Segunda 6 de Maio de 2024

Internacional

ELEIÇÕES NOS EUA

Rumo a um novo New Deal?

15 Nov 2008   |   comentários

Uma das grandes provas à qual a administração Obama estará submetia será a política que definirá para fazer frente à profunda recessão que já se instalou nos EUA. Basta recordar que as três grandes automotrizes, Chrysler, General Motors e Ford, os ícones do capitalismo norte-americano, estão em sérios problemas, e que as duas últimas reportaram perdas bilionárias ’ 4,2 e 2,9 bilhões de dólares respectivamente só no último trimestre. Obama está evitando atuar como o novo presidente dos Estados Unidos, esperando que sejam Bush e o Congresso ’ que também se renova ’ aqueles que tomem algumas das medidas necessárias. Como parte desta estratégia, Obama não irá na próxima reunião do G20 que se realizará em 15 de novembro.

Na conferência de imprensa do dia 7 de novembro, no mesmo dia em que se publicaram os dados do desemprego, Obama defendeu a necessidade de implementar um programa de estímulo fiscal para ajudar a reativar a economia, estender o seguro desemprego, que os trabalhadores desempregados recebem só por seis meses, baixar os impostos aos lares de menos recursos e votar um pacote de ajuda estatal para as três automotrizes, o que ele confirmou a Bush na reunião de transição que tiveram no último dia 10. Até o momento a política económica de Obama, além de apoiar o Plano Paulson para o resgate dos banqueiros, foi muito moderada e tendo prometido cerca de 60 bilhões de dólares divididos entre obras públicas e ajuda social.

Os partidários de um novo New Deal consideram que esta política é insuficiente para enfrentar a crise. Por exemplo, o prêmio nobel de economia Paul Krugman calcula que o pacote de estímulo deveria ser ao menos 4% do PIB, isto é, cerca de 600 bilhões de dólares. Uma coluna do jornal New York Times aconselha Obama a ter “audácia” no gasto público. Comparando a situação atual com a da Grande Depressão, este economista conclui que ainda que seja certo que o New Deal fracassou em tirar a economia da depressão, isso se deveu à excessiva “prudência” de Roosevelt e aconselha Obama a “calcular quanta ajuda crê que a economia precisa, e somar mais uns 50%” dado que “é muito melhor numa economia deprimida, errar por excesso de estímulo e não por escassez” .

Deixando de lado o fato de que Obama receberá a presidência com uma monumental dívida estatal, acrescida pelo resgate aos bancos, o que torna ao menos difícil esta “política audaz” , é preciso dizer que a Roosevelt não faltou “audácia” no investimento estatal. Isso ficou claro quando ante o fracasso do New Deal deu um giro para a indústria de guerra, com o enorme investimento estatal que este implicou, o que finalmente tirou a economia norte-americana da depressão, e depois da guerra garantiu décadas de hegemonia norte-americana no mundo capitalista. Isto é, que o New Deal foi o primeiro passo em uma série de políticas para resguardar os interesses da burguesia imperialista norte-americana. A grande lição que surge do New Deal é que os representantes políticos da burguesia defendem interesses de classe que são antagónicos com os dos trabalhadores e as minorias oprimidas, e que sem tocar a grande propriedade capitalista e o enorme poder das corporações (como o fez Roosevelt com a propriedade das “60 famílias” que eram donas dos EUA), o capitalismo levará cedo ou tarde a novas catástrofes.

Leia sobre esse tema na Revista ISKRA

Parte do canto da vitória da democracia que entoam se baseia em tratar este regime ’ a democracia burguesa ’ como se fosse algo ahistórico, como se fosse a realização de uma idéia abstrata de “justiça” , “representação” . Isto não é nem nunca foi verdade. A constituição americana ’ seu símbolo de liberdade, foi votado somente por homens brancos e em uma situação onde não havia liberdade de reunião, e o direito ao hábeas corpus estava suspenso. Suas formas visavam controlar, diminuir o poder de quem causava dor de cabeça à burguesia americana então ’ os agricultores endividados e pobres urbanos (tanto o nascente proletariado como artesão, ourives, estivadores, os equivalentes ianques dos franceses sans cullotes). Recentemente publicamos um artigo “Comentários sobre a revolução americana e seu uso ideológico” na Revista Iskra n.1, onde retomamos estas informações em maior detalhe e introduzimos um livro de um historiador marxista norte-americano que nos ensina muito sobre um Estados Unidos de revoltas e rebeliões que a burguesia faz questão que não saibamos.

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