Sábado 4 de Maio de 2024

Movimento Operário

CENTRAL SINDICAL E POPULAR - CONLUTAS

Construir uma Central para fazer a diferença na luta de classes.

12 Aug 2010   |   comentários

Ocorreu nos dias 23, 24 e 25 de julho no Rio de Janeiro, a primeira reunião da Coordenação Nacional da CSP-Conlutas, até então o resultado final da fracassada tentativa de fusão entre Conlutas e Intersindical ocorrida no Conclat de junho deste ano [1]. Com os mesmos sindicatos, oposições sindicais e movimentos populares que já compunham a Conlutas, além do MTL que rompeu no Congresso de 2008 e agora voltou sem nenhum balanço, a reunião teve como tema central a discussão que acarretou na explosão do Conclat e relegou a um segundo lugar de importância o plano de ação para o segundo semestre.

Os motivos principais da polêmica entre PSTU e PSOL, alas majoritárias do Conclat, passam a quilômetros das reais necessidades dos trabalhadores e de costas para a luta de classes. Apesar de não surpreender, infelizmente a velha discussão sobre o nome da nova central teve novamente grande destaque no RJ, agora sob a luz da verdadeira razão (antes implícita) que motivou o rompimento da Intersindical, Unidos e MAS; a disputa pelo controle da direção.

Após a ruptura, soltaram um documento que exige, para recompor, 40% de representação na secretaria executiva, funcionamento da nova central em bases consensuais, não votação de princípios e aprovação por 2/3 das propostas que tiverem esgotadas as possibilidades de consenso.

Para a ala majoritária da Secretaria Executiva Nacional (PSTU) o Conclat era um congresso vitorioso até a explosão que se deu por conta do nome e que tinha como pano de fundo o peso de cada um no aparato. Reivindicam ainda a “sensibilidade” que tiveram em aceitar a participação dos estudantes e movimentos populares como ouvintes no Conclat, além de tantos outros pontos programáticos que aceitaram rebaixar para selar um acordo com a Intersindical e, por fim, sinalizam que a resolução do novo nome expressa “vontade política” em recompor: CSP-Conlutas (Central Sindical e Popular)

Para nós, foi exatamente a falta de discussão programática e um programa de ação baseado na luta de classes que cobrou um alto preço pelo acordo oportunista feito pela Conlutas e Intersindical no Conclat, e que tem sua maior conseqüência na falta de uma estratégia classista para um importante setor da vanguarda dos trabalhadores no próximo período.

Jornada de mobilização com os métodos de luta da nossa classe ou um dia a mais para constar no calendário da esquerda?

Não foram poucos os informes das categorias que tiveram o direito de greve cassado pelos governos estaduais, por Lula e pelos patrões, em especial no funcionalismo público. As perseguições às lideranças sindicais em todo país, aos sindicatos, demissões, prisões e mortes no campo seguem a ritmo “nunca antes visto” no Brasil de Lula que, autorizado pelo alto índice de popularidade, reprime, derrota e isola os setores que lutam.

Como principal iniciativa para enfrentar esses ataques, foi votado “Garantir o dia 10 de agosto como um dia nacional de ações e mobilizações que têm o objetivo de demarcar o início de uma jornada nacional para o segundo semestre de 2010”, com eixo em: “Aumento real dos salários, redução da Jornada de trabalho para 36h sem redução de direitos, em defesa dos serviços públicos e direitos sociais da população, a Luta contra a criminalização e a violência policial aos movimentos sociais, Pela derrubada do veto de Lula ao fim do fator previdenciário, pelo direito de greve, por terra, trabalho e moradia.

Para demarcar realmente uma jornada nacional como se propõe agora a nova central, não pode ser eixo apenas “um dia nacional” com palavras de ordem em geral corretas, mas sem nenhuma hierarquia entre elas e sem levantar questões concretas.

Em São Paulo a Conlutas (agora Central Sindical e Popular Conlutas) deveria ter impulsionado uma luta unificada do funcionalismo público quando das greves da USP, judiciários estaduais e federais e Sabesp, além da mobilização no Metrô que poderia ter ganhado fôlego por via de um chamado real unificado, mas novamente perdeu uma grande oportunidade. Em contrapartida o dia 10 foi marcado por uma tímida panfletagem no centro de São Paulo, seguido de um debate contra a criminalização dos movimentos sociais que não aprovou nada de concreto para impedir que os governos e os patrões continuem atacando a vanguarda que luta. No Rio de Janeiro o “dia de luta” se limitou a palestras ministradas pela Adufrj e Aduff.

Ao contrário de ações simbólicas, é fundamental lutar contra a precarização e terceirização dos postos de trabalho, a fim de romper o corporativismo que se propaga nos sindicatos dirigidos inclusive pela esquerda. Resgatar no concreto a necessidade de unificação das fileiras operárias impulsionando uma campanha por igual salário para igual trabalho e efetivação dos terceirizados sem concurso público. Somente juntos, rompendo as divisões impostas pelos governos, patrões e burocracia sindical, poderemos lutar pelo salário mínimo do Dieese (R$ 2.011,03 em julho/2010), como piso para uma família, e não a consigna abstrata de “aumento real.”

Abrimos o debate sobre a necessidade de impulsionar um verdadeiro plano de ação que tenha como estratégia principal resgatar os métodos de luta da classe trabalhadora, com greves, ocupações, piquetes, atos e marchas de rua como vem sendo prática do Sintusp nos últimos anos.

O que irá determinar a serviço do que está a CSP-Conlutas é a sua prática política e sob qual estratégia atua. A experiência até aqui da Conlutas, para além dos balanços “exitistas e possibilistas” propagandeado pela direção majoritária, foi insuficiente para fazer triunfar as principais lutas que dirigiu e forjar uma nova camada de trabalhadores de vanguarda com uma estratégia revolucionária capaz de fazer a diferença na luta de classes.

[1Para ler o balanço do Conclat visite www.ler-qi.org

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