Sexta 26 de Abril de 2024

Nacional

É necessário forjar uma saída classista para a crise

20 Mar 2004   |   comentários

A interrupção na queda da taxa de juros desde janeiro - o aperto do já apertado ajuste monetário [1]- tende retrair a atividade económica e com isso piorar a situação de desemprego. Mas o governo abaixar a taxa de juros, como reivindicam diversos setores da burguesia e inclusive as direções da CUT, do MST e da UNE em nada contribui para resolver os agudos problemas que hoje fazem sofrer a juventude e a classe trabalhadora. Ao longo de 2003 houve uma redução de 10% dos juros e a situação do desemprego e do salário só piorou. Isso porque os capitalistas tratam de usar todas as brechas possíveis para aumentar seus lucros. A alta dos preços dos produtos que satisfazem as necessidades básicas da população (e que os índices oficiais tentam esconder a todo custo) aumenta a carestia de vida do trabalhador através de uma desvalorização real dos salários que vai para o bolso dos capitalistas. Quer dizer: se o governo aumenta a taxa de juros, a recessão económica aumenta e o desemprego aumenta; se o governo abaixa a taxa de juros, a inflação aumenta e o salário diminui. Mesmo com todo o dinheiro que tem sido pago em juros e amortizações de dívidas nos últimos anos, o montante total da dívida pública do país só aumenta, deixando claro os objetivos deste mecanismo que é somente enriquecer os bolsos do capital financeiro internacional.

Cada dia fica mais claro que a burguesia não pode dar nenhuma saída para esta crise que não seja descarregando-a sobre as costas dos trabalhadores. A única saída possível é lutar contra o lucro dos patrões e dos capitalistas internacionais e contra esse governo que os protege.

Para isso, é necessário unificar todos aqueles que hoje sofrem com as botas-de-ferro da patronal e do governo. A principal reivindicação que permite assentar as bases desta unificação é a luta por emprego e salário genuíno para todos, dividindo todas as horas de trabalho disponíveis entre todas as mãos em busca de salário; e a luta por um seguro desemprego por tempo indeterminado e sem nenhuma pré-condição até que todos sejam incorporados à produção. Mas essa luta está claro que significa também uma luta contra todas aquelas direções do movimento sindical e popular que impedem a unificação dos de baixo dividindo os empregados e os desempregados..., os trabalhadores desta ou daquela categoria... etc. Somado a isso é necessário lutar pela expulsão do imperialismo e seu principal representante aqui no Brasil - o FMI - e pelo não pagamento das dívidas que transferem o sangue e o suor dos trabalhadores brasileiros para o capital financeiro internacional.

Os operários (as) da Flakepet (ver matérias neste jornal) hoje mostram que é necessário e possível romper com as velhas tradições e criar novas tradições de luta e novas direções políticas. Está em nossas mãos aprender com a experiência deles para que essa luta seja o pontapé inicial de uma nova fase para a classe trabalhadora e a juventude explorada e oprimida do país.

[1Ajuste monetário é o nome dado à política de manutenção de altas taxas de juros. O mecanismo é o seguinte: a manutenção de altas taxas de juros estimula a especulação financeira, que se torna mais rentável para o capital que investir na produção; desta forma, restringe-se tanto o crédito para as empresas quanto o crédito para os consumidores, causando uma restrição da demanda, que por sua vez puxa para baixo os preços das mercadorias.

Artigos relacionados: Nacional









  • Não há comentários para este artigo