Sábado 27 de Abril de 2024

Juventude

ELEIÇÕES ESTUDANTIS

Construir chapas militantes contra a repressão nas universidades e nos bairros e favelas! Por um movimento estudantil combativo, antiburocrático e independente dos governos!

02 Nov 2012   |   comentários

Num momento em que a Grande São Paulo está atravessada por uma crise “da segurança pública” vivendo uma “guerra silenciosa” com toque de recolher e ocupações nas principais favelas, o movimento estudantil não pode ficar alheio a esta situação. É desde esta perspectiva que buscaremos levar adiante chapas combativas e antiburocráticas que se coloquem ao lado da classe trabalhadora contra os patrões e os (...)

A USP e Unicamp estão passando por processos eleitorais para o DCE (Diretório Central dos Estudantes). Com Haddad formado pela USP e Serra filho do Instituto de Economia da Unicamp, escancara-se o atual projeto de universidade, no que tange a formar gestores do Estado capitalista e os seus negócios. Seu caráter privatista e elitista fica evidente com essas universidades ocupando topo do ranking1 das maiores instituições patenteadoras de pesquisas para o setor privado. São pólos de “excelência”, onde a maior parte de sua pesquisa é destinada a atender interesses mercadológicos dos grandes monopólios capitalistas. Num momento em que a Grande São Paulo está atravessada por uma crise “da segurança pública” vivendo uma “guerra silenciosa” com toque de recolher e ocupações nas principais favelas, o movimento estudantil não pode ficar alheio a esta situação. É desde esta perspectiva que buscaremos levar adiante chapas combativas e antiburocráticas que se coloquem ao lado da classe trabalhadora contra os patrões e os governos.

Do questionamento da universidade de classes, ao questionamento da sociedade de classes

Queremos um movimento estudantil armado com um programa capaz de enfrentar o projeto de universidade levado à frente pelas burocracias acadêmicas. Este enfrentamento parte da resposta às questões mais sentidas pelos estudantes e pela comunidade universitária, como a repressão aos que lutam, a falta de professores, de moradia estudantil, de uma estrutura de poder democrática, de currículos que não sejam voltados para o mercado etc. Tem que partir da indignação e resposta ao racismo na universidade, que se expressa no fato de que os negros praticamente só entram nestas universidades para serem super-explorados nos trabalhos mais precários.

Mas nós, revolucionários, encaramos a luta por estas demandas ligadas a um questionamento de fundo do papel que o movimento estudantil pode vir a cumprir. O movimento estudantil pode e deve superar a tradição petista, se inspirando nos movimentos que a juventude está protagonizando internacionalmente e nos desafios que a situação nacional coloca, se aliando aos trabalhadores em suas lutas para preparar grandes batalhas.

Para responder a estes desafios, nós da LER-QI, junto à Juventude Às Ruas, impulsionaremos chapas militantes para disputar essas eleições por uma concepção de entidades antiburocráticas, através de seus métodos de auto-organização e de apoderar os estudantes das decisões centrais em base às assembleias, que rompam com todo imobilismo das direções que buscam somente estar nas entidades por estar.

Fora PM da São Remo, dos bairros e da USP!

Está chegando o dia 08 de novembro, quando completa-se um ano da luta contra a presença da PM na USP. Esta luta teve uma dimensão nacional e significou a prisão de 73 estudantes e trabalhadores que hoje sofrem processos administrativos. De lá para cá muitas coisas aconteceram para desmascarar o verdadeiro papel da polícia na sociedade. Por isso, a luta dos estudantes da USP ganha ainda mais importância, num momento em que vários bairros e favelas de São Paulo estão ocupados, e particularmente a favela da São Remo, ao lado da USP, onde moram centenas de trabalhadores terceirizados da própria USP, está ocupada pela PM numa “operação” contra o “narcotráfico”. As capas dos jornais aparecem com a denúncia de um suposto “túnel” de venda de drogas na USP. Ora, o que o governo do Estado e a Reitoria querem é justificar a ação violenta, “mostrando serviço” no “combate ao crime” e abrindo espaço para o projeto da reitoria de “reurbanização” da São Remo, que significa a remoção de centenas ou milhares de famílias. Assim, “retomam” o discurso direitista que dizia que os estudantes queriam a PM fora da USP para poderem consumir drogas “livremente”.
Está colocado organizar uma ampla e democrática campanha contra a violência policial dentro e fora da USP, pelo fim imediato da ocupação na São Remo – assim como das outras favelas, como Paraisópolis -, fora a polícia dos bairros, favelas e da USP! Apuração e punição das execuções feitas pelos policias e esquadrões da morte! Fim do toque de recolher, das rondas e invasões das casas! Rodas, o que acontecer a algum estudante, funcionário (efetivo e terceirizado) ou professor, será culpa sua! Alckmin e o Secretário de Segurança são os responsáveis pelas mortes e pelo terror imposto pela PM! Se as eleições estudantis se colocarem por fora desta luta, não servirão para nada – como já podemos ver com a atitude do MES-PSOL (veja box nesta página).
A partir de nossas chapas defenderemos um programa que responda profundamente as contradições que permeiam a relação entre a USP e a São Remo. Fim do vestibular, para que a juventude pobre e trabalhadora entre na Universidade! Efetivação dos terceirizados, para que a maioria dos trabalhadores que moram na São Remo passe a ser funcionários efetivos da USP, sem necessidade de concurso público! Por um conhecimento a serviço dos trabalhadores e do povo pobre, para que os estudantes de Arquitetura e Engenharia possam contribuir na elaboração de verdadeiros planos de obras públicas!

Lutar contra a repressão aos lutadores!

Ao mesmo tempo, na USP, são cerca de cem estudantes ameaçados de expulsão, além dos seis que já foram “eliminados", em processos conduzidos por comissões “inquisitoriais”, em que a mesma reitoria acusa, julga e pune; há diversos funcionários ameaçados de demissão, entre eles a Diretoria do SINTUSP, além da demissão inconstitucional de Brandão que completa 4 anos e das ameaças a ADUSP. Nesta semana estudantes processados da Moradia Estudantil receberam a pena de 5 a 15 dias de suspensão, que não podem ser aceitas! O novo diretor da FFLCH-USP, de mãos dadas com Rodas, quer dividir a faculdade, para retirar recursos de cursos sem interesse do mercado, e desarticular a vanguarda do movimento; o projeto de privatização da universidade avança, com o desmonte da Prefeitura do Campus, a unidade que concentra a linha de frente das lutas dos trabalhadores, preparando demissões em massa, substituindo efetivos pela terceirização que semiescraviza, principalmente as mulheres e os negros. Rodas também prepara um projeto de autorreforma do Regime Universitário, com a possibilidade de restringir ainda mais a democracia na universidade e abrir a possibilidade de reeleição para Rodas. Participaremos das eleições para o DCE e CAs da USP construindo chapas que lutem para que as entidades estudantis estejam a serviço da luta de todos os estudantes, junto aos trabalhadores, para barrar esses ataques.
Na UNICAMP, impulsionamos junto a estudantes independentes a chapa “Prelúdio das Primaveras”, lutando para que o DCE – que, há anos sob a direção do PSOL, apresentando-se na chapa “Viramundo”, não cumpre qualquer papel na organização de uma luta dos estudantes – esteja a serviço de barrar a repressão e os processos políticos e de garantir moradia estudantil, que além de escassa, está prestes a desmoronar!

É preciso lutar pela dissolução das estruturas de poder herdeiras da ditadura militar

Com reitorias escolhidas pelo governo, concentrando todo poder, apoiadas nos conselhos universitários de representantes do empresariado, e por professores ligados, ou diretamente donos, das empresas terceirizadas ou ligadas às fundações que lucram com a universidade, e em regimentos como o da USP, instituído por decreto em 1972, durante a vigência do AI-5, e utilizado como base para os processos em curso. Para democratizar o poder não basta ter eleições para reitor, como propõem o PSOL e o PSTU – sem sequer um voto por cabeça, pois seriam paritárias, ou seja, com o voto de um professores valendo o de cerca de 5 funcionários ou 15 estudantes; é preciso lutar pela dissolução do reitorado e dos C.O.s, por assembléias estatuintes livres e soberanas, apoiadas na mobilização. Defendemos que a universidade seja dirigida democraticamente por um governo tripartite que para ser democrático deve ter maioria estudantil.

Cotas proporcionais para negros no marco da luta por uma educação pública e gratuita para todos

Para combater o avanço privatista na educação e desmascarar a farsa petista do acesso à educação, não basta lutar pelos mesmos 10% do PIB “Já!”, como propuseram PSOL e PSTU na greve das federais. É preciso questionar o conteúdo de classe da universidade e os lucros dos capitalistas do ensino, que lucram com a pesquisa, lutando pelo fim do vestibular através da estatização do ensino privado. Esta luta é a que pode resolver o problema estrutural do caráter racista e elitista da universidade, mas, enquanto isso não é tomado por setores de massa, lutamos por cotas para negros proporcionais à composição de cada estado, e não apenas uma parte das já poucas vagas que o governo vai destinar através das cotas sociais. A recusa da esquerda em levantar estas demandas, em meio a uma das maiores greves federais dos últimos anos, sob argumento de que por esse meio é impossível mobilizar o estudantes – ainda que sabemos que não são lutas imediatas – se mostra falsa, como provam as lutas no Chile. Impediram que os estudantes se armassem com um programa que os possibilitasse arrancar a bandeira da democratização da universidade do governo e se aliar com setores que estão fora da universidade pública.

Por um movimento estudantil aliado aos trabalhadores e independente em relação a todos os governos

Precisamos de entidades que sejam parte de uma resposta profunda aos problemas que não podem ser respondidos nem pela oposição burguesa encabeçada pelo PSDB, que vem de sofrer importantes derrotas nas últimas eleições, nem pelo PT, que foi o partido que mais se fortaleceu. Precisamos de um movimento estudantil que seja independente em relação a todos os governos e aliado aos trabalhadores para enfrentá-los. Foi na juventude que se expressaram grande parte daqueles que votaram nulo, branco, no PSTU e PCO, e até no PSOL com ilusões, ou que simplesmente não foram votar. Essa é uma importante expressão de questionamento ao regime e de que vários setores não perdoam o PT, que é marcado pelo mensalão, pelo ataque ao povo indígena, pela não concessão do direito ao aborto, pelo trabalho precário, pelo ataque ao direito de greve do movimento operário, e tantas outras questões que poderíamos enumerar que a juventude e o povo sentem depois de mais de 10 anos do PT no governo federal, como partido da ordem.

Nos inspiramos na juventude que sai às ruas em todo o mundo

A juventude que assumiu a linha de frente das mobilizações internacionais são uma fonte de inspiração para as batalhas que nós, como parte do movimento estudantil, queremos travar, superando as marcas que deixaram os anos do neoliberalismo, marcados pelo imobilismo ou pela miséria do possível. Vão às ruas para garantir o futuro que lhes foi roubado.
Um dos exemplos que temos mais próximo, também pelo avanço que teve por lá a educação privada, como no Brasil, é no Chile, onde centenas de milhares de estudantes se enfrentam diretamente com o regime herdeiro da ditadura e saem a lutar. Com o apoio de um amplo setor da população, exigem nada menos do que o direito a educação pública e de qualidade para todos, o que aqui é visto como uma “utopia inalcançável”. Para além do exemplar movimento estudantil chileno, a luta do movimento estudantil no México e Canadá, também massiva e apoiada por amplos setores da sociedade, se enfrentou diretamente como seus governos, responsáveis primeiros pela precarização e o desmonte da educação pública.

É por estes exemplos, e também pela história do movimento estudantil, que deixou marcada grandes mobilizações como o maio de 68 na França, que o movimento estudantil tem muito a aprender das lutas internacionais.

Por um pólo consequentemente antigovernista no movimento estudantil, um chamado ao PSTU e aos independentes combativos

Queremos nos fundir com setores avançados da vanguarda estudantil, para lutar pra que as entidades não sigam sob a direção nem das alas governistas que se aliam à burocracia universitária, nem reformistas, como o PSOL, que tem atuado na contramão da construção de qualquer luta séria. Não é possível enxergar uma alternativa à subversão do atual projeto de universidade com o governista Levante Popular da Juventude. Em entrevista à Carta Maior2 , dirigentes do Levante falam do objetivo de construir um projeto popular para o Brasil, que consistiria num projeto de democracia contra os setores da direita neoliberal, sem qualquer tipo de delimitação de classe com os supostos setores “progressistas” da burguesia brasileira. Na prática, é um movimento ligado ao PT, que cumpre o papel de fomentar ilusões no governo, em sua Comissão Nacional da Verdade pactuada com os militares, em legitimar seus ataques à educação e à juventude e reconstruir o “governismo” nos setores do movimento estudantil em que este havia sido varrido, como as universidades estaduais paulistas. Estes, junto à APS (PSOL) conformam na USP a agrupação “Universidade em Movimento”, e vão sair direto da campanha Haddad-Maluf para as eleições estudantis.

A partir dos fundamentos políticos e programáticos que aqui colocamos, dialogamos com todos aqueles setores que estejam dispostos a levar adiante acordos programáticos principistas para atuação e frente única nas entidades estudantis.

Chamamos os companheiros do PSTU a romper com sua política de seguidismo em relação ao PSOL, que se expressa tanto nas entidades em que compõem conjuntamente com eles a gestão, quanto onde são oposição. Na USP, por exemplo, o PSTU se nega a fazer uma luta política em relação ao MES, que é claramente um entrave ao movimento estudantil. Enquanto se negam “como princípio” a qualquer tipo de unidade com os setores combativos como os com que nos ligamos, estão dispostos a tudo para se unificar com o PSOL? É preciso dizer claramente: este seguidismo ao PSOL só tem levado a capitulações por parte do PSTU. Não tiram lições do que significa a adaptação ao PSOL em Belém onde o PSOL se ligou ao lulismo e recebeu dinheiro das empreiteiras? Rompem com o PSOL em Belém porque se aliou com Lula, mas não em São Paulo que fizeram campanha pro Haddad-Maluf? Vão continuar seguindo um partido que em Macapá se alia com a oposição burguesa, incluindo o DEM? Chamamos o PSTU a romper com essa política e debater ampla e abertamente junto aos setores de vanguarda o programa e as tarefas para avançar para chapas unificadas dos setores combativos, para lutarmos juntos para transformar as entidades estudantis para a luta dos estudantes! Uma política desse tipo permitiria fortalecer a construção da ANEL, ou se trata de uma questão menor isso para o PSTU? Além do PSTU, na USP existem outras pequenas correntes que são anti-governistas mas que, apesar da verborragia, não apresentam uma prática consequente que queira se transformar em alternativa real para os estudantes. Chamamos todos os independentes a debater as questões que aqui pontuamos e a organizar grandes chapas e campanhas militantes que possam aportar para uma nova tradição no movimento estudantil!

Juventude Às Ruas na luta contra a violência policial na São Remo!

Enquanto realizava-se a Assembleia Estudantil da Letras para discutir calendário eleitoral (!) na última quarta-feira, a favela da São Remo permanecia ocupada. Por isso, levamos a proposta de no encerramento transformá-la numa passagem em sala de aula para debater com os estudantes os assassinatos e as violações de direitos humanos (veja nota no blog da Juventude às Ruas). Somente o MES (PSOL) se negou a participar da passagem, ficando claro que seus objetivos com a Assembleia eram meramente eleitorais. A receptividade de professores e alunos em sala de aula foi muito grande, e chamamos todos para participar da Reunião aberta contra a violência policial e o desalojamento da São Remo convocada pelo Sintusp e pela Associação de Moradores da São Remo na próxima segunda-feira dia 05/11 às 16h no Sintusp.

Denunciando a intelectualidade que se aliou à Haddad-Maluf!

A intelectualidade petista criou argumentos mirabolantes para justificar uma aliança de Fernando Haddad do PT com Paulo Maluf, criador da Rota que neste momento está assassinando a população pobre da São Remo. Tudo isso pelo suposto “mal menor” ou pelo suposto “progressismo”! Fizeram uma atividade na USP e tiveram que aguentar a “desagradável” presença dos militantes da Juventude Às Ruas, que fizeram questão de “lembrar” a aliança espúria com Paulo Maluf rememorando suas famosas frases como “estupra, mas não mata”. Resta saber agora, nestas eleições estudantis, como a chapa pró-Haddad-Maluf “Universidade em Movimento” (APS-PSOL, Consulta Popular e Levante Popular) vai explicar para os estudantes que uma chapa que fez campanha por uma coligação com Maluf (Rota!) pode dirigir o movimento estudantil da USP justamente quando sua primeira tarefa é uma grande campanha democrática contra a violência policial (Rota!) e em defesa da população da São Remo.

Passagem em sala com os trabalhadores terceirizados da Façon-Metrô de São Paulo

A mesma juventude que esteve na linha de frente da luta com as trabalhadoras e trabalhadores terceirizados da Dima, União e BKM na USP, foi a juventude que atuou lado a lado aos trabalhadores quarteirizados da empresa de construção civil, Façon, que presta serviço para o Metrô de São Paulo. Juntos, trabalhadores e estudantes passaram em sala de aula para arrecadar o fundo de solidariedade e divulgar esta luta.

Construindo o Ciclo “Por que Trotsky?” na USP

O último Encontro da Juventude Às Ruas que reuniu mais de 200 estudantes e jovens votou apoiar e construir o Ciclo “Por que Trotsky?” organizado pela LER-QI. A primeira sessão, com mais de 150 pessoas, discutiu a Revolução Russa e a teoria da revolução permanente de Leon Trotsky, e no próximo dia 8 estaremos discutindo a atualidade do trotskismo frente à crise!

1 http://ruf.folha.uol.com.br/noticias/1145230-unicamp-e-a-universidade-brasileira-que-mais-cria.shtml

2 Entrevista disponível em http://www.cartamaior.com.br/templates/buscaExecutar.cfm

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