Segunda 29 de Abril de 2024

Questão negra

MARCHAMOS NO 20 DE NOVEMBRO

“Fora já! Fora já daqui! Polícia das favelas e as tropas do Haiti!”

04 Dec 2010   |   comentários

No dia 20 de novembro de 2010, com o título de 100 anos da revolta da chibata, ocorreu a 7ª Marcha da consciência negra da cidade de S. Paulo, apesar do boicote da prefeitura Kassab, que organizou a “Virada Esportiva”, para desfocar a atenção a respeito do dia da consciência negra.

Nós da LER-QI, junto a estudantes e trabalhadores independentes, formamos um bloco para participar da marcha, não apenas para relembrar a história “esquecida” da luta negra, mas para fazer um chamado para que a Marcha fosse um ponto inicial de unificação de setores progressistas e organizações sindicais e movimentos sociais, contra a onda reacionária contra homossexuais, nordestinos, cultos africanos e contra a violência às mulheres. Que organizássemos uma grande campanha contra as opressões, a partir dos sindicatos e centrais sindicais e populares presentes. Exigimos também do governo Lula anistia integral e reintegração à Marinha para João Cândido e os heróis da Revolta da Chibata, como também a indenização e pensão aos familiares dos marinheiros, uma vez que este presidente recuou diante da pressão dos oficiais racistas da Marinha.

Na marcha denunciamos setores como o PCdoB, que tem como estratégia buscar nossas demandas depositando confiança no Estado burguês e principalmente o governo Lula, dizendo: “Nesta marcha não podemos nos calar diante do massacre de negros haitianos pelo exército brasileiro, uma ação que fazia escola naquele país, para aplicar no povo pobre brasileiro”, e defendemos iguais direitos e salários entre negros e brancos, terceirizados e efetivos, com a efetivação dos terceirizados nas empresas privadas e públicas.

Nosso bloco marchou em luta, resgatando a luta dos marinheiros negros de 1910, como a luta dos explorados contra as péssimas condições de trabalho e salários miseráveis; contra a violência aos homossexuais; gritamos bem alto: “De pé! De pé! Povo negro e nordestino, unidos numa luta pra lutar contra o racismo!”; carregamos faixas e cartazes contra os planos de restauração capitalista em Cuba pelo imperialismo e pela burocracia castrista, e em defesa das conquistas da Revolução Cubana, país em que ocorreu a primeira e até o momento, a única revolução socialista triunfante na América, com maioria da população negra; mas também denunciamos o papel da burocracia castrista pois nunca lutou para reverter o desnível social entre negros e brancos e hoje, mais uma vez, dirige-se contra as conquistas da revolução armando grandes ataques ao povo e aos trabalhadores cubanos, como o anunciado projeto de 500 mil demissões.

Todos numa só voz cantamos “Fora já! Fora já daqui! Polícia das favelas e as tropas do Haiti!”. Ousamos marchar contra a violência às mulheres, e em defesa do direito ao aborto. E em coro contagiamos parte dos presentes na marcha e pedestres ao redor, gritando “Abaixe o Vestibular! O povo negro tem o direito de estudar!”.

Com muito orgulho, nós militantes da LER-QI tentamos demonstrar que é possível construir organizações revolucionárias, desenvolvendo uma sensibilidade de atuarmos unificando as fileiras, aliados aos setores mais oprimidos e explorados da sociedade. Convidando os negros a refletirem a respeito das estratégias e táticas aplicadas pelos movimentos negros de conjunto até o momento, tirando lições das conquistas e derrotas, para construírmos em perspectiva independente da burguesia e seus governos, a reorganização dos negros, atuando organicamente nas organizações operárias, estudantis, movimentos populares, com uma prática militante em base aos métodos da luta de classe.

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