Sexta 26 de Abril de 2024

Juventude

OCUPAÇÕES E GREVES PELO PAÍS

O Movimento Estudantil desperta novamente!

16 Sep 2011   |   comentários

Nas ultimas semanas milhares de estudantes saíram em luta contra a precarização da educação em uma serie de ocupações de reitorias e greves nas universidades federais e algumas estaduais, relembrando a onda de ocupações de reitorias pelo país em 2007. Esse movimento não acontece isoladamente dos outros setores da universidade, e algumas delas trabalhadores e professores também se enfrentam com as reitorias através de importantes greves. Essas ações concomitantes do movimento estudantil brasileiro ganham uma importância especial nos marcos de umas das mais importantes crises do capitalismo onde a juventude vêm assumindo um papel central contra os ataques desferidos pelos seus respectivos governos, como o que vem ocorrendo em quase toda União Européia. Ainda que diferentemente do processo de 2007, que foi uma mobilização política nacional, estamos diante de um novo despertar de uma juventude que resolveu dar um basta em um ensino cada vez mais precarizado, adotando métodos radicalizados, se enfrentando contra a polícia e burocracia acadêmica, e em alguns lugares tendo ousadia em seu programa de ligar-se aos interesses dos trabalhadores e povo pobre.

Procurando conciliar expansão precária de vagas nas universidades públicas em consonância com os interesses dos tubarões da educação privada, o governo petista - como o consentimento de sua fiel escudeira UNE - implementou sem maiores dificuldades uma série de ataques a educação brasileira, vendidos como concessões. Em relação ao ensino universitário o PROUNI e o REUNI cristalizam essa ofensiva. Resultado: déficit enorme de professores, bolsas miseráveis e que atrasam sempre, falta de estrutura física, falta de bandejões, expansão dos cursos de pós graduação pagos, avanço do regime de terceirização entre trabalhadores.

Não parar nas conquistas parciais: lutemos pela democratização das universidades.

Por uma série de demandas básicas imediatas, reitorias foram ocupadas e greves estudantis foram organizadas. Exemplos avançados de luta surgiram em meio a esse conjunto de ocupações, como por exemplo na UFPR e UFAL onde houve mobilização conjunta dos três setores, na UFF que as demandas estudantis se articularam com as demandas da população de Niterói e na UEM que se enfrentou contra a política do governo do estado.

Em Teresina, PI, os estudantes junto à população, somaram 30 mil nas ruas, se enfrentaram com a repressão policial e incendiaram ônibus contra o aumento da tarifa de ônibus, fazendo com que o prefeito Elmano Férrer (PTB), voltasse atrás e congelasse o preço por 30 dias, uma importante conquista parcial no marco dos vários atos consecutivos que aconteceram pelo país contra o aumento das passagens.
A conquista da quase totalidade das pautas na UFPR, na UEM, na UFF, por exemplo, são conquistas importantes para o movimento estudantil brasileiro. Mas fiquemos atentos aos passos da burocracia acadêmica e do governo, as reitorias cederam, mas não retrocederam de sua política elitista de universidade, fazem promessas que por hora nada garante que serão cumpridas, com isso podem minar os primeiros elementos de ligação dos estudantes com os trabalhadores na universidade, uma aliança chave na luta pela educação gratuita, de qualidade e para todos. Não podemos ter nenhuma ilusão na burocracia acadêmica, os estudantes estão cansados de promessas.

UNE mais próxima das Reitorias e distante da luta dos estudantes!

A UNE em meio a esses processos se manteve distante de todos eles. Isso está em perfeita consonância com o que foi seu último congresso, onde reafirmou seus laços com o governo federal, fazendo do espaço plataforma política do governo Dilma e exaltando a farsa do “Brasil potência”, ao invés de armar a juventude para os próximos cenários de impacto da crise no Brasil. A UNE se coloca ainda mais na contramão da juventude, quando em sua marcha apóia Camilla Valejo, que no Chile quer retroceder na mobilização para negociar com o governo de Piñera, articulando via Confech (Confederação dos estudantes chilenos) a mediação dos parlamentares brasileiros para o conflito, reivindicando o modelo de educação brasileiro e tentando frear o processo chileno sem a garantia da demanda mínima, educação gratuita para todos.

A educação brasileira não é exemplo para os estudantes chilenos, é uma educação que oferece a maior parte da juventude uma educação superior privatizada, voltada para atender os interesses do mercado e que alimenta a cada ano milhões de reais os cofres dos monopólios da educação. A educação superior pública não está descolada dessa lógica, com seu potente filtro social do vestibular que aniquila qualquer possibilidade dessa juventude aspirar uma vaga na educação pública. Apesar de se dizer pelos 10% do PIB para educação a UNE, defende o PNE do governo e nada diz sobre o corte de R$ 50 bilhões do orçamento e dos mais de 3 bi de corte na educação.
A UNE já demonstrou não vai fazer nada pelos 10% e Dilma não poderá fazer essa concessão. O seu projeto de educação tem compromisso visceral com os monopólios da educação e frente à crise econômica internacional a tendência é que essa aliança apenas se aprofunde para garantir a manutenção dos exorbitantes lucros gerados pelo mercado da educação.

Por um imediato Encontro Nacional que unifique as lutas e crie um movimento político pelos 10% do PIB a Educação, a Estatização das Universidades e o Fim do vestibular!

O processo de mobilização aberto nacionalmente não pode parar, o espírito de luta dos estudantes é fundamental, mas não podemos nos contentar com o que foi prometido, podemos e temos que ir por mais. Temos que ser porta voz da sociedade, ser contra essa educação elitista, contra a precarização da vida imposta a juventude e a classe trabalhadora que não tem acesso à saúde, salários dignos, moradia, cultura e lazer. A perspectiva do movimento estudantil nacional não pode ser só pressionar as reitorias. A tarefa da juventude hoje é avançar numa coordenação nacional das lutas em defesa da educação, junto aos servidores técnicos das federais, com os professores do estado de MG, e cada setor mobilizado pelo país, e ir avançando em seu enfrentamento com os lucros dos empresários da educação, o filtro elitista do vestibular, e assim criar um movimento real pela educação gratuita, pública e de qualidade.

É necessário organizar um Encontro Nacional o mais rápido possível, para que as lutas se liguem e cercar de solidariedade as reitorias que ainda estão ocupadas como A UFAL, UFRN e UNB. A luta pelos 10% tem que ser a luta de nenhum centavo para os cursos pagos, pelo fim do monopólio privado da educação, estatização das universidades privadas e pelo fim do vestibular. Sejamos ousados, pois as ocupações de reitorias mostram que podemos muito mais do que organizar um plesbicito pelos 10% em Novembro – como propõe a ala majoritária da Anel (dirigida pelo PSTU)- sem denunciar a atual estrutura privatista e elitista da educação, política que em nada servirá para articular os processos que hoje se desenvolvem. A Anel, que se propõe a reorganizar o movimento estudantil, a oposição de esquerda da UNE e cada estudante em luta tem a responsabilidade de não perder o espírito que hoje se desenvolve nas universidades e armar um forte movimento articulado entre as públicas e a privadas em aliança com os trabalhadores, para golpear o governo e reitorias, para subverter a atual estrutura educacional brasileira.

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