivamente e superar o modo petista de militar (herdado da CUT e do PT), que restringe a ação direta e a energia dos trabalhadores na camisa-de-força das datas-base, dos calendários de luta fechados um ano antes, passando por fora das reais necessidades da luta de classes. Por exemplo, esta marcha foi definida há meses, sem sequer se ligar a um plano global que incluísse aproveitar as mobilizações das campanhas salariais do segundo semestre, para envolver grandes forças dos trabalhadores, como os Correios, Metalúrgicos, Bancários, Petroleiros etc. É necessário romper com este petismo de marchas e atos sem ligação com planos e ações preparadas, tornando-se meros chamados de atenção que incluem até setores que depois vão continuar apoiando o governo. Deve-se enfrentar o governo e as correntes que o apóiam. O que realmente precisamos é de um verdadeiro plano de luta para impor uma pauta unificada com ações combativas coordenadas.

A classe operária necessita seu próprio partido

Para que a classe trabalhadora possa reverter a seu favor a balança da relação de forças e impor uma saída alternativa progressista contra a entrega nacional, a desigualdade social e a decadência sem fim, é necessário construir uma ferramenta política dos trabalhadores. Torna-se evidente que a luta reivindicativa, ainda que necessária para manter ou obter conquistas, é completamente insuficiente para resolver os graves problemas da classe operária e do povo trabalhador, enfrentando a dominação capitalista e seus partidos corruptos e exploradores.

O PT que surgiu como uma ferramenta independente dos empresários, hoje se tornou um instrumento a seu serviço. O PSOL que se autodenomina uma “superação” do PT, já nasce como um partido que vota leis contra os trabalhadores (super simples) e, na figura de sua presidente Heloisa Helena alinha-se com os setores mais reacionários da igreja e da burguesia contra a descriminalização do aborto.
Os 600 sindicatos da Conlutas e da Intersindical que se reuniram no dia 25 de março precisam abrir na base de seus sindicatos uma discusão sobre que ferramenta política os trabalhadores precisam para impor sua saída.

Não ao pagamento da dívida externa
Verbas para saúde, educação e moradia

Aumento geral de salários
Salário mínimo do Dieese

Abaixo a precarização e terceirização
Efetivação de todos os precarizados e terceirizados. Salários e direitos iguais

Não às reformas previdenciária, sindical e trabalhista
Que o governo, a patronal e a justiça tirem as mãos das organizações sindicais
Aposentadoria por tempo de serviço (máximo 35 anos);
regimes especiais para mulheres e serviços insalubres.

Reforma agrária radical contra o latifúndio.
Terra para os sem-terra.

Contra as demissões e o fechamento de empresas.
Ocupar e produzir sob controle dos trabalhadores para garantir emprego e salários.

Fora a burocracia governista dos sindicatos e organizações populares.
Solidariedade e apoio ativo às lutas e à reorganização dos trabalhadores contra a burocracia.

Os trabalhadores combativos reunidos na marcha do dia 24 devem organizar uma Assembléia da Conlutas e da Intersindical para discutir a continuidade da luta e preparar a convocação de um Encontro Nacional Combativo e Antiburocrático que discuta e aprove um plano de luta e um programa unificado contra os ataques de Lula e da patronal que são apoiados pelos sindicalistas governistas da CUT e da Força Sindical.

[1Marcio Pochmann. “Atlas da Exclusão Social no Brasil ’ Volume 3 ’ Os ricos no Brasil” . Editora Cortez.

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