Segunda 29 de Abril de 2024

Juventude

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Das salas de aulas para as barricadas: Viva a luta da juventude chilena!

31 Aug 2011   |   comentários

A luta dos estudantes chilenos, há mais de três meses em greve, significa muito para todos e todas que hoje lutam por educação pública, gratuita e de qualidade. Em primeiro lugar a luta dos estudantes chilenos vem para remarcar algo que deve ser um princípio, ou seja, que a luta dos estudantes e trabalhadores da educação por melhores condições de ensino e de vida sempre deve se chocar com o regime imposto pelos governos capitalistas. Pois, seja no Chile, no Brasil ou em qualquer outro país do mundo, a privatização do ensino e a precarização das condições de trabalho marcam o ensino e a vida dos estudantes e dos trabalhadores da educação dos anos noventa até hoje. Porém, longe de se encerrar nessa conclusão, a luta dos estudantes chilenos nos oferece uma oportunidade única quando se trata de se solidarizar com nossos irmãos de luta, em qualquer lugar do mundo, pois uma vitória deles será sempre também uma vitória nossa. Ainda mais, uma oportunidade única para pensar quais passos temos de dar em nossa própria luta já que, por se tratar de um conflito que se massificou e que se transformou em uma grande crise política para o direitista presidente Piñera, os estudantes nos apresentam exemplos importantíssimos.

A JUVENTUDE QUE NÃO ACEITA O FUTURO SEM PERSPECTIVAS. “Os individados”, é assim que se auto-denominam muitos jovens chilenos. Isso porque o regime chileno é marcado por uma herança ingrata dos tempos do regime militar... a privatização profunda de todo o sistema de ensino. Mesmo as escolas e universidades “públicas” cobram mensalidades e muitos estudantes para cursar cinco anos adquirem dívidas por mais quinze outros anos. Longe de ser uma casualidade, na verdade isso expressa o próprio conteúdo do regime democrático degradado chileno. O fim da sangrenta ditadura de Pinochet significou um avanço apenas nas demandas formais de democracia, ou seja, os trabalhadores e o povo desde então podem votar, porém continuam não tendo acesso a direitos elementares como educação gratuita e com qualidade. Além de os jovens viverem obrigados a conviver constantemente açoitados pela violenta polícia (qualquer semelhança com o Brasil não é mera coincidência), que matou covardemente Manuel Gutierrez, de 14 anos, por se mobilizar junto a outros estudantes no dia 25 de agosto.
Por isso a luta da juventude chilena gerou uma grande crise nacional, conquistando a aprovação de cerca de 80% da população e colocando em xeque o presidente Piñera com apenas 26% de aprovação. Mais do que isso, essa luta coloca em xeque o próprio regime chileno. Pinochet prendeu, matou e torturou muitos para que capitalistas lucrassem alto com a miséria do povo e da juventude, depois a ditadura acabou, mas a miséria continuou e se aprofundou. Porém, hoje lutando contra a privatização do ensino e, por conseguinte, contra os altos lucros da burguesia chilena e imperialista nesse ramo, a juventude e os trabalhadores indicam que uma democracia onde todos possam satisfazer suas necessidades com educação, lazer, sem repressão e violência policial, nenhum governo burguês pode oferecer, tome esse a forma de ditadura ou de democracia.

A ALIANÇA ENTRE OS ESTUDANTES E OS TRABALHADORES É UM EXEMPLO QUE TODOS DEVEMOS SEGUIR. O último 25 de agosto ficou marcado como uma grande jornada de lutas que reuniu cerca de 600.000 pessoas em todo o país. Só em Santiago (capital) foram mais de 400.000 estudantes e trabalhadores nas ruas. Essa grande jornada não se deu por acaso, senão que foi fruto de um contágio generalizado nacionalmente pela combatividade dos estudantes, que tomaram os colégios secundaristas e as universidades em ocupações que paralizam o sistema de ensino chileno há mais de três meses.
Estudantes, professores, pais e mães, funcionários das escolas e por essa via o funcionalismo público, inclusive de setores que não faziam greves ou paralizações há muitos anos, e trabalhadores de empresas privadas que não pararam devido à política captuladora de suas direções, mas com raiva por não pararem e mantendo o apoio à luta. Esse é um exemplo que devemos seguir, os estudantes universitários, secundaristas e professores devemos nos juntar. Os estudantes e professores não devemos nos dividir como se fossemos inimigos. Nesse sentido devemos em todas as escolas discutir não só as demandas dos professores, senão que também o que acham os estudantes, que sofrem com péssimas condições de ensino, transportes caro e um filtro social chamado vestibular que tira da maioria dos filhos de trabalhadores e da juventude pobre o direito a estudar em uma universidade gratuita. O Chile vem mostrando que dessa maneira poderíamos conquistar melhores salários, mas muito mais que isso, ir à raiz dos problemas, ou seja, o alto lucro que os governos garantem aos capitalistas com a privatização e a precarização do ensino e das condições de trabalho e vida dos trabalhadores da educação.

A EDUCAÇÃO COMO UMA DEMANDA DO CONJUNTO DOS TRABALHADORES E DO POVO POBRE. Por fim, o mais importante é que a juventude chilena vem mostrando que educação pública, gratuita e com qualidade é uma demanda de todo o povo trabalhador e pobre. O brutal apoio social à luta da juventude no Chile é o fator determinante para que essa tenha tomado a importância que tem hoje, nacional e internacionalmente. O fato da luta não se restringir aos que hoje estudam ou trabalham nas escolas é de fundamental importância para entendermos como essa luta vem comovendo e mobilizando todo o povo chileno e golpeando o governo direitista chileno. Mas, é preciso dizer que isso não se deu de maneira casual. Basta uma rápida procura na Internet e podemos achar diversos vídeos nos quais criativamente a juventude chama o povo e os trabalhadores a lutar ao seu lado. Essa postura política fundamental pela qual a juventude incendiou o país é mais um dos exemplos que devemos seguir. Romper com o corporativismo muito freqüente em nossas lutas, onde muitas vezes caímos no erro de lutarmos somente por melhores salários, sem relacionar e levantar as demandas da juventude e do povo lado a lado com nossas e buscar coordenar as lutas nacionalmente, agrupando todos os setores em greve, lutando pelo fim do vestibular e pela estatização das universidades privadas para que todos os que hoje estudam em universidades particulares ou os que sequer podem estudar, pois não possuem dinheiro para pagar, são tarefas fundamentais.
Por isso que nós, militantes do BLOCO ANEL ÀS RUAS e/ou militantes da LER-QI levantamos a proposta no I Congresso da ANEL - que ocorreu ao mesmo tempo em que professores e estudantes de mais de 15 estados se mantinham em greve – e fizemos um chamado à CSP CONLUTAS para que desde o SEPE-RJ, dirigido pela CSP CONLUTAS, organizássemos um encontro de professores e estudantes com delegados votados em assembléias em seus locais de trabalho para unificar e coordenar essas lutas nacionalmente. A direção majoritária da CSP CONLUTAS e da ANEL (PSTU) foi contra essa proposta e, em nossa opinião, esse foi um erro importante pelo qual uma grande oportunidade foi perdida. Portanto, devemos olhar para o Chile e tirar mais essa lição. A juventude chilena convencida politicamente em expandir a sua luta nacionalmente transforma o conflito pela educação pública, gratuita e de qualidade em um grande confronto junto dos trabalhadores e do povo, ameaça o governo e o regime direitista de Piñera e, por isso, adquire tamanha importância na luta de classes.
Em todo o país devemos organizar atos em solidariedade à luta da juventude chilena. Nós que fazemos parte da ANEL – assim como principalmente sua direção composta majoritariamente pelo PSTU - temos a responsabilidade de organizar esses atos como parte de uma grande campanha SOMOS TODOS MANUEL GUTIERREZ, contra a repressão, o regime de Piñera/Concertacion e por educação pública, gratuita e com qualidade.

VIVA A LUTA DOS ESTUDANTES E TRABALHADORES DO CHILE!

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