Segunda 6 de Maio de 2024

Juventude

BALANÇO DAS ELEIÇÕES DO DCE DA USP

É preciso constituir a unidade do movimento estudantil contra Rodas e a repressão

06 Dec 2010   |   comentários

Na semana passada aconteceu as eleições para o DCE da Usp. A chapa “Todas as Vozes”, composta pelo PSOL – MES, APS, CSOL, LSR e Rosa do Povo –, PCB, Refundação Comunista e Consulta Popular, venceu o processo com 51% dos votos. No atual contexto desta universidade, em que a reitoria avança na sua transformação em chave privatista e conservadora, é fundamental entendermos qual é o significado da reeleição da chapa de situação do DCE.

Durante todo este ano a atual gestão foi um entrave para a mobilização dos estudantes. Desde a calourada, financiada pela reitoria, e até mesmo durante a importante greve dos trabalhadores no meio do ano, a política da gestão do DCE, dirigida pelo PSOL-MES, foi a de não discutir com os estudantes os principais problemas da USP e de não organizá-los para enfrentar Rodas e o governo do estado. Se negando a convocar assembléias, não construindo a solidariedade ativa à retomada do Bloco G do Crusp e à mobilização dos trabalhadores em luta na defesa da educação e pela isonomia salarial, o DCE construiu e reafirmou a passividade, o conformismo e a despolitização entre os estudantes, terreno fértil para o avanço da direita e da reitoria.

Em consonância com o clima político nacional reformista, em que se acredita que tudo pode melhorar gradativa e pacificamente, sem o combate intransigente da ordem, essa subjetividade, que primou nas eleições burguesas, também se fez sentir na USP. Mesmo diante da reorganização da direita do ME (que se dividiu em 3 chapas, contando com ativistas do PSDB, DEM, PP, União Cristã Conservadora - estes últimos militando contra o direito democrático de greve e do aborto), das agressões às mulheres e homossexuais na universidade, do avanço da repressão, da criação do 1º curso de graduação privado da Usp, da aprovação da Univesp e da “reforma universitária” de Rodas, a maior parte dos estudantes segue acreditando que é possível manter a universidade pública, gratuita e de qualidade com o programa e a direção do PSOL-MES. Por outro lado, um setor importante dos estudantes, descontentes com a atuação do DCE, votou na “A USP que queremos”, composta pelo PSTU, que conformou com independentes a principal chapa de oposição. Mas infelizmente eles também não levantaram até o final um programa que pudesse colocar os estudantes na ofensiva. Em uma campanha bastante institucional, adaptada à consciência média da juventude, não havia propostas claras de como enfrentar a repressão na universidade, como democratizá-la radicalmente em seu acesso, funcionamento e permanência, além de defenderem “uma guarda universitária preventiva”, como se o braço repressivo da reitoria pudesse garantir a segurança dentro do campus.

Diante dos ataques de Rodas e do governo, dos desafios que temos os estudantes e trabalhadores combativos, é preciso nos organizarmos em base a um programa e uma prática política radicalmente diferentes daqueles que pautaram as eleições! A nossa principal e mais urgente tarefa é defendermos todos juntos os lutadores da USP! Por isso precisamos ampliar a campanha contra a repressão aos estudantes do Crusp e da ocupação de 2007, aos trabalhadores, ao Sintusp e seus diretores e aos professores! Rodas se respalda no decreto 52.906, escrito sob a vigência do AI-5, para perseguir aqueles que defendem a educação pública! Devemos organizar a luta pela retirada deste decreto e de todos os processos repressivos! É preciso também combatermos em unidade a reforma de Rodas e a Univesp com um projeto de universidade radicalmente diferente! Basta de elitismo e racismo na USP! De nossa parte, a partir da construção do Bloco ANEL às Ruas, colocamos que uma USP de fato pública só pode ser construída a partir da luta, em aliança com a esmagadora maioria da juventude que não tem acesso ao ensino superior, pelo fim do vestibular, por mais verbas públicas para a educação pública, pela permanência estudantil para todos que precisem! A Usp precisa ser de fato democrática, o Conselho Universitário precisa ser dissolvido e substituído por uma democracia radical, para que estudantes, funcionários e professores, em conjunto com a população trabalhadora que financia a universidade, possamos definir os seus rumos, para que ela esteja de fato à serviço da maior parte da sociedade em seu ensino, pesquisa e extensão.

Nós, do Bloco ANEL às Ruas, viemos fazendo esse chamado de unidade para a conformação de chapas de combate. Mas isso ainda não se concretizou. Reafirmamos este chamado, em especial aos companheiros do PSTU, com quem construímos a Anel, e que se incorporem de fato ao comitê unificado e permanente contra a repressão, para que possamos consolidar a construção desta entidade na luta contra Rodas e a repressão! Por fim, exigimos que DCE da USP se comprometa neste combate! Até agora as principais ações de mobilização e da campanha democrática dos estudantes foram tomadas por fora desta entidade. Já é hora da gestão do DCE colocar o mesmo empenho político que demonstrou nas eleições para combater os ataques da reitoria! As entidades devem ser um pólo militante na nossa organização para transformação radical da universidade!

ÚLTIMO MOMENTO: Morador do CRUSP não é atendido e morre em frente à Reitoria da USP

No dia 02 de dezembro por volta das 10h um estudante e morador do CRUSP teve um ataque e morreu em frente à Reitoria da USP. A própria Reitoria, o Resgate e o Hospital Universitário foram chamados, mas não apareceram para tentar garantir a vida do estudante. O ocorrido na manhã desta quinta-feira é um retrato escandaloso da desigualdade dentro da universidade. Mostra como a Reitoria é omissa para ajudar a salvar a vida de um morador do CRUSP, num momento em que é bastante "ágil" para punir todos os moradores que lutam por mais moradia estudantil. Repudiamos a omissão da Reitoria e nos solidarizamos com a família e os amigos de Samuel de Souza. Continuamos na luta em defesa dos perseguidos e contra as arbitrariedades da Reitoria.

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