Domingo 5 de Maio de 2024

Nacional

BASTA DE HOMOFOBIA

Ato em Campinas repudia o assassinato de Camille e protesta contra a homofobia

12 Aug 2010   |   comentários

No último dia 07, cerca de 200 pessoas saíram às ruas de Campinas contra a violência homofóbica, devido o brutal assassinato de Camille, travesti que foi espancada até a morte.

Todos de preto, caminhando em silêncio como num cortejo fúnebre, com cartazes, a passeata desceu o calçadão do centro da cidade, que estava movimentado, chamando a atenção da população. Ao final, fizeram uma roda em frente à Catedral e lembraram outros casos de violência, evidenciando como longe de ser um caso isolado, o que aconteceu com Camille é expressão de uma realidade de opressão e violência que vivem cotidianamente lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais.

O ato foi chamado pelo grupo Identidade, atendido por várias organizações e grupos como o Pão e Rosas, LER-QI, Centro Acadêmico de Ciências Humanas da Unicamp (CACH), Coletivo Feminista, PSOL, entre outros. O Pão e Rosas e a LER-QI estiveram no ato denunciando o Estado e os governos, que aliados à Igreja, se negam a garantir os direitos democráticos elementares aos homossexuais como o direito à união civil e a adoção, legitimando toda essa violência e a falta de liberdade para o livre exercício da sexualidade. Assim como negam o direito ao aborto, enquanto mulheres continuam morrendo. E em tempos de eleições, os presidenciáveis Dilma, Marina e Serra, mostram que não estão dispostos a garantir esses direitos.

É fundamental uma frente única entre os setores que se colocam em luta por direitos tão elementares, contra a violência e a homofobia. Lamentamos a ausência do PSTU, que também faz parte do CACH, e no entanto, não esteve no ato. Estamos juntos na denúncia e no repúdio ao assassinato de Camille e exigimos a punição do assassino, mas não compartilhamos com o posicionamento político do grupo Identidade. No ato e na carta distribuída, reivindicam uma saída individual para o problema da violência e opressão contra os homossexuais, culpabilizando cada indivíduo da sociedade pela morte de Camille, como nos cartazes com espelhos colados que diziam “Veja mais um cúmplice da violência”, ou em sua carta que terminava com a frase “Você que lê esta carta, ajudou a matar Camille!”. Ao contrário, acreditamos sim ser uma violência gestada pela e na sociedade, entretanto não podemos culpar individualmente cada pessoa, mas demonstrar que a opressão e discriminação é socialmente construída, e que não tem nada de natural na heterossexualidade que também é construída enquanto um valor ideal de relação afetiva, e que devemos lutar contra todos os tipos de discriminação, opressão e violência contra homossexuais e exigir que tenham direitos iguais como todas as pessoas heterossexuais, inclusive o direito de viver como bem queira sem ter que morrer por isso.

Acreditamos que os assassinos devem ser punidos, mas que nossa luta deva ser uma luta cotidiana e coletiva com independência de classe contra o Estado e suas instituições, que legitimam e perpetuam a violência contra mulheres e LGBTT´s, como a polícia, que reprime o povo pobre, a juventude negra e homossexuais. Não podemos lutar contra a opressão sem denunciar a polícia de Campinas, que é uma das que mais agride e mata homossexuais no Brasil. Por isso um dos cartazes do Pão e Rosas dizia: Abaixo a violência policial aos homossexuais!. Assim como também não podemos deixar de denunciar os governos, que só fazem demagogia, mas não estão dispostos a garantir os direitos democráticos aos homossexuais, e a Igreja, que abusa sexualmente de crianças, enquanto dissemina valores homofóbicos e machistas em toda a classe trabalhadora, para nos manter divididos e sem força para lutar contra a opressão e violência, e contra o sistema capitalista que legitima e sustenta toda essa violência para manter a exploração.

Que este ato seja só o início de uma ampla campanha pelos direitos democráticos de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e travestis, e contra a violência que leva milhares à morte.

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