Sexta 3 de Maio de 2024

Movimento Operário

Serra ataca o direito de greve dos metroviários

Impulsionar uma campanha massiva pela readmissão dos companheiros demitidos

08 Aug 2007   |   comentários

A ação do governo Serra contra a greve do metró em São Paulo funcionou como um teste para a reacionária lei de regulamentação das greves que Lula pretende aprovar. Para derrotar os combativos trabalhadores do metró, a burguesia e o governo estadual lançaram mão de todos os seus recursos. A diretoria da empresa lançou uma campanha de amedrontamento contra os metroviários, com cartazes e panfletagens nas estações e trens; terrorismo e assédio moral sobre a categoria pelo e-mail, dizendo que várias famílias metroviárias teriam sua “tranqüilidade comprometida” se a greve fosse efetivada.

A Justiça, que nunca chega a punir nenhum político corrupto, atuou rapidamente para declarar a greve ilegal e punir os trabalhadores do metró e seu sindicato. Segundo a decisão da “Justiça” , os trabalhadores terão os dias descontados e o sindicato será obrigado a pagar milhões de reais em multa por cada dia de greve, por não ter respeitado o limite mínimo de realizar a greve mantendo o funcionamento de pelo menos 85% dos trens! Enquanto a justiça burguesa agia rapidamente contra a greve, os jornais, as rádios e os canais de televisão, em conjunto com o governo Serra, lançavam uma campanha feroz contra os metroviários, com ameaças de demissões e culpando os trabalhadores por todos os sofrimentos da população, o que jogou grande parte dos trabalhadores paulistas contra seus companheiros do metró.

Para completar a eficiente ação anti-greve do governo estadual e da burguesia paulista, entrou em ação o Plano de Apoio entre Empresas de Transporte Frente a Situações de Emergência (PAESE). Além disso, foram mobilizados centenas de fura-greves para fazer funcionar as linhas 1 e 2, colocando em risco a segurança e a vida dos usuários e inclusive gerando risco de acidentes [1].

Todo esse operativo isolou os trabalhadores em greve e acabou obrigando-os a retroceder sem a conquista de suas reivindicações [2]. Depois de ter sua greve derrotada, os metroviários agora terão que se enfrentar com a caça as bruxas que o governo Serra, em conjunto com a direção do metró, está impulsionando contra o sindicato e os grevistas. Demitindo 61 trabalhadores querem transformar o metró de São Paulo num exemplo de repressão.

O Sindicato dos Metroviários, a CUT, a Conlutas e a Intersindical devem impulsionar imediatamente uma campanha massiva, que transforme a luta do metró em um exemplo nacional de como os trabalhadores vão resistir à repressão e às demissões. O primeiro passo deve ser dado pela diretoria do sindicato, convocando massivamente uma assembléia dos trabalhadores, aberta a participação de todas as centrais sindicais, sindicatos e organizações combativas dos trabalhadores para organizarmos unitariamente a defesa dos metroviários, que é uma luta de todos os trabalhadores em defesa do direito de greve. Essa campanha deve contar com o apoio material e financeiro de todos os sindicatos e deveria contar com milhões de jornais distribuídos aos usuários do metró denunciando a política do governo Serra, com um comitê de defesa dos metroviários organizado por sindicatos de todas as centrais, a partir da base das categorias, para ganhar os trabalhadores para defender os companheiros do metró e inclusive com propaganda paga na televisão e nos jornais de grande circulação.

Por uma luta séria contra os ataques patronais

No dia 31/07 houve uma assembléia lotada na quadra dos metroviários. Os cerca de 1.200 trabalhadores chegaram com os olhos esperançosos de que fosse garantido seu direito a receber a primeira parcela da PR (participação nos resultados). Muitos metroviários que quase nunca vão às assembléias lá estavam, com plena disposição para travar o combate contra a tentativa de roubo dessa parcela do salário pelo Metró e pelo governo do Estado.

Por outro lado, a burocracia sindical do PT e do PCdoB, sentindo a radicalização da primeira assembléia, tentou jogar uma balde de água fria na categoria, semeando ilusões na mesa de negociação com a empresa e com o governo do Estado. A mesa de negociação combinada com a tentativa de desarme da categoria metroviária pelo sindicato mostraram sua falência, e a burocracia foi obrigada a levar adiante a greve, que foi decretada por unanimidade em uma assembléia um pouco menor que a do dia anterior. Dessa forma, apesar da sua disposição de luta, os trabalhadores foram à greve sem um plano de ação capaz de enfrentar a campanha do Estado burguês e da grande mídia, o que é responsabilidade da direção do sindicato.

A necessidade de conter a radicalização dos trabalhadores para que as greves não saiam do controle e ameacem os acordos do PT, PCdoB e PSB com os tucanos, faz com que a direção do sindicato desarme sistematicamente os trabalhadores e busque isolar os setores mais radicalizados. As greves do metró, há anos, são realizadas sem a necessária preparação e planejamento desde a base das lutas, sem uma convocação decente da categoria aos piquetes e às mobilizações, sem campanhas para ganhar a simpatia dos usuários e sem organizar uma luta unificada sequer com os outros sindicatos dirigidos pelo PCdoB, como o Sintaema, que organiza os trabalhadores da Sabesp, que se sentem como verdadeiros irmãos de luta dos metroviários.

Uma greve que combatesse seriamente os ataques no Metró deveria ser convocada e planejada a partir da base, levantando as demandas mais sentidas dos metroviários, dos usuários e da classe trabalhadora. Para desmascarar a verborragia de Serra e de seus lacaios que querem aparecer como os defensores do transporte público, o sindicato não pode fazer uma encenação pedindo que o governo, o Metró e a Secretaria de Transportes Metropolitanos abram as catracas: seria o mesmo que pedir para cortarem suas próprias cabeças. O Sindicato deveria realizar uma grande campanha, envolvendo todos os metroviários na panfletagem e em conversas com os usuários para planejar a abertura das catracas nos horários de pico, intercalada com paralisação nos demais horários. Esta campanha deveria convocar os usuários a discutir a incorporação de suas pautas nas campanhas dos metroviários: pela redução das passagens, pela isenção para os trabalhadores desempregados até que estejam empregados, pela isenção da passagem para estudantes, pela efetiva integração dos transportes e que os usuários não tenham que pagar a mais pela transferência para a CPTM ou para ónibus.

Como atuou e como deveria ter atuado a "Chapa dos metroviários"

Frente às traições da direção governista do Sindicato dos Metroviários é mais do que necessário organizar uma oposição classista a partir das organizações anti-governistas, Conlutas e Intersindical, que atuam na base da categoria, que seja uma alternativa para os trabalhadores.

Infelizmente, os companheiros da Conlutas e da Intersindical, que conformam a “Chapa dos Metroviários”, não tiveram durante a última greve uma política alternativa à que defendeu a diretoria majoritária do sindicato. Nas assembléias sequer tomaram a palavra e condicionaram a proposta de greve à unidade de toda a diretoria. Ao contrário disso deveriam ter tido uma política de unificação a partir das bases, defendendo a conformação de corpos de delegados a partir de cada setor e estação. A verdadeira unidade não é com os diretores governistas do sindicato, mas sim entre os combativos trabalhadores do metrô.

Agora, na luta contra as demissões e os ataques de Serra é fundamental que a oposição tenha uma política combativa que sirva de exemplo e motivação para os metroviários ajustarem as contas com a burocracia sindical.

[1Um “operador” anti-greve atropelou um equipamento de via, que poderia ter causado descarrilhamento, e outro ultrapassou um “sinal vermelho” , o que poderia ter causado uma colisão. (fonte: http://www.metroviarios-sp.org.br - 2/8/2007: “Sem avanço de proposta, a greve continua” )

[2Adiantamento da PR (Participação nos Resultados) e pagamento em valores iguais e não escalonados de acordo com o salário.

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