Sábado 4 de Maio de 2024

Juventude

Estaduais paulistas votam Comando Estadual de Greve com delegados de base

Impulsionar a auto-organização e a aliança operário-estudantil para organizar uma luta histórica

07 Jun 2007   |   comentários

O Encontro de Públicas, que reuniu no dia 06 de junho mais de 600 estudantes da USP, UNESP, Unicamp e Fatec, se configura como um novo impulso para o movimento estudantil, que tem na greve com ocupação de reitoria da USP o seu centro. Esta foi uma primeira resposta ofensiva da vanguarda estudantil no mesmo dia em que estava marcado um ato convocado por professores de direita da USP contra a ocupação, que contou com a participação de menos de 150 pessoas. Também foi uma primeira resposta à manobra de Serra de dividir e desviar o movimento de greve com o “decreto declaratório” . Com esta medida, Serra tenta fazer com que os estudantes ficassem isolados como “intransigentes” , e que os professores retrocedessem com relação á uma luta conseqüente pela derrubada dos decretos.

No marco de uma greve estudantil que abarca mais de 40 cursos na USP, com mais de 5 ocupações na UNESP, e do fortalecimento da greve na Unicamp, além de um processo de ressurgimento de um novo movimento estudantil, que se levanta frente aos ataques dos governos, das reitorias e da burocracia acadêmica à educação, vemos hoje uma situação inédita desde as movimentações estudantis há décadas. Isso se mostra não só na luta das estaduais paulistas, mas na jornada de ocupações de reitoria e mobilizações que têm se espalhado por outros estados. Dentre estas há algumas que têm se dado impulsionados por setores combativos do movimento estudantil com peso da esquerda anti-governista, e outras ações em reitorias chamadas pela UNE do PT e PCdoB, que são acordadas com o governo e as reitorias nas universidades federais, por ora. A UNE tem respondido a esta nova situação no movimento estudantil buscando se relocalizar e utilizando-se de declarações pretensamente radicalizadas, como a de que ia realizar uma “onda de ocupações” pelo país. Se por um lado isso é parte de uma política incapaz de dar uma resposta de fundo às demandas estudantis, na medida em que é controlada pela maior burocracia estudantil existente no país, por outro expressa que na base dos estudantes há um estado de ânimo marcado pela disposição à luta em defesa da universidade.

Nesta situação, o Encontro de Públicas conseguiu reunir parte dos melhores setores que hoje estão em luta nas universidades estaduais paulistas, tendo sido importante por ter votado uma pauta unificada de todos os que integram a greve, gerando as bases para uma unidade muito superior às greves anteriores. Esta pauta reafirmava a revogação total dos decretos, repudiando a manobra de Serra com o “decreto declaratório” , mais verbas para a educação pública, nenhuma punição a nenhum dos setores em luta, e contra a reforma universitária de Lula e Serra, além de ter pautado a luta pela democratização das universidades com a demanda de eleições diretas já, sem necessidade de titulação para votar e ser votado.

Entretanto, uma das resoluções mais importantes do encontro foi a votação inédita pela constituição de um Comando Estadual de Greve, com delegados eleitos nas assembléias de base para organizar e dirigir a greve. Essa resolução deve servir como ponto de apoio para que os setores mais combativos, a partir dos seus cursos, lutem para massificar a greve e concretizar a resolução tomada. Isso possibilitaria também um salto na unificação e coordenação das forças com os trabalhadores em greve nas universidades. Se depender do PSOL, do PSTU e do de “independentes” que defedem a auto-representação de si mesmos acima da democracia direta dos milhares de estudantes em greve, essa resolução não vai sair do papel.

Nós, do Movimento A Plenos Pulmões, composto por militantes da LER-QI e independentes, que lutamos por esta política em todo o último período da greve, tendo conseguido aprovar em assembléias que o movimento estudantil em luta se organizasse dessa forma no IFCH da Unicamp, na UNESP de Marília e Franca, e diversos outros lugares, lutando na USP nos sentimos parte de uma vitória importante dos setores combativos, e nos colocamos desde já a serviço de aportar para a formação de uma ala conseqüente na luta por uma vitória histórica, que possa ser a linha de frente no enfrentamento contra o governo de Lula e Serra. Colocaremos todas as nossas forças para que a Plenária Nacional em Defesa da Educação, convocada a partir da assembléia geral da USP para o dia 16 de junho, seja um marco na conformação de um Comando Nacional de Delegados, que unifique o movimento estudantil nacionalmente, com uma política que ligue o movimento das universidades públicas ao das privadas, para lutar pela estatização das particulares, única via de responder à demanda por mais vagas e garantir que os trabalhadores e seus filhos possam ter acesso à universidade.

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