Sábado 4 de Maio de 2024

Movimento Operário

BANCÁRIOS

Combater o modelo de lucros astronômicos baseados no assédio moral e na precarização do trabalho

29 Apr 2012   |   comentários

A LER-QI participa desse Congresso a partir do processo de construção de uma agrupação com uma maioria de trabalhadores independentes, de diversas trajetórias políticas, unificados a partir da experiência de atuação na greve dos bancários de 2011.

Nossa experiência comum começou a partir da Agência Sete de Abril (CEF). O primeiro passo foi a construção de um piquete combativo, partindo do nosso próprio local de trabalho. Com as pequenas disputas territoriais para manter o piquete, vieram os primeiros sinais da mudança na correlação de forças com os gestores.
Fizemos do “Piquete da Sete” a base de nossa atuação, discutimos ali democraticamente entre todos os trabalhadores as faixas e panfletos que levamos aos atos e assembleias. Buscamos a todo tempo, na medida de nossas forças, ligar a luta dos efetivos à luta dos terceirizados, e nos lançamos a romper as barreiras do corporativismo criado pela classe patronal e o seu Estado para separar as diversas categorias.

Apoiando ativamente, nos atos e nas assembleias, a greve dos trabalhadores dos Correios, que acontecia ao mesmo tempo da nossa, sentimos na pele o desejo instintivo de unidade que é comum a todos os trabalhadores; e verificamos o papel consciente da burocracia sindical (CTB e CUT), que colocava seus “bate-paus” para tentar impedir essa unificação, assim como enterrou aquela greve com uma dura derrota (incluindo corte de salários e compensação de dias parados aos fins de semana). Não muito diferente do que fez a direção do Sindicato dos Bancários de SP (CUT/PT), que nos deixou semanas sem assembleia, e no final dividiu a categoria e buscou apoio nos gerentes enviados pela empresa para enterrar a nossa greve sem conquistas reais.

O papel da Conlutas e as tarefas do momento atual

A experiência da greve também nos faz bastante críticos da atuação do MNOB (ligado à atual maioria da CSP-Conlutas). Ainda que no combate ao governismo descarado e ao peleguismo mal disfarçado da direção petista do Sindicato, o MNOB seja um ponto de apoio indiscutível (assim como alguns setores da Intersindical e outros agrupamentos independentes), na prática a CSP-Conlutas, através do MNOB, não conseguiu constituir de fato uma direção alternativa para os trabalhadores.

Por um lado, nas assembleias, o MNOB em geral se adaptou ao regime pseudo-democrático em que o Sindicato faz dezenas de falas, e oferece uma ou duas à Oposição para fingir que há debate, enquanto aos trabalhadores reais, que deveriam ser os sujeitos das assembleias, sequer é dado espaço de fala.
Por outro lado, no cotidiano efetivo da greve, o MNOB não adotou uma política que permitisse concentrar forças em alguns (poucos) lugares de trabalho, a partir dos quais pudesse irradiar uma política democrática a partir da base – única forma real de fazer “tremer” o poder da burocracia.

O MNOB atuou na greve com o eixo político de “O lucro dos bancos cresceu, agora eu quero o meu”, uma palavra de ordem globalmente equivocada, que colocava os trabalhadores a reboque dos lucros patronais, ao invés de combatê-los.

Ao mesmo tempo, além de não colocar suas forças para uma unificação efetiva pela base com os trabalhadores ecetistas em greve, o MNOB em nenhum momento levantou a defesa ativa dos direitos dos terceirizados. Do ponto de vista da tática, defendeu na prática a divisão da categoria bancária, com sua insistência nas “assembleias específicas” dos bancos públicos desde o início da greve, deixando inclusive a bandeira da “unidade” na boca da burocracia.
Por tudo isso, achamos que a CSP-Conlutas deve criticar essa atuação e adotar uma outra orientação estratégica e programática.

As bandeiras centrais que defendemos agora:

 Que as assembleias sejam a instância máxima, com amplo direito democrático para a expressão dos trabalhadores! Os delegados e representantes sindicais tem que ser eleitos e controlados pela base!

 Pela efetivação de todos os trabalhadores em condições precárias, com iguais direitos e salários! Direito de filiação sindical desses trabalhadores nos sindicatos das empresas em que realmente trabalham!

 No caso das empresas públicas como a Caixa, efetivação sem concurso público: a prova de sua capacidade está no seu próprio trabalho (os casos de “nepotismo”, muitas vezes usados como pretexto para não se lutar por essa bandeira, podem ser tranquilamente tratados à parte).

E frente ao novo “planejamento estratégico” da Caixa, dizemos:

 Abaixo a discriminação: fim da campanha para retirar os mais pobres das agências.

 Fim da superexploração: iguais salários e direitos para os trabalhadores das lotéricas e correspondentes bancários;

 Abaixo o assédio moral, fim das metas: a busca desenfreada por lucros exorbitantes corrói a saúde física e mental dos trabalhadores.

 Pela estatização de todo o sistema financeiro nacional, sob controle dos trabalhadores: a única maneira de cortar o mal pela raiz, e acabar com o discurso que se apoia na competição do mercado privado para impor condições cada vez piores de trabalho e de atendimento na Caixa, é unindo os trabalhadores dos bancos públicos e privados numa grande luta para estatizar o conjunto dos grandes bancos, sob controle democrático dos trabalhadores e da população.

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