Sexta 26 de Abril de 2024

Economia

Cinco formas de “ajuste” que os candidatos preparam para depois das eleições

07 Sep 2014   |   comentários

1) Inflação

Quando os candidatos e os empresários falam em reduzir os custos na indústria, aumentar a competitividade, isso pode ser feito por várias formas diferentes. Uma delas é a inflação, ou seja, a subida dos preços dos alimentos e outros produtos essenciais, como os remédios, aluguéis etc., numa ponta e, na outra, o não acompanhamento desse aumento por parte dos salários. Assim, os capitalistas preservam suas margens de lucro, pois aumentam suas receitas com a elevação dos preços de seus produtos, ao mesmo tempo em que mantém fixas uma de suas principais despesas, que é o salário. Ou seja, indiretamente, trata-se de uma forma de reduzir os salários. O fato de que já estamos sentindo no bolso que nossos salários compram menos produtos a cada mês, ao mesmo tempo em que as campanhas salariais ficam mais difíceis e os reajustes menores que nos últimos anos, mostra que essa forma de ataque já vem sendo implementada.

2) Aumento de tarifas

Todos os analistas econômicos e candidatos reconhecem que, para não adotar medidas impopulares que provocassem a perda de votos, os atuais governos veem segurando o aumento de várias tarifas de serviços essenciais (água, luz, esgoto, telefonia, transporte público). O mesmo vem sendo feito com os produtos que têm preços subsidiados e controlados pelo governo, como os combustíveis. Nenhum candidato diz, mas logo depois das eleições tudo isso vai aumentar. O próprio ministro da economia, Guido Mantega, já anunciou que haverão vários aumentos na conta de luz, com uma forma de fazer o povo pagar pela crise financeira das geradoras e distribuidoras de energia elétrica, que tiveram enormes lucros nos últimos anos e nada investiram.

3) Desemprego

O aumento do desemprego é uma realidade principalmente com as maiores demissões nos setores da indústria. No primeiro semestre desse ano em comparação ao mesmo período de 2013, o emprego na indústria caiu em 2,3%. Quando os candidatos dizem que vão controlar a inflação e aumentar a competitividades das empresas, escondem que vão fazer aumentando com mais desemprego. Menos trabalhadores para mais trabalho, pelo mesmo salário, para mais lucros! As demissões, como estamos vendo na indústria automotiva, também são formas de chantagem dos patrões para que o trabalhador aceite uma maior exploração com salários mais baixos, mais precarização e mais rotatividade no trabalho.

4) Corte de gastos sociais

“Responsabilidade fiscal”, “compromisso com as contas públicas” e o “superávit primário” (fiel pagamento do governo dos juros exorbitantes da dívida pública aos banqueiros internacionais) todos são nomes pomposos que estão presentes nos discursos de Marina, Dilma e Aécio. Essas não são medidas que cairão do céu. Elas implicam em cortes nos gastos sociais como saúde, educação, transporte e moradia para a população, com o aumento das privatizações dos serviços públicos, para que sobre mais dinheiro para pagar a dívida. Para que Marina, Aécio ou Dilma, cumpram suas metas de “superávit primário” entre 2 e 3% do PIB (de toda a riqueza produzida no país), precisarão do dinheiro que sairá do bolso dos trabalhadores.

5) Flexibilização dos direitos trabalhistas

Os lay offs, que são suspensões dos contratos de trabalho por cinco meses, período em que o trabalhador recebe apenas uma pare de seu salário custeado pelo Estado com nossos impostos, já estão sendo largamente implementados na indústria, em especial no setor automotivo. Quando falam para os trabalhadores, os candidatos dizem que não vão flexibilizar as leis trabalhistas. Mas, quando falam para os patões, esse é um de seus compromissos. Marina defende abertamente uma reforma neoliberal das leis trabalhistas. O PSDB é conhecido por suas políticas nesse sentido. E o PT, que apoia a implementação da flexibilização através de acordos entre sindicatos e empresários, esse ano elaborou, através do governo Dilma, um projeto de lei que estende as suspensões dos contratos de trabalho para até um ano e permite que todas as empresas possam utilizar esse recurso (até hoje apenas aquelas que acordaram com os sindicatos podem fazê-lo).

Por um programa operário para que a crise seja paga pelos capitalistas

1) Contra a paralisação da economia devemos defender um plano de obras públicas (moradias, obras de infraestrutura, entre outras) sobre controle dos trabalhadores e do povo pobre através de suas organizações, com sindicatos, associações de bairro, etc.

2) Pelo reajuste automático dos salários conforme a evolução dos índices de inflação (escala móvel). Comitês populares impulsionados pelos sindicatos que fiscalizem os preços dos produtos de forma independente dos governos e dos patrões e salário mínimo do DIEESE (hoje em R$ 2979,00). Efetivação de todos os terceirizados nas empresas em que prestam serviço com direitos e salários iguais aos efetivos.

3) Contra as demissões que virão escala móvel das horas de trabalho, ou seja, a redução e repartição da jornada de trabalho entre todos os aptos a trabalhar, sem redução no salário, e contra possíveis demissões em massa, estatizar sob controle operário a produção nas empresas que demitam. Não aos planos de Demissões (In) “Voluntárias”! Nenhuma flexibilização dos direitos trabalhistas!

4) Fim do aumento das tarifas dos serviços públicos essenciais (luz, água, transporte, etc) estatização sobre controle dos trabalhadores e usuários, para que essas empresas estejam a serviço da maioria da população e não do lucro de uns poucos empresários.

5) Não ao pagamento da dívida pública e impostos progressivos sobre os capitalistas para financiar os serviços e obras essenciais à população.

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