Sexta 26 de Abril de 2024

Movimento Operário

COMO ESTÃO OS METROVIÁRIOS APÓS AS DEMISSÕES

Ninguém fica pra trás!

29 Jul 2014   |   comentários

A derrota que sofremos com as 42 demissões abriram caminho para o Metrô, no pós-greve, avançar sobre a categoria impondo um clima de terror na base, através do desconto dos dias da manutenção e da segurança, um forte assédio nos locais de trabalho pelas chefias, tentativa de colocar câmeras nas cabines dos trens, restrição do acesso aos demitidos nas áreas internas, proibição de manifestação não autorizada nas dependências do metrô, intimação para os (...)

A derrota que sofremos com as 42 demissões abriram caminho para o Metrô, no pós-greve, avançar sobre a categoria impondo um clima de terror na base, através do desconto dos dias da manutenção e da segurança, um forte assédio nos locais de trabalho pelas chefias, tentativa de colocar câmeras nas cabines dos trens, restrição do acesso aos demitidos nas áreas internas, proibição de manifestação não autorizada nas dependências do metrô, intimação para os demitidos prestarem depoimento na DELPOM (Delegacia de Polícia do Metrô), além da militarização do Metrô, que se iniciou em meio à nossa greve e, mesmo depois da Copa do Mundo, segue fortemente nas estações e nos pátios. O tucanato rasga o direito de greve dos metroviários como parte de uma politica nacional de um setor da burguesia para tentar disciplinar o conjunto do ativismo operário que nasceu pós-junho, tratando-os como "vândalos", e que se expressa em outros lugares, como na USP, com a prisão do trabalhador Fábio Hideki, e na recente demissão de Adailson, uma das principais lideranças da greve dos rodoviários no inicio desse ano em Porto Alegre.

O que a empresa faz hoje é tentar consolidar a derrota que o governo tucano de Alckmin impôs à nossa greve, na qual o Sindicato dos Metroviários, com o PSTU e PSOL à frente, não esteve à altura da disposição de luta da categoria (ver balanço "Por que os metroviários não venceram?" em nosso site). A estratégia do Metrô é desmoralizar os demitidos e a categoria para que os trabalhadores tirem a conclusão de que lutar não vale a pena. Entretanto, na base em cada área também é possível ver que há um grande clima de rechaço às demissões, de ódio a esse governo que reprimiu com seus cães de guarda da PM os combativos piquetes na Estação Ana Rosa. Justamente por isso, rapidamente a empresa teve que retroceder em 2 demissões que havia feito por "engano". Há um grande espaço para impulsionar uma campanha política na categoria para reverter as demissões, e desde a agrupação Metroviários Pela Base estamos na linha de frente dessa batalha. Não à toa estamos nos fortalecendo junto a um amplo de setor de trabalhadores, dezenas que vêm tirando conclusões à esquerda de todo o processo.

Marilia Rocha - Delegada Sindical do Trafego da L3 vermelha e demitida política

"Devemos construir uma forte campanha dentro da categoria contra as demissões. Correndo por todas as áreas podemos perceber a solidariedade de todos os trabalhadores, expressa não só na campanha financeira pelos demitidos, com arrecadações que ultrapassaram 2 mil reais na Estação Sé e Santa Cruz, na coleta de abaixo assinados, e em todos os cantos sentimos que cada trabalhador percebe a necessidade de lutar pela readmissão como elemento central para definir a postura dos metroviários nos próximos embates contra o governo. È fundamental o sindicato sair da passividade, lutando contra a diretriz da empresa que quer impedir os demitidos de acessar locais de trabalho, além de colocar uma forte denúncia nos seus materiais exigindo de forma imediata o "Fora PM do Metrô". Além disso, hoje os trabalhadores da USP, a principal categoria que se solidarizou ativamente conosco, enfrenta uma das greves mais fortes da sua história, e corre o risco de terem seus dias descontados com mais de 60 dias de greve. Nos unifiquemos aos trabalhadores da USP numa forte campanha contra a repressão e pelo direito de greve. Se os companheiros derrotam o governo, nos fortalecemos aqui para lutar pela readmissão."

A falta que faz não existir uma grande campanha política pelo PSTU e PSOL a frente do Sindicato dos Metroviários

Quando encerraram a greve, Altino (PSTU) e Pasin (PSOL) disseram para a categoria que "não esqueceriam dos companheiros demitidos". Logo após, pudemos perceber que não passava de discurso vazio ao ver os materiais embelezando os resultados da campanha salarial. Combinado a isso, o pouco trabalho de base que existia do sindicato assustadoramente desapareceu. Pintam um cenário político no qual parece que estamos sob um regime fascista, onde tudo na luta de classes repentinamente girou à direita, como base para justificar sua passividade, quando não diretamente responsabilizam a base da categoria por não quererem lutar. O que restou foram apenas as campanhas eleitorais projetando os candidatos do PSTU e PSOL, onde a luta contra as demissões é feita apenas por "palanque", mas sem se materializar numa campanha de fato. Tanto o PSTU como PSOL possuem um aparato que seria capaz hoje de realizar uma grande campanha política, construindo ações a partir de métodos operários como greves, cortes de ruas, paralisações e atos, que poderiam fazer a diferença no difícil cenário político após as demissões. Entretanto, toda essa campanha se resume apenas a poucas fotos de alguns diretores de sindicato e figuras, sem nenhuma tentativa de envolver as bases de suas categorias.

Fica contrastante com o que uma corrente nova na categoria, como o Metroviários Pela Base, consegue impulsionar, e só evidencia que se, de fato, o sindicato estivesse mais ativo, o cenário atual poderia ser distinto. Nas duas principais da categoria, como o encontro dos metroviários demitidos e o ato pela readmissão na Estação Sé, nossa corrente foi a mais presente, representando mais de 60% dessas atividades, levando trabalhadores de base e delegações reais de trabalhadores e estudantes de diversos locais, cidades e estados. Seguiremos nessa forte batalha exigindo que o sindicato e as principais correntes políticas da esquerda antigovernista impulsionem de fato uma verdadeira campanha política pela readmissão dos metroviários. Luta essa que daremos também no 5º Congresso da FENAMETRO, onde proporemos um real plano de luta para os sindicatos de todo o país, para que os trabalhadores dos transportes estejam na linha de frente do combate às privatizações e à corrupção através de uma grande campanha pela estatização dos transportes sob controle dos trabalhadores e usuários.

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