Segunda 29 de Abril de 2024

Movimento Operário

Balanço e perspectivas da luta contra a reforma sindical

15 Jun 2005   |   comentários

Precisamos aproveitar a crise no governo e no PT e o desgaste da imagem do Congresso em função dos escândalos de corrupção para fortalecer a luta contra a reforma sindical. O enfraquecimento do governo e as divisões dentro do PT são uma oportunidade para que possamos combater sua influência sobre as massas. Não podemos aceitar que os políticos que dia-a-dia roubam dinheiro do povo nos esquemas de corrupção envolvendo o governo e o Congresso ainda tenham a pachorra de votar uma lei que ataca os direitos e a liberdade de organização dos trabalhadores.

Se do lado de lá essa crise obrigou Lula a momentaneamente retirar a reforma sindical do centro de sua agenda, do lado de cá temos que tirar as lições da primeira fase desta batalha e nos prepara para as novas ofensivas que o governo irá lançar assim que puder.

Desde que o governo finalizou o projeto de reforma sindical em fevereiro, têm se desenvolvido conflitos e divisões no interior da própria burocracia diretamente atrelada ao governo e à patronal, o que se expressa no fato de que setores dessa burocracia venham se colocando, ainda que de forma ambígua e parcial, contra a PEC 369.

Foi um passo importante a conformação da “FRENTE NACIONAL CONTRA ESTA REFORMA SINDICAL” , que unificou os distintos setores que se colocam contra a PEC 369, desde os sindicalistas do PCdoB, passando pela CGT e sindicatos da Força Sindical, até a Conlutas e a Frente de Esquerda Socialista (FES).

Entretanto, a Plenária Nacional da CUT que ocorreu no mês de maio mostrou a fragilidade dessa unidade quando os sindicalistas do PCdoB e da maior parte do PT votaram juntos ’ em um “acordão” com a CGT, a CGTB e a as confederações da Força Sindical ’ uma proposta de emenda à PEC 369 que preserva seus interesses de burocratas e mantém os ataques ao conjunto da classe trabalhadora, a chamada “Plataforma Democrática” .

A primeira tarefa que devemos levar à frente depois deste golpe é denunciar todos os sindicalistas que fizeram parte deste “acordão” . E a principal lição que devemos tirar deste processo é a de que, para lutarmos conseqüentemente contra a reforma sindical, é neces-sário combater a estratégia que pretende utilizar a classe trabalhadora como “massa de manobra” para negociar uma reforma “light” no Congresso. Para tal, é preciso lutar para que a “FRENTE” esteja a serviço da mobilização e da organização dos trabalhadores desde as assembléias e reuniões na base de cada sindicato, onde todas as decisões devem ser tomadas e onde deve ser preparado um plano de lutas baseado nos métodos próprios da classe trabalhadora como as greves, piquetes, ocupações, atos etc.

Infelizmente, os dirigentes sindicais do PSTU, do PSOL e dos NARS (setor de militantes que têm rompido com o PT desde janeiro e que é captaneado por Jorginho da Executiva Nacional da CUT e Plínio de Arruda Sampaio Jr.) não têm travado essa luta, se adaptando à política dos sindicalistas do PT e do PCdoB.

O exemplo mais cabal dessa adaptação ao burocratas na primeira reunião da “FRENTE” que houve logo após a Plenária Nacional da CUT, onde foi aprovada uma nota que diz: “Neste contexto foi apresentada, pelos companheiros da CSC, a proposta de que a Frente Nacional Contra a PEC assumisse a proposta de “Plataforma Democrática” para a Reforma Sindical aprovada na Plenária Nacional da CUT que aconteceu na semana passada. A proposta não foi aceita, pois a avaliação de todos os demais presentes é a de que tratava-se de uma (...) manobra para tentar confundir e levar ao arrefecimento da luta contra a PEC. Frente à este fato, a FRENTE NACIONAL CONTRA A PEC 369, decidiu também reafirmar sua posição pela REJEIÇÃO GLOBAL DA PEC (...)” ” . Logo em seguida a mesma nota diz: “Os companheiros da CSC [PCdoB] esclareceram que, apesar de estarem participando dessa articulação das Centrais Sindicais, em torno à proposta aprovada na CUT, seguem fazendo parte da FRENTE NACIONAL CONTRA A PEC 369, já que são contra a PEC 369” . Não podemos nos esquivar de denunciar que o PCdoB foi parte integrante do golpe deferido contra os trabalhadores na Plenária Nacional da CUT.

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