Sexta 17 de Maio de 2024

Movimento Operário

As greves em curso abrem o caminho

Unificar as lutas para retomar a ofensiva

05 Jun 2006   |   comentários

Nos últimos dois meses, em diversos estados e cidades do país, vimos greves e mobilizações que atravessam todos os setores da classe trabalhadora, desde o funcionalismo público, passando pela construção civil e alcançando os grandes batalhões operários como a Volkswagem e a GM.

As diversas lutas na construção civil e inclusive no setor industrial têm suas bases objetivas no relativo crescimento económico e incremento produtivo que geraram demanda de mão-de-obra e relativo incremento do setor. Os trabalhadores compreendem que numa situação de reanimamento económico, mesmo que relativo e pequeno, têm mais força para exigir uma repartição dos enormes ganhos que a patronal consegue em vista da superexploração, baixos salários, precarização e terceirização.

Neste contexto, se recoloca em pauta o debate sobre os caminhos (programa e táticas) a seguir para que estas lutas não se dispersem no isolamento e corporativismo. Precisamos lutar por um programa de ação que apóie, coordene e unifique as lutas em curso com um plano de ação que parta das lutas e reivindicações de cada setor, mas esteja ligada a um programa de defesa dos interesses maiores do conjunto da classe trabalhadora. A realidade concreta das lutas demonstra que se coloca na ordem do dia a necessidade de unificar a classe trabalhadora, independente de qual seja o sindicato ou central sindical dirigente, pois a luta por salários, emprego e direitos deve ser compreendida como a ginástica da classe trabalhadora para se condicionar para novas lutas ofensivas contra os ataques que o governo Lula e a burguesia já preparam para um segundo mandato, em acordo com os pelegos da CUT, da Força Sindical, da CGT e cia. A Conlutas e os sindicatos da esquerda estão chamados a atuar em cada uma destas lutas com a convicção unitária e combativa de levá-las à vitória, formulando um programa e táticas de frente única capazes de romper o cerco dos pelegos e avançar na unidade das diversas categorias e da classe trabalhadora de conjunto.

Durante anos os trabalhadores resistiram à ofensiva neoliberal com lutas isoladas, por categoria ou por local de trabalho. Esta situação se devia à estratégia divisionista dos dirigentes sindicais da CUT e outras centrais sindicais, pois nestes anos eles atuavam como ajudantes de ordem dos governos do PSDB ou do PT em aliança com os patrões. As greves, marchas ou atos estariam a serviço de pressionar os governantes e os patrões somente para que negociassem com os sindicatos e as centrais acordos rebaixados que em grande parte das vezes sequer eram cumpridos.

Os funcionários públicos que hoje lutam, em sua maioria buscam exigir que o governo cumpra os acordos que assinou nos últimos anos, quando as direções sindicais propunham o final das lutas na "confiança dos acordos". Se as greves agora são mais difíceis nestes setores, a resposta deve ser buscada não na debilidade das bases, mas nesta estratégia negociadora dos dirigentes sindicais que levaram greves longas e duras (muitas duraram meses) para o pântano dos acordos com os governos. Mesmo a esquerda da CUT e da Conlutas atuaram com esta lógica, e agora se vêem na encruzilhada de arrancar as promessas dos acordos que não se cumprem.

Para enfrentar inimigos fortes os trabalhadores necessitam se unificar e se fortalecer. Não dá mais para continuar lutando categoria por categoria, presos a suas datas-base. Os problemas dos trabalhadores são os mesmos: baixos salários, perda de poder aquisitivo, defesa de seus direitos e conquistas. Destas bases concretas é que devemos partir para unificar toda a classe trabalhadora, seja funcionário público, bancário, metroviário ou operário industrial. Os diversos setores devem buscar se unificar em torno de programas comuns, tendo em mente que sem defender emprego, salário e direitos para todos (empregados e desempregados) nenhuma luta "específica" será vitoriosa.

Um programa básico para o conjunto dos trabalhadores deve exigir piso salarial de acordo com o mínimo do Dieese, redução da jornada de trabalho para 35 horas semanais, nenhuma demissão, aumento geral dos salários, mais verbas e controle social de usuários e trabalhadores sobre os serviços públicos, salários e direitos iguais para os terceirizados e precarizados e efetivação incondicional destes trabalhadores. Este programa deveria ser implementado unitariamente em todos os sindicatos e organizações da esquerda através de ampla campanha nacional, exigindo dos sindicatos da CUT e demais centrais sindicais que rompam com o governo e assumam a defesa dos interesses da classe trabalhadora, abrindo um diálogo direto com as bases desses sindicatos na perspectiva da unidade da classe trabalhadora, principalmente entre todos os setores que estão em luta. Greves, atos e manifestações conjuntas seriam as ações unitárias que reunissem as bases e os ativistas das distintas categorias em luta, trazendo à ação prática milhares de trabalhadores que estão inativos pela política traidora dos dirigentes sindicais burocratas.

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