Sexta 3 de Maio de 2024

Movimento Operário

METRÔ | SÃO PAULO

Em menos de uma semana, cinco trabalhadores perdem suas vidas na CPTM!

24 Nov 2011 | *Cinco dias após escrevermos a nota abaixo denunciando as três mortes ocorridas na CPTM, mais dois trabalhadores perdem suas vidas nos trilhos de trem. Com mais de 30 anos de casa, mais dois são atropelados e assassinados pela precarização das condições de trabalho. Até agora nenhuma medida concreta foi tomada pelos sindicatos da CPTM. Chamamos todos sindicatos da CPTM, e também o sindicato dos Metroviários de São Paulo, dirigido por setores da esquerda como Conlutas e Intersindical, a construírem um ato em repudio as mortes na CPTM.   |   comentários

Na madrugada de domingo (27/11), por volta de 4h30 da manha, três companheiros foram atropelados e morreram enquanto trabalhavam em uma linha de trem da CPTM. Um técnico da CPTM, Sérgio Eduardo Batista de Souza, e mais dois trabalhadores que prestavam serviço pela empresa espanhola CAF (multinacional que fornece os novos trens para a CPTM e para o Metrô), Jose Julian de Dios Clarament e Luís Alves de Souza. Cinco dias após escrevermos uma nota (...)

Metroviários da LER-QI

Na madrugada de domingo (27/11), por volta de 4h30 da manha, três companheiros foram atropelados e morreram enquanto trabalhavam em uma linha de trem da CPTM. Um técnico da CPTM, Sérgio Eduardo Batista de Souza, e mais dois trabalhadores que prestavam serviço pela empresa espanhola CAF (multinacional que fornece os novos trens para a CPTM e para o Metrô), Jose Julian de Dios Clarament e Luís Alves de Souza. A empresa logo soltou uma nota dizendo que já está prestando todo o suporte às famílias e que também irá “apurar os motivos do descumprimento das normas de segurança”. Ao contrário do que pretende a empresa e a mídia, tratar essas como mais “três” mortes supostamente causadas pelo “descumprimento das normas de segurança”, a verdade é que essas mortes se inserem num contexto nacional em que a precarização do trabalho nos leva cada vez mais a bater recordes de acidentes e de mortes nos locais de trabalho.

Segundo dados do INSS, entre 2007 e 2009 aconteceram mais de 2 milhões de acidentes de trabalho no país, mais de 8 mil mortes deles decorrentes e condenando à invalidez permanente mais 35 mil pessoas. Essa é a realidade de um país em que, apesar da propaganda do governo a respeito do nosso ininterrupto crescimento, esse crescimento é sustentado em “pés de barro”, com a proliferação do trabalho precário, terceirizado, semi-escravo, que leva cada vez mais trabalhadores a perderem suas vidas e seu sangue enquanto os patrões enchem os bolsos de lucro.

De quem é a culpa?

Todo trabalhador sabe que os ritmos impostos nos mais diferentes locais de trabalho nos obrigam constantemente a estarmos à margem de qualquer “norma” de segurança. Essa é uma tática muito útil dos patrões para maximizar seus lucros. Por um lado a patronal economiza o máximo possível em treinamento, condições e materiais de segurança para nosso trabalho, além de reduzir ao máximo a mão de obra, o que por um lado traz economia para os investimentos, e por outro, obriga os trabalhadores a descumprirem as próprias “medidas de segurança” imposta pelas empresas para que o trabalho “saia”. Isso tudo se liga ao fato de que as extenuantes jornadas, ligadas às péssimas condições de trabalho, impõem aos trabalhadores pressões físicas e psicológicas que cada vez mais geram acidentes. Todos esses são mecanismo a serviço de inocentar os patrões da culpa por qualquer acidente, escondendo que por trás das milhares de mortes dos nossos irmãos, está uma política de superexploração para a maximização dos lucros.

Exemplo concreto desse caso é o acidente na estação Barra Funda onde dois trens da CPTM colidiramem julho, levando mais de 50 passageiros ao hospital. A falta de investimento do governo, que leva a situações de risco aos usuários e trabalhadores, foi paga pelo condutor do trem demitido e culpado pelo caso.

Não podemos aceitar de cabeça baixa que nossos companheiros sigam morrendo nos locais de trabalho! È fundamental lançarmos uma ampla campanha contra os acidentes de
trabalho, e a morte dos nossos companheiros de classe!

Chamamos os sindicatos da CPTM, mas também os demais sindicatos de transporte público,
principalmente o Sindicato dos Metroviários dirigido por setores da CSP-Conlutas e Intersindical, a uma ampla campanha de denúncia das mortes nos locais de trabalho!

Achamos fundamental levantarmos uma comissão independente de trabalhadores, usuários e familiares, para averiguar as causas desse acidente. Não podemos deixar as investigações nas mãos da Polícia Ferroviária, órgão na mão e a serviço de toda essa política de precarização da patronal. Ao contrário do que diz a empresa, prestar solidariedade às famílias dos nossos companheiros mortos só pode se dar no marco de uma luta contra a precarização das condições de trabalho, a terceirização que assassina trabalhadores no país inteiro e de uma campanha contra essas mortes, visando acabar com essa realidade em nosso país. Por isso chamamos os sindicatos da CPTM e do Metrô a impulsionar essa ampla campanha contra a precarização do trabalho, começando pela solidariedade de fato e de classe aos familiares e convocando atos e mobilizações no local do acidente na própria CPTM, que demonstrem a irresponsabilidade da CPTM e do governo do estado que matam os trabalhadores com sua política de precarização e privatização.

Nós, trabalhadores da LER-QI, nos somamos à campanha contra mais esse assassinato do capitalismo.

 Nenhum mais trabalhador morto!
 Pelo fim da precarização e terceirização!
  Por uma comissão independente de trabalhadores e usuários e familiares para apurar essas mortes!
 Toda a responsabilidade é da CPTM e do Governo do Estado!

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