Palavra Operária

Mauá é uma cidade da região metropolitana de São Paulo, majoritariamente proletária, divida politicamente entre dois “coronéis”, a família Damo que conta com a Deputada Estadual do PMDB, Vanessa Damo e seu pai Leonel Damo, que já foi prefeito da cidade inúmeras vezes, e que na ultima década vem se alternando no poder com Osvaldo Dias e Marcio Chaves do PT na prefeitura. Eles são conhecidos na cidade como “os donos de Mauá”. De população esmagadoramente composta por negros e trabalhadores, que em geral trabalham em outras cidades da região metropolitana, Mauá foi mais um palco de mais uma tragédia promovida pelo capitalismo, com um total de 1200 afetados diretamente. Até agora foram contabilizadas seis mortes em decorrência das chuvas e 500 desabrigados principalmente no Jardim Zaíra, porém a catástrofe se estendeu também aos bairros de Rosina, Oratório e Jardim Ipê na periferia da cidade.

Todo começo de ano, casas são derrubadas, soterradas, destruídas e, por consequência da negligência e descaso dos governantes capitalistas, são novamente reerguidas para dar reinício ao drama de milhares de famílias. A tragédia de Mauá se insere num contexto nacional mais amplo. Ano após ano as chuvas massacram as populações mais pobres como ocorreu, em Santa Catarina no inicio do ano passado, no Rio de Janeiro com milhares de mortos e desaparecidos no início desse ano, Minas Gerais e São Paulo. Fica evidente o drama das famílias trabalhadoras que se vêm obrigadas pela especulação imobiliária nas regiões centrais, a ocupar áreas de risco como encostas, várzeas e áreas de proteção de mananciais, áreas cada vez mais distantes dos centros comerciais, onde não existe infra-estrutura como transporte público e saneamento básico. No caso da tragédia no Jardim Zaíra esse fato torna-se claro, onde não existe nenhum tipo de assistência, ocorrem cotidianamente desabamentos e em meio a dezenas de casa soterradas só é possível visualizar os relógios da AES Eletropaulo.

Frente à tragédia a prefeitura petista de Mauá deu até agora como alternativa uma bolsa aluguel de R$300,00 que seria dada às famílias que aceitassem desocupar suas casas. O problema é que esses moradores são condenados a perder tudo que construíram durante toda sua vidas em troca de um auxilio de 300 reais por um período de 6 meses! Outra “solução” encontrada pela prefeitura foi utilizar a escola municipal do bairro para receber os desabrigados – pois conseguir alugar uma casa para uma família por 300 reais não é uma das tarefas mais simples – porém as aulas também estão retornando e os desabrigados foram conduzidos da escola para uma “tenda” completamente insalubre! Os moradores que se recusam a aceitar essa “assistência” têm sido assediados pelo conselho tutelar que cotidianamente ameaça a tomar a guarda das crianças das famílias que continuam em suas casas nas áreas de risco.

Essa situação vivida pelos moradores do Jardim Zaira em Mauá mais uma vez deixa muito claro qual a preocupação do poder público e seus comandantes, todos os anos nesse período no Brasil é sabido que o nível de chuvas aumenta, época inclusive muito importante para suprir os reservatórios de agua potável, é tão previsto esse nível de chuvas quanto necessário! Não há mais como aceitar a desculpa dos governantes de que choveu acima do previsto, pois todo ano chove, e sempre mais do que o previsto. O que impressiona é que chove para todos, ricos, pobres, brancos e negros, porém sempre que vemos tragédias como essa que aconteceu e vem acontecendo em Mauá, a população pobre e negra é a que mais sofre. Não podemos mais aceitar essa demagogia de que o Brasil esta entrando em uma nova fase de crescimento, se destacando como referência internacional enquanto a população pobre e negra continuar morrendo nas periferias e áreas de risco! Porém os moradores do Jardim Zaira por não suportar mais essa situação estão procurando se organizar de forma independente, tanto da prefeitura petista quanto do governo tucano , para reivindicar seus direitos básicos e moradia digna para suas famílias!

Todo apoio aos moradores do Jardim Zaira e sua organização!

Contra a demagogia do estado burguês!

Por moradias dignas para toda a população pobre!

Indenização a todos os desabrigados!

Confisco de todos os imóveis vagos, para que todos os desabrigados tenham uma moradia digna!

Por um plano de obras publicas controlado pelos sindicatos e organizações de moradores que resolva o déficit habitacional!

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