Sexta 3 de Maio de 2024

Movimento Operário

Greve do INCRA

A regulamentação do direito de greve já começou

08 Aug 2007   |   comentários

A greve do INCRA, que levou dois meses e meio, foi suspensa a partir da segunda-feira dia 6 de agosto com uma derrota não só para os trabalhadores do INCRA, mas para o conjunto do funcionalismo público. Frente a um conjunto de greves desarticuladas contra os ataques do governo, este escolheu a do INCRA para “dar exemplo” e abrir um precedente que é na prática, o ínicio da chamada “regulamentação do direito de greve” nos serviços públicos. Lula, que desde o início da greve disse que não negociaria com os grevistas do INCRA e que os trabalhadores em greve não receberiam salário, pois “greve recebendo salário não é greve, são férias” , conseguiu no Supremo Tribunal de Justiça a aprovação do corte de ponto dos servidores. Sem salário para garantir a subsistência de suas famílias, um setor dos grevistas ainda defendeu resistir, mantendo a greve, porém estava criado um campo mais fértil para que a burocracia governista que dirige a confederação pudesse desmontar a greve.

Os elementos de radicalização surgidos, que apontavam para uma greve política, contra Lula e em defesa da reforma agrária e dos trabalhadores rurais; com vaias a Lula em diversos estados por onde passou, em articulação com os movimentos de luta pela terra para atender as suas demandas mais urgentes, em atos com bloqueio de ruas, queima de pneus, e no surgimento de uma ala opositora, que foi quem conseguiu impor esses elementos de radicalização a despeito da direção conciliadora; infelizmente não foram suficientes para levar o conflito à vitória.

Infelizmente também esta é uma derrota anunciada. Estava claro desde o princípio que para derrotar os ataques do governo (PLP-01, que congela os salários dos servidores por dez anos, ataque ao direito de greve etc.) seria necessária uma greve unificada do conjunto do funcionalismo. A burocracia sindical ligada ao governo, que dirige a maioria das organizações do funcionalismo federal, trabalhou contra essa perspectiva, isolando as greves, cada uma com suas reivindicações específicas, e os setores ligados à Conlutas e à Intersindical foram impotentes para derrotar essa política. O corte de salários que caiu como uma espada sobra a cabeça dos trabalhadores em greve já era uma ameaça desde o início do conflito em maio, e no entanto o fundo de greve votado na reunião nacional da Conlutas, que poderia garantir agora a subsistência dos trabalhadores para seguir em greve, nunca se efetivou.

Se o governo de fato consegue impor a regulamentação do direito de greve, o congelamento de salários do PLP-01, essa será uma enorme derrota para um setor dos trabalhadores que já protagonizou importantes lutas e no qual a experiência com o governo Lula tem ritmos mais acelerados, desde a reforma da previdência. Esses trabalhadores, que hoje tem mais claro do que o conjunto da classe o verdadeiro caráter anti-operário do governo de Lula e que começaram a desenvolver elementos de radicalização política e de seus métodos de luta, devem se organizar para retomar suas organizações das mão da burocracia governista, pressionando a Conlutas e a Intersindical a levarem uma luta verdadeiramente radical contra os ataques do governo.

Daniela é trabalhadora do INCRA e militante da LER-QI

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