Palavra Operária

No início de todo processo revolucionário, surgem novas forças na classe operária e na juventude radicalizada. A luta do povo de Oaxaca, do Sicartsa, e dos milhares de jovens que se mobilizaram com “a outra campanha” o demonstram. Frente a isso, uma tarefa fundamental é atraí-los para o programa do marxismo e para a tarefa de construir uma grande organização revolucionária.

Em nosso país existem várias organizações que se reclamam trotskistas. A LTS, o POS, a LUS, o GAR, entre outros grupos; inclusive o Militante (que faz entrismo permanente no PRD com o objetivo manifesto de aportar um “programa socialista” ao mesmo), se considera marxista; também o PRT, que teve um de seus militantes eleito pela sigla do PRD, se considera desta tradição. Existem também muitos grupos e coletivos que, sem se reivindicarem trotskistas, sustentam um programa contra o poder capitalista e uma perspectiva similar ou próxima da que desenvolvemos. E é muito provável que nas novas lutas surjam novos grupos que se orientem à esquerda. Entretanto, ainda que nós, das organizações de esquerda, participemos ativamente das ações do movimento operário e popular, não somos ainda um fator capaz de incidir decisivamente nas lutas que se avizinham.

E é urgente começar a avançar neste sentido, já que, como dizia León Trotsky, em uma revolução são necessárias três condições; o partido, uma vez mais o partido e novamente o partido. Só assim garantiremos que as energias que a classe operária dispenda não sejam levadas a armadilhas da conciliação de classes.

Por isso, é necessário abrir um amplo e profundo processo de discussão sobre qual deve ser o programa e a estratégia. Acreditamos que o processo revolucionário que sacode Oaxaca demonstra a necessidade de impulsionar a mobilização das massas, encabeçada pela classe trabalhadora com um programa operário e popular, pondo de pé organismos de auto-organização de massas, e apontando para uma greve geral política que permita a tomada do poder político pelos trabalhadores, única forma de acabar com a anti-democracia e a exploração. Frente à luta de Oaxaca, um forte partido revolucionário deveria impulsionar a incorporação dos trabalhadores de todo o estado em uma greve geral que golpeie decisivamente o governador Ulises Ruíz, como parte de uma luta nacional contra o regime e o governo, lutando para que a APPO avance a ser um organismo conformado por representantes eleitos nas estruturas e centros de trabalho. Esta estratégia requer lutar pela independência política e organizativa do movimento operário e contra a influência da direção do PRD e sua política de conciliação de classes.

Isto é diferente também do que defendem as direções reformistas no movimento operário, e oposto ao que defende a direção do EZLN, que nega a necessidade de que os trabalhadores lutem para conquistar seu próprio governo a partir da luta e da mobilização.

Este partido deve ser internacionalista, lutar por uma internacional revolucionária e por um programa para os principais fatos da luta de classes mundial, como é hoje a situação do Oriente Médio, ou frente aos governos pós-neoliberais como os de Chávez, Kirchner ou Evo Morales.

Opinamos que todas as organizações que se reivindicam marxistas revolucionárias, assim como aquelas organizações e indivíduos que coincidam com esta necessidade, devemos discutir quais são as bases programáticas e de prática política (fundada no centralismo democrático) de um partido de trabalhadores revolucionário, unificado e internacionalista. Esta proposta seguramente despertará o entusiasmo de muitos companheiros, e permitirá acelerar a tarefa de construir uma organização revolucionária.

A Liga de Trabajadores por el Socialismo – Contra Corriente (LTS-CC), é a organização irmã da LER-QI no México, e também faz parte da Fração Trotskista - Quarta Internacional

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