Terça 30 de Abril de 2024

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ATO EM HOMENAGEM A LEON TROTSKY

“Formar os generais, oficiais e soldados do partido revolucionário operário de vanguarda”

28 Sep 2010   |   comentários

Companheiras e companheiros, camaradas

Nestas últimas semanas, em Buenos Aires, milhares de estudantes se reuniram em assembléias, ocuparam escolas e universidades e se mobilizaram exigindo do governo da cidade e do governo nacional maior orçamento para a educação pública.

Essa vanguarda estudantil de mais de 20 mil jovens, emergiu lutando por suas próprias reivindicações e também se solidarizaram com a luta dos operários metalúrgicos de Paraná Metal que durante vários dias cortaram a rodovia Panamericana contra o fechamento da empresa, cujo patrão – Cristobal Lopez – é amigo do casal Kirchner.

Esses estudantes também cortaram as ruas de Buenos Aires em solidariedade com as operárias e operários de Kraft, que pararam quarenta e oito horas a produção desta multinacional da indústria alimentícia para denunciar a morte de uma trabalhadora por responsabilidade do serviço médico da empresa, cúmplice da patronal ianque.

Foi esta nova classe operária que desenvolveu, a esquerda de todas as variantes da burocracia sindical, o sindicalismo de base, expressando – em certos casos - uma real frente única entre setores mais reformistas e a esquerda trotskista.

Dentro deste novo fenômeno de sindicalismo de base, o partido dos trabalhadores socialistas impulsionou, recentemente, o Encontro Operário convocado pela comissão interna da Kraft com o apoio do sindicato ceramista de Neuquem, na zona norte de Buenos Aires – onde está a maior concentração industrial do país – no qual participaram mais de setecentos trabalhadores e trabalhadoras impulsionando uma ala classista do movimento operário.

Essa vanguarda estudantil, que hoje se mobiliza pela educação pública, é um ponto de apoio muito importante aos revolucionários: mostra essa outra força que, junto com a vanguarda operária que hoje se expressa no sindicalismo de base, pode permitir o desenvolvimento de uma esquerda revolucionária na Argentina.

Como cantavam os estudantes do maio francês de sessenta e oito e também os estudantes argentinos do Cordobazzo de sessenta e nove: “Operários e estudantes, unidos e adiante!”.

Na Argentina, o kirchnerismo – que tentou fechar a crise aberta em dezembro de 2001, favoreceu o surgimento de amplas aspirações igualitárias entre os trabalhadores e setores populares, que se expressaram em reivindicações democráticas (como o apoio popular à lei do matrimonio entre pessoas do mesmo sexo ou o crescente apoio ao aborto legal, livre e gratuito) e reivindicações econômicas (“igual trabalho, igual salário ou as reivindicações para que o salário não fique abaixo da inflação).

Mas ainda que o kirchnerismo se apoiou, esses anos, em uma importante recuperação econômica e conseguiu conter a crise aberta em 2001, não pode dar uma resolução estrutural.

Hoje, o desgaste do governo, junto com a crise capitalista internacional, evidenciam, ainda em embrião, uma nova crise de hegemonia burguesa, na qual voltam a se expressar as contradições que a burguesia Argentina arrasta desde a crise de dois mil e um.

A isso se agregam as próprias contradições entre as aspirações das massas e a realidade de um país semicolonial onde os políticos burgueses podem fazer demagogia levantando causas populares, mas não podem dar nenhuma resposta total e acabada às mesmas, como a aspiração de uma educação pública de qualidade, uma aposentadoria digna, acabar com o trabalho informal ou estabelecer o princípio de “igual trabalho, igual salário”.

Essa fragmentação do poder burguês que voltamos a ver na Argentina, que não consegue se recompor definitivamente, recria – uma e outra vez – disputas entre os de cima que favorecem a politização do movimento de massas, criando brechas pelas quais pode desenvolver a ação de vanguarda e, em perspectiva, pode favorecer o desenvolvimento de uma ação histórica independente das massas.

Hoje, o PTS é a corrente de esquerda com maior influencia na vanguarda da classe operária industrial e uma das três correntes de esquerda mais fortes do movimento estudantil. Nosso objetivo, nesta etapa, deve ser o fortalecimento da estratégia de construir um partido leninista de vanguarda na Argentina.

Nessa situação que vive a Argentina, já se vislumbram as forças que podem construir um partido de trabalhadores revolucionário, com milhares de militantes provenientes das fileiras de operários avançados e de estudantes de esquerda, que tire o reformismo da direção de dezenas de comissões internas como em Kraft, em vários sindicatos como no Sindicato Ceramista de Neuquen e em várias dezenas de entidades estudantis que se reivindiquem combativos, antiburocráticos e aliados da classe operária, levantando um programa transicional que articule a luta pelas demandas mais elementares com aquelas que apontam a luta política contra o governo, o regime e o estado.

Para isso, nos próximos meses, nos propomos a impulsionar uma grande campanha contra a superexploração patronal que culmine, no final do ano, com um Encontro com centenas de trabalhadoras e trabalhadores de todo o país, para debater as conclusões políticas das lutas, e também os alinhamentos das distintas alas da burocracia sindical, que estão com o governo ou com as distintas variantes políticas patronais e da centro-esquerda, fortalecendo uma perspectiva independente da classe trabalhadora.

Ao mesmo tempo, mais de mil mulheres trabalhadoras e estudantes do Pao e Rosas, estamos nos preparando para participar do próximo Encontro Nacional de Mulheres, que se realizará nos primeiros dias de outubro. Contra a Igreja reacionária e o governo de Cristina Kirchner que segue negando nossos direitos, queremos ir a esse Encontro para votar uma campanha nacional de luta pelo direito ao aborto seguro, livre e gratuito.

Para tudo isso, é necessário combater as pressões conservadoras e rotineiras, com as quais o regime democrático burguês absorve as correntes da esquerda, limitando-as a fazer sindicalismo dentro dos marcos estabelecidos pela legalidade burguesa ou a capitalizar eleitoralmente a crise dos partidos de centro-esquerda, convertendo-as em simples aparatos sindicalistas ou eleitorais, mas impotentes quando surge a luta de classes.

Por isso, através da intervenção na luta econômica, na luta política e na luta teórica, que é a luta das estratégias políticas, ou seja, a luta de partidos, temos a obrigação de formar os generais, oficiais e soldados desse futuro partido leninista de vanguarda operária na Argentina.

Viva a unidade da classe operária argentina e brasileira!

Viva a classe operária mundial!

Viva a revoluçao socialista!

Viva a Quarta Internacional!

Intervenção da Andrea D’Atri – membro do Pão e Rosas Argentina e dirigente do PTS argentino

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