Terça 16 de Abril de 2024

Movimento Operário

PROFESSORES SÃO PAULO

PSDB mais uma vez ataca dos professores de SP e a direção majoritária da Apeoesp só no “blá-blá-blá”!

11 Aug 2011   |   comentários

Depois do engodo do reajuste parcelado de nosso salário, acordado com a direção majoritária da Apeoesp – a Chapa 1, Art/Sind – começamos o 2º semestre com mais um ataque tucano contra o professorado paulista: o governo aprovou a divisão de nossas férias entre janeiro e julho (15 dias cumpridos em cada mês), realocando o recesso do meio do ano para o início. Concretamente isso significa que iremos perder metade de nossas férias, uma vez que o recesso em janeiro será utilizado para a atribuição de aulas e reorganização da escola. Se já não bastasse os salários aviltantes, salas lotadas e as péssimas condições de trabalho que sucateam a qualidade da educação pública e adoece os professores, agora o governo tenta nos impor mais um duro golpe.

Enquanto isso, a presidenta da Apeoesp, Bebel, em mais uma bravata das clássicas, disse ao editorial da Folha de São Paulo do dia 18/07, que haverá “enfrentamento” (sic). Outra vez a direção majoritária de nosso sindicato mostra para quê serve: frear a mobilização real dos professores. Ao invés de organizar o professorado paulista para lutar conseqüentemente por suas justas reivindicações pelo salário mínimo do Dieese, pelo cumprimento de 50% da jornada fora da sala de aula, pela redução do número de alunos por sala, pela liberdade de cátedra e, assim, pela melhoria real da educação pública, segue em sua política de “acordo de paz” com Alckmin, organizando um plebiscito, que consultaria a comunidade escolar sobre a divisão das férias. Além disso, deixou a assembléia, que deveria ser o espaço de discussão e deliberação política da categoria, para o início de setembro, tal como fez em nossa data-base, quando aprovou-se o falacioso reajuste parcelado. Tudo isso em um momento nacional e internacionalmente favorável para a discussão sobre a educação pública e a mobilização em sua defesa. A política da ArtSind, criminosa em si mesma, além não se dar a tarefa de mobilizar os professores em defesa de suas próprias reivindicações, aprofunda o corporativismo na categoria. Desde o início do ano vemos inúmeras greves de trabalhadores da educação – estaduais e municipais – pipocar em nosso país: RJ, MG, SC, CE, AP, MT e RN, sem falar da greve de nossos “vizinhos” das ETECs. Quais foram as medidas concretas que a Apeoesp tomou para apoiar a luta de nossos colegas? Nenhuma. E por quê? Porque a direção majoritária do sindicato se mantém enquanto uma burocracia construindo a passividade dos professores, cristalizando as recentes derrotas da categoria – decorrente da política traidora da ArtSind – em uma concepção, tão presente na maior parte do magistério paulista, de que “não é possível fazer muito”. Ao invés de travar uma luta política na Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação (CNTE) pela convocação de um encontro nacional de professores, para coordenar nossas lutas, definir pautas em comum e lutarmos em conjunto em defesa da educação pública e da melhoria de nossas condições de trabalho, Bebel e companhia limitada se calam, mantendo o professorado paulista, tão atacado pelos tucanos, isolado. Como se não bastasse, transferem a lógica de urna da democracia burguesa para dentro do sindicato: “professor, se você não concorda com a divisão das férias, participe do plebiscito e vote NÃO”. A Chapa 1/ArtSind anda de mãos dadas com o governo federal do PT. Aceita passivamente o corte de 3,1 bilhões para a educação realizado esse ano pela Dilma, as doações e empréstimos bilionários para as empresas das obras da Copa e Olimpíadas – empresas como Camargo Correa e Odebrecht, que receberam 7,1 bilhões do BNDES ao mesmo tempo em que foram denunciadas ao ministério público por trabalho escravo. Ao apoiar esse governo da falácia do “Brasil emergente”, que na verdade é um Brasil de analfabetos funcionais, a direção majoritária da Apeoesp fica de mãos atadas, pois a única possibilidade de lutar conseqüentemente contra os ataques aqui em SP é também lutar contra as determinações do governo federal.

Nós, da corrente Professores Pela Base, nos colocamos em uma perspectiva totalmente distinta. Em primeiro lugar, dizemos claramente que os professores devemos confiar em nossas próprias forças! A nossa força está na união da categoria! Precisamos lutar juntos – efetivos, OFAs, substitutos, eventuais – contra o governo do PSDB, que não se cansa de nos atacar, demonstrando seu ódio pela educação pública e comprometendo o futuro de nossa juventude! Mas precisamos ter clareza também do papel de freio que a Chapa 1/ArtSind cumpre nesse sentido. É preciso combatê-la! Para sermos vitoriosos em nossa luta, precisamos forjar uma ala de professores que se paute em outra prática política – a organização e mobilização pela base de nossa categoria -, que enfrente também o governo Dilma, que nos ataca ao cortar mais de R$ 3 bi da educação! Construamos um pólo conseqüentemente anti-governista e anti-burocrático no magistério paulista!

Sob essas bases políticas é que dizemos que é possível, desde já, tomarmos medidas reais e efetivas para barramos a divisão de nossas férias! Basta de substituir a mobilização real dos professores, nas ruas, ao lado da comunidade escolar, por urnas e pressões a deputados! A convocação de nossa assembléia para o dia 2/9 é um escândalo. Assembléia já! Que a Apeoesp se dirija à classe trabalhadora e ao povo pobre, cujos filhos estão em nossas salas de aula, denunciando os ataques à educação pública e convocando uma ampla campanha em sua defesa!

Cabral no RJ e Anastasia em MG seguem o exemplo de Serra em nossa greve no ano passado, cortando o ponto dos professores em luta! Por uma ampla campanha em defesa do direito de greve!

Durante a nossa greve do ano passado, em que mais de 60 mil professores foram para as ruas lutar por melhores condições de trabalho e ensino, o então governador José Serra atacou o direito democrático de organização política dos trabalhadores, impondo – sem nenhuma reação da Apeoesp – o corte do salário e descontando faltas em nossos livros-ponto. Agora Anastasia, governador de Minas, também do PSDB, adota a mesma medida contra os nossos colegas em greve no estado vizinho! A política dos tucanos é clara: ataque à educação e perseguição àqueles que resistem! Eles se aproveitam também das divisões entre os professores e fica claro que nos separar em categorias diferentes – efetivos, substitutos e eventuais – não atende apenas a necessidade dos governos em diminuir os gastos com a educação. Serve também para nos dividir politicamente. Segundo o jornal Estado de Minas [1] , a Secretaria de Educação se prepara para contratar professores precários para substituir os grevistas! Nos dividem para atacar a educação pública, arrochar nossos salários e dificultar nossa unidade política!

No RJ, Cabral, o homem das UPPs, do Bope, das ocupações dos morros e comunidades e da base aliada de Dilma, lançou mão do mesmo ataque para frear a mobilização dos trabalhadores da educação em seu estado. Ameaçou o corte do salário e a imputação das faltas. Dias depois recuou deste ataque, no entanto declarou que o servidor que ainda estivesse parado neste 1º de agosto, teria falta descontada, mantendo, assim, a postura ingerente quanto à luta dos professores! Nesse marco, o Sindicato Estadual dos Profissionais da Educação (SEPE), dirigido pela esquerda (Psol e Pstu), poderia ter se localizado como a ponta de lança de uma campanha nacional em defesa do direito de greve dos professores e dos trabalhadores, que incorporasse setores anti-governistas, como a CSP Conlutas, o magistério mineiro, e tantas outras categorias que sofreram com este mesmo golpe! Defender aqueles que lutam e as formas históricas de organização e combate da classe trabalhadora é uma tarefa fundamental! Sigamos o exemplo do Sintusp, que diante do corte de ponto de Rodas no ano passado, mobilizou os trabalhadores, fortaleceu sua greve e impôs o pagamento dos dias parados ao reitor!

Sabemos que o colapso econômico segue e que a burguesia e seus governos se preparam para descarregar em nossos ombros o ônus de sua crise, como já acontece na Grécia, Itália, Espanha e EUA. Dilma começa seu governo cortando mais de 50 bilhões do orçamento público e, como demonstramos em outras matérias deste jornal, as perspectivas para a economia mundial e brasileira são a da recessão. Os trabalhadores precisamos nos preparar para momentos agudos e polarizados da luta de classes, em que tentarão nos impor ataques ainda mais duros! Somente a nossa resistência, pautada na unidade de nossas fileiras e no exercício dos instrumentos históricos dos trabalhadores, como as greves e mobilizações de rua, é pode frear os golpes e nos colocar na ofensiva em defesa dos direitos sociais do povo, como é a educação pública!

INTERNACIONAL: O capitalismo agoniza em sua crise, Piñera demonstra o caráter de classe do Estado chileno e de seu governo e a educação dos trabalhadores e do povo pobre entra na berlinda!

A corrente Professores Pela Base acompanha com entusiasmo a mobilização da juventude chilena em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade! Somamos nossas vozes à dos companheiros do Bloco Anel às Ruas e declaramos:
Nenhuma repressão às mobilizações da juventude chilena! Liberação imediata dos estudantes presos! Desmilitarização das ruas de Santiago! Unidade operário-estudantil em defesa da educação pública! Todo apoio à greve geral chamada para o dia 09/08!

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