Sexta 17 de Maio de 2024

Movimento Operário

Por um pólo anti-governista e anti-burocrático com um programa em defesa dos interesses dos trabalhadores

20 Mar 2005   |   comentários

As cúpulas da Articulação Sindical e da Força Sindical são os nossos maiores inimigos dentro do movimento operário na luta contra a reforma sindical, mas não podemos esquecer que há setores que aparentemente estão ao lado dos trabalhadores nessa luta se colocando “contra essa reforma” , como a Corrente Sindical Classista (ligada ao PC do B), e a CGT, pois apesar disto continuam apoiando o governo Lula. Afirmamos desde já que esse tipo de vacilação apenas prepara o terreno para que o governo tente aprovar alguma versão “light” da reforma sindical. É como estar contra o chicote, mas não contra o chicoteador. Querem confundir os trabalhadores e, logo quando entram na luta, já querem ditar até onde podemos ir. “Contra essa reforma” sim, mas contra o governo não? Se é o governo que aplica “essa reforma” , porque essa separação? É porque se essas correntes atacam o governo, atacariam a eles mesmos que fazem parte do governo. Por exemplo, os sindicalistas da Corrente Sindical Classista (PCdoB) apoiam e participam do atual governo de Lula, sendo, portanto, responsáveis pela política governista. E, pelas declarações dos seus principais dirigentes, continuarão a favor do governo Lula e participando nos ministérios. Inclusive, o atual ministro da Articulação Política do governo, que será responsável por “articular” os votos dos parlamentares para aprovar a reforma sindical, é um dirigente do PCdoB ’ Aldo Rebelo ’, que tem se colocado como “obediente cumpridor” dos desejos políticos de Lula e da patronal. Como se vê, os sindicalistas da CSC estão contra “essa reforma” , mas querem continuar sendo sindicalistas governistas, ou seja, defensores dos interesses dos capitalistas contra os interesses da classe trabalhadora e do povo pobre.

Não podemos deixar que os trabalhadores e os ativistas sejam enganados. Se a luta contra a reforma sindical “ficar nas mãos” desses dirigentes sindicais estaremos caminhando para uma derrota anunciada, porque eles vão fazer de tudo para que a luta não ultrapasse os limites de uma “pressão” para que o governo e a burocracia das centrais negocie, com eles, algumas “propostas” que atendam seus interesses e garantam o seu domínio burocrático nos sindicatos. A questão da luta contra o governo é chave inclusive para lutar contra a reforma sindical, e os setores que já deram esse passo devem cumprir um papel de vanguarda e impulsionar a ruptura com o governo na base dos sindicatos.

Precisamos nos organizar como um pólo anti-burocrático nacional contra as cúpulas da Articulação Sindical e da Força Sindical, e para fazer as bases superarem as ilusões governistas que quer continuar disseminando o PC do B. É por isso que é necessário organizar o setor anti-governista dentro da frente única, com um programa revolucionário para fazer ecoar em todos os locais de trabalho a denúncia do governo capitalista de Lula. Se os setores anti-governistas, no qual as principais forças são o PSTU, o PSOL e os sindicalistas independentes que romperam com o PT, atuarem divididos, será um enorme erro que deixará o PC do B com um peso enormemente superior ao dos anti-governistas. Se pelo contrário, atuamos unificados como um pólo anti-governista e anti-burocrático, teremos força para disputar a hegemonia de um programa de luta contra o governo na frente única, expulsando as burocracias governistas dos sindicatos que sejam um entrave para isso.

Dentro da CUT, o setor antigovernista tem sido o PSOL e sindicalistas independentes que romperam com o PT, que não só estão contra a reforma sindical, mas deram um passo a frente rompendo com o PT e o governo. Esses setores têm cumprido um importante papel, mas não podem, “para manter a unidade” , deixar de travar o verdadeiro debate com os setores que continuam apoiando o governo, pois seria deixar os trabalhadores desarmados para futuras manobras desses setores dentro do movimento para freia-los.

Nós da LER-QI, que estamos dentro da Conlutas, lutando para transformá-la em um pólo anti-burocrático nacional, achamos que mais que nunca é necessário e possível concretizá-lo unificando o setor anti-governista para atuar de forma coordenada dentro da grande frente que necessitamos conformar para lutar contra a reforma sindical. Para nós, a Conlutas deve ser uma ferramenta de coordenação real desses setores anti-governistas que estão em luta dentro e fora da CUT, e não um aparato que divide “cutistas” e “não cutistas” que é na prática a política sectária e oportunista do PSTU. Por isso, temos lutado contra a política do PSTU de romper com a CUT e chamado os setores anti-governistas a se organizarem como vanguarda para atuar com um só punho para libertar as massas da brutal influência burocrática e governista que ainda impera no movimento operário.

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