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Declaração da Diretoria do Sintusp sobre o Motim dos Bombeiros-RJ

17 Jun 2011   |   comentários

Declaração da Diretoria do Sintusp sobre o Motim dos Bombeiros-RJ

O motim recente dos bombeiros no Rio de Janeiro não tem nenhuma reivindicação que possa ir contra o aparato repressivo do Estado ou desvinculação do mesmo, o que significa que não podemos acreditar em uma possível “fratura” na estrutura militar existente. Reivindicam um piso salarial nacional (PEC 300) para todos os policiais militares, exigindo “anistia já” das punições militares que podem responder pelo motim no quartel. Ao contrário de reivindicarem a desmilitarização das funções de bombeiros, querem se equiparar ainda mais à “polícia de rua”. No RJ em particular, querem ser desvinculados da Secretaria de Saúde e passar a Secretaria de Segurança Pública, para serem “iguais” aos PM’s.

Mas na consciência comum a mobilização dos bombeiros do RJ se dá em torno de “questões trabalhistas elementares” para defender aqueles que supostamente exercem suas funções apenas em “defesa da vida”. Porém, na verdade, os bombeiros no Brasil fazem parte da mesma corporação da Polícia Militar e são agentes diretos do Estado Capitalista. Exercem, portanto, em suas “atividades profissionais”, a defesa da propriedade privada e dos interesses da burguesia. Por isso, não podem ser considerados como “trabalhadores”.

Os bombeiros constituem uma força de reserva altamente especializada da Polícia Militar e só não são utilizados cotidianamente na repressão aos conflitos sociais, nas greves operárias e nos conflitos do campo e da cidade, pois nos tempos de hoje não são necessários. O que acaba prevalecendo é a falsa idéia de que os bombeiros cumprem o papel de “salvaguardar as vidas”, enquanto a polícia “comum” mata.

Porém, essa é uma falsa concepção. Os bombeiros foram agentes fundamentais na repressão aos ativistas políticos, artistas e personalidades que lutaram contra a Ditadura Militar. Com táticas de espionagem e sabotagem, etc; contribuíram intensamente para salvaguardar, isso sim, o Golpe Militar. Mesmo hoje, nos conflitos sociais em especial, mas também contra as greves operárias e de terceirizados como em Jirau, atuam com seus “jatos d’agua” para impedir a explosão social dos mais explorados.

Acreditamos que em momentos de grande polarização social, com crises pré-revolucionárias abertas, devemos incidir com comitês de operários e camponeses armados, sob a base do Exército (Forças Armadas, Marinha e Aeronáutica), para convencer setores a desertarem da luta anti-operária que imprime a hierarquia militar, e se juntarem a luta democrática radical da maioria explorada e oprimida.

Repudiamos o governo racista de Sérgio Cabral, mas não podemos compartilhar da equivocada política defendida pela nossa Central Sindical e Popular Conlutas, que acredita que apoiando essas demandas, podem incidir na base da polícia e assim enfraquecer a hierarquia militar. Ao apoiarem demandas que tem por objetivo moralizar o aparato repressor do Estado burguês, agem na verdade contra uma política verdadeiramente classista e independente.

Com isso, em base a essa discussão, defendemos:

Não ao apoio ao motim dos Bombeiros PMs do RJ
Desmilitarização do Corpo de Bombeiros
Pela dissolução de toda a corporação da Polícia Militar

São Paulo, 17 de junho de 2011
Diretoria Colegiada Plena do Sindicato de Trabalhadores da Universidade de São Paulo.

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