Domingo 5 de Maio de 2024

Nacional

Nacional

A ofensiva patronal contra o emprego, o salário e os direitos trabalhistas

07 Mar 2009   |   comentários

Quando era para combater a fome, investir em saúde, educação ou previdência social, todos os governos do mundo alegaram falta de verbas. Quando foi para tentar salvar os bancos, todos abriram os cofres rapidamente. No entanto, apesar dos pacotes de trilhões de dólares, a crise continua se aprofundando e os empresários demitem cada vez mais trabalhadores. Segundo previsão da OIT, até o fim de 2009, teremos 50 milhões de novos desempregados em todo o mundo. Estamos diante de uma profunda crise do próprio capitalismo, a maior em 70 anos, e a única saída que ele pode nos oferecer é mais miséria, desemprego e guerras.

Rapidamente o discurso do descolamento dos países “emergentes” , ou da blindagem do Brasil frente à crise vieram abaixo. Já são dezenas de milhões de chineses que perderam o emprego nos últimos meses, e o PIB deste país teve crescimento perto de zero no último trimestre de 2008. As ilusões da China como locomotora da economia mundial já são coisa do passado. O Brasil também foi rapidamente atingido pela crise, mostrando o quão dependente do capital internacional foi o crescimento económico promovido pelo governo Lula nos últimos anos. Com a fuga abrupta dos capitais internacionais, o aumento das remessas de lucro das multinacionais para cobrir seus prejuízos nos países centrais e a queda no preço das matérias primas, também o Brasil começou a se precipitar rumo à recessão ou um crescimento próximo a zero.

A resposta da patronal não demorou. Frente aos primeiros indícios de crise, iniciaram um processo de demissões em massa em todo o país, especialmente nas regiões mais industrializadas como o Estado de São Paulo. Entre outubro e janeiro cerca de 800 mil postos de trabalho foram fechados, contando somente os trabalhadores com carteira assinada. Entre estes, os trabalhadores terceirizados e temporários são a grande maioria. Isso sem contar os trabalhadores informais, que não entram nas estatísticas oficias do governo Lula. Além disso, se multiplicam as férias coletivas e os acordos de redução de jornada com redução salarial, os lay off (suspensão do contrato de trabalho) e outras medidas similares. As estatísticas do Dieese já mostram que as empresas começaram a implementar arrocho salarial, com aumentos abaixo da inflação. Além disso, a patronal volta a pressionar pela aplicação das reformas, isto é, retirada de direitos trabalhistas, ataque às aposentadorias e redução de impostos para os capitalistas.

A exemplo do que já fizeram na década de 90, se adaptando à ofensiva neoliberal, essas direções, cada uma a sua maneira, entregam os trabalhadores de pés e mãos atados à patronal. A Força Sindical diretamente está negociando redução salarial em nome de garantir os empregos. Seus acordos chegam a reduzir os salários em até 50% em muitas empresas. A CUT, fiel apoiadora do governo Lula, mantém um discurso radical, chega a defender no papel medidas com as quais concordamos, fala que os trabalhadores não podem pagar pela crise, mas na prática organiza atos e paralisações apenas para pressionar a patronal a negociar melhores condições de demissões. Ambas, CUT e Força Sindical, assinam em baixo da política económica defendida pela Fiesp e outros setores empresariais. Defendem, juntas com a patronal, a redução dos juros do Banco Central, pressionam os bancos para que diminuam os juros dos seus empréstimos e defendem que o governo Lula continue dando dinheiro aos capitalistas. Agora, para tentar aparecer como defensora dos empregos, a CUT exige de Lula “contra partidas sociais” de nenhuma demissão ao estender o desconto de impostos para as montadoras. Mas a patronal defende redução dos juros e redução de impostos, não para manter os empregos, salários e direitos dos trabalhadores, mas como medidas que, combinadas aos ataques, possam manter e aumentar sua margem de lucro.

Nossa alternativa a essa política de conciliação de classes, parte de que é impossível evitar um embate de classe, parte de que se adiamos esse embate hoje, amanhã vamos travar a luta em piores condições. Não podemos ceder nada e nem aceitar que o governo Lula siga financiando as demissões, com o dinheiro dos nossos impostos.
É preciso que a Conlutas organize já a luta dos setores que estão sendo atacados, como os metalúrgicos de São José dos Campos e convoque urgentemente um grande encontro nacional de delegados de base para organizar a solidariedade com os trabalhadores que estão sendo atacados e para coordenar a luta de todos os trabalhadores contra as demissões. A partir desse encontro nacional estaremos em melhores condições de chamar a luta as bases das centrais sindicais majoritárias e impor à suas direções colaboracionistas uma frente única, para que os capitalistas paguem pela crise.

Artigos relacionados: Nacional









  • Não há comentários para este artigo