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Revista Estratégia Internacional Nº 25

10 Feb 2008   |   comentários

Este novo número da Estratégia Internacional aparece no momento em que o sistema capitalista mundial atravessa uma crise de magnitude histórica, à qual ninguém mais deixa de qualificar como a pior crise desde a Grande Depressão da década de 1930. Assim como nos anos 1930, o epicentro da crise está nos Estados Unidos, e já se estendeu às potencias imperialistas européias, ao Japão e às economias periféricas. Esta não é só uma crise económica, mas também uma crise de liderança imperialista, expressa na decadência do papel hegemónico dos Estados Unidos após a fracassada estratégia neo-conservadora levada adiante pelo governo de George Bush.

Como consequência deste debilitamento dos Estados Unidos e do surgimento de outros atores, os conflitos regionais existentes tenderão a progredir, como já mostram os movimentos militares entre a à ndia e Paquistão, dois países com armamento nuclear, e o violento ataque lançado pelo Estado de Israel sobre a Faixa de Gaza ao final de dezembro de 2008.

No próximo período veremos se desenvolver acontecimentos extraordinários, produto do debilitamento do equilíbrio que o capitalismo alcançou ao final da Segunda Guerra Mundial e que o ascenso iniciado ao final da década de 1960 não conseguiu superar.

A catástrofe capitalista e suas conseqüências de desemprego, miséria e sofrimento irão sacudir, sem dúvidas, as bases do domínio burguês e empurrará à luta os trabalhadores, a juventude e as amplas massas populares.

Já estamos enxergando os suspiros do que poderá chegar. Em dezembro de 2008, a apenas dois meses de ter se manifestado abertamente a crise económica nas quedas das bolsas e nas quebras de bancos importantes, se estourou uma rebelião social na Grécia, um "elo débil" do bloco imperialista conformado pela União Européia. O assassinato de um adolescente nas mãos da polícia desatou a ira de milhares de jovens vítimas dão desemprego e dos baixos salários, que saíram às ruas, ocuparam escolas e universidades e se enfrentaram com a polícia. Esta rebelião da chamada "juventude dos 700 euros", se combinou com uma onda de lutas operárias que confluíram em uma greve geram em 10 de dezembro, para dar lugar a uma mobilização massiva contra o governo de Costas Caramanlis, do partido direitista Nova Democracia, que conta com o apoio da grande patronal para sua política de ajuste. A magnitude e profundidade desta luta trás de volta à memória o ascenso que marcou a queda da "ditadura dos coronéis" em 1974. No momento do fechamento desta edição o processo ainda está em curso, com o PASOK (Movimento Socialista Pan-Helênico) e a burocracia sindical tentando evitar que a radicalização juvenil alcance o coração da classe operária. Para além de como terminar este processo, já se compara com o processo de Maio de 1968, que uniu operários e estudantes e colocou em questão o regime De Gaule.

Os ecos da rebelião grega se ouvem na mobilização do movimento estudantil do Estado Espanhol e nas lutas operárias e estudantis da Itália, pondo no cenário uma nova geração de jovens que entram flexibilizados no mercado de trabalho, que esperam viver pior que seus pais e que, na maior parte dos casos, são vítimas da repressão estatal. Grécia é, sem dúvida, o espelho em que se deve olhar a classe capitalista da UE.

Neste número da revista, apresentamos uma análise profunda sobre as raízes da atual crise económica, sua possível dinâmica e as perspectivas que se abrem na situação internacional no artigo de Juan Chingo, "O capitalismo mundial em uma crise histórica". Sobre este mesmo tema, publicamos uma contribuição especial para nossa revista do economista marxista Hillel Ticktin.

No artigo "Obama, candidato da mudança, presidente da continuidade", de Claudia Cinatti, analisamos as razões que levaram o primeiro afro-americano ao governo da principal potência imperialista e a situação que pode se abrir produto da contradição entre as espectativas de sua base eleitoral e seu governo.

Em "Apontamentos sobre a crise económica em curso e a reconstruçãoda IV Internacional", de Emilio Albamonte, apresentamos uma reflexão sobre as oportunidades que abre esta nova situação para os marxistas revolucionários e como superar o estado atual das forças da esquerda trotskista.

Na seção sobre Europa, publicamos um documento do Coletivo Comunista de Via Efeso da Itália, analisando as perspectivas do amplo movimento de luta estudantil e operária contra o governo direitista de Berlusconi. Também no artigo "O fim da Espanha ’próspera’", de Salvador Lupe e Cynthia Lub do grupo Classe Contra Classe do Estado Espanhol, em que se desenvolve as conseqüências da crise económica e o processo de luta do movimento estudantil. Por último, um documento que apresentou o Grupo CRI da França à V Conferência da Fração Trotskista - Quarta Internacional, intitulado "A situação na França e a tarefa dos revolucionários".

Na seção sobre a América Latina está composta pelo artigo "América do Sul na tormenta", de Eduardo Molina, onde se estuda os efeitos da crise económica na região, cujos governos haviam se ancorado essencialmente no ciclo de crescimento das matérias-primas; uma nota sobre a política dos revolucionários e a experiência com o governo Evo Morales na Bolívia, de Javo Ferreira; o artigo "A erosão da miséria do possível", em que se expõem os limites do projeto chavista na Venezuela, de Milton D’Léon; "A falácia do ’subimperialismo’ brasileiro", de Daniel Matos; uma análise de Christian Castillo sobre o primeiro ano de Cristina Kirchner e as perspectivas da luta de classes na Argentina; uma nota sobre as tenções económicas e sociais no México, de Pablo Opinari; uma análise da situação da América Central de Bryan Brenes e por último, uma nota analisando as conseqüências da greve dos trabalhadores do setor público no Chile contra os panos de ajuste do governo de Michelle Bachelet.

Finalmente, na seção Teoria Marxista, apresentamos em primeiro lugar, o artigo "Notas sobre Lukács e o stalinismo", de Edison Salles, em que se toma para o debate alguns elementos do legado teórico do influente filósofo marxista húngaro, contrastado com sua relação descontínua com o stalinismo. Na nota "Debates sobre a atualidade de Marx e a crise capitalista", de Matias Maiello, se apresenta um informe das jornadas Marxismo 2008, organizada pelo Instituto de Pensamento Socialista Karl Marx, que se realizou em Buenos Aires entre 17 e 21 de dezembro de 2008, e que pela primeira vez, reuniram-se os principais intelectuais marxistas da Argentina para debater em profundidade as perspectivas da teoria marxista à luz da nova situação.

A crise está levando a natureza decadente do sistema capitalista e já está produzindo um renovado interesse ideológico pelo marxismo. Também, como expressamos mais acima, está tomando lugar às primeiras respostas dos explorados.

Neste período histórico que se abre, o programa de transição dos marxistas revolucionários, como ponte que une as lutas atuais com os objetivos históricos dos explorados de destruir o capitalismo e seu estado e instaurar um estado operário, baseado em órgãos de autodeterminação das massas, mostra sua atualidade.

Nos preparamos para tempos convulsivos, para atuar em acontecimentos maiores, onde a diferença do prolongado período anterior, marcado pelo triunfalismo capitalista e o retrocesso da classe operária, volta a estar em questão um enfrentamento agudo entre as classes e o surgimento de correntes radicalizadas no seio da classe operária e a juventude com as que podemos confluir e avançar na construção de partidos operários revolucionários e a reconstrução da IV Internacional.

As elaborações teórico políticas desta revista estão ao serviço de desenvolver esta apaixonante tarefa.

CLIQUE AQUI para ler a Revista Estratégia Internacional nº 25 na íntegra.

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