Quinta 2 de Maio de 2024

Movimento Operário

SOLIDARIEDADE A LUTA DO POVO EGÌPCIO

Carta à Central Sindical e Popular Conlutas

12 Feb 2011   |   comentários

São Paulo, 11 de fevereiro de 2011

À Central Sindical e Popular Conlutas,

Nós, Diretores do Sindicato dos Trabalhadores da USP, resolvemos levar até nossa Central Sindical o posicionamento que chegamos diante da “Carta ao Consulado do Egito” datada de 01 de fevereiro de 2011, assinada pela CSP-Conlutas junto com a CUT e diversas outras entidades atreladas ao governo Dilma, entregue à Cônsul Ministra Plenipotenciária Amany Mohamed Kamal El Etr no Consulado da Republica Árabe do Egito no Rio de Janeiro.

Consideramos equivocado nos dirigir em carta formal ao representante de uma Ditadura, como a do Egito, que nesse momento acaba de ser destituido pela força combativa dos trabalhadores e do povo egípcio, pedindo que se “faça chegar até o governo Mubarák a nossa mensagem” quando o que deveríamos fazer, em primeiro lugar, seria exigir o rompimento de relações do governo Brasileiro com esta ditadura que já matou centenas de pessoas que se manifestam pelos seus direitos mais elementares e pela derrubada de Mubarak. Nos dirigir desta forma à Ditadura de Mubarak alimenta ilusões de que existe alguma via possível de “diálogo”, pois quem está a favor do diálogo com Mubarak termina, na prática, colocado-se por fora da justa e legítima luta do povo egípcio que exige Fora Mubarak.

Também, nos parece equivocado que o conteúdo da carta se remeta a necessidade de construir um “governo democrático que seja capaz de devolver aos egípcios todos os seus direitos usurpados”. Isso porque, até mesmo os dirigentes da burguesia e do imperialismo tem defendido como “saída” para o conflito no Egito a construção de um “governo democrático”, e neste sentido, nós, como uma Central Sindical e Popular que se reivindica classista, devemos começar por levantar claramente as bandeiras das massas egípcias que são: Fora Mubarák! Fora o imperialismo do Magreb, África e Oriente Médio! E a partir daí depositar toda a nossa confiança não na construção de um “governo democrático” - que só poderá ser um governo das alas burguesas e de traição dos desejos e da luta do povo egípcio - mas na saída que as próprias massas podem dar a partir deste processo revolucionário, que poderá ser calcado apenas na auto-organização das massas pobres e trabalhadoras, avançando para a única solução progressista, isto é, um governo dos trabalhadores e do povo pobre, que rompa com o imperialismo e o estado racista de Israel para abrir caminho à integraçao do povo árabe e palestino. A CSP-Conlutas deve defender uma política de independência política do povo egípcio, contra as negociatas que a oposiçao egípcia vem fazendo com Mubarak e o imperialismo. Esta política começa com a defesa intransigente de Fora Mubarak e a exigência para que o governo brasileiro rompa relaçoes diplomáticas e comerciais com o governo egípcio.

Por tudo isso, somos contrários à assinatura da CSP-Conlutas nesta Carta e chamamos todos os membros da CSP-Conlutas a abrir esse debate em nossa Central, para que se reverta a atual política de aliança com a CUT e organizaçoes governistas que obviamente não estão a favor dos interesses do povo egípcio e por isso mesmo quando criticam Mubarak nada fazem para exigir do governo Dilma que declarou, na Argentina, que “olha a situação do Egito com expectativas e não pode ter posição sobre outro país”. Ou seja, Dilma acoberta e apoia Mubarak e qualquer saída reacionária que seja negociada com o imperialismo. E essas direçoes traidoras do povo brasileiro, que obedecem as ordens de Dilma, nada fazem de prático e concreto pelo povo egípcio e por isso nem sequer exigem que o governo brasileiro rompa as relaçoes com o governo egípcio.

Claudionor Brandão; Diana Assunção; Marcello “Pablito”;
Domenico Colacicco; André Pansarini;

Diretores do Sindicato de Trabalhadores da USP

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