Terça 7 de Maio de 2024

CONFECh em Talca: Nosso piso mínimo é a EDUCAÇÃO GRATUITA!

11 Sep 2011   |   comentários

Começa uma nova reunião da CONFECh, que como usual começa aproximadamente duas horas da tarde. Desta vez a sede da reunião é a Universidade de Talca, na qual foram protagonizados distintos conflitos entre as bases e o presidente da federação, o direitista Javier Fano, quem constantemente saiu na mídia dando informações de costas para a base e há alguns meses acabou com a ocupação desta universidade numa reunião a portas fechadas com o reitor da universidade. Obviamente hoje não se encontra na CONFECh, a universidade colocou um veto a ele.

Começamos com um problema. Fora do lugar onde se realiza a CONFECh está cheio de estudantes de base, estudantes que não podem ingressar na reunião pois “o espaço é demasiado pequeno”. É de fato um problema técnico, que concerne ao porte da sala ou é um problema político? É um problema político. Esta CONFECh é particularmente importante pois tratará do proceder de nossas mobilizações. As portas deveriam estar abertas para que todos os estudantes pudessem entrar sem problemas. É um problema político imposto pelas direções que pretendem ter reuniões nas quais a base não se pode irromper para mudar os ânimos que impõe as direções das JJCC, a Concertación e os coletivos populares que comandam outras federações, que mais além de apenas colocar nas palavras sua combatividade, na prática levantam a política das direções oficiais. É um obstáculo político que pretende deixar os estudantes de fora das discussões para que não possamos impedir que se volte a levantar a mobilizações às costas dos estudantes. Com o requisito de 3 representantes por federação (o que é um absurdo, 3 estudantes de base como máximo por cada federação!), num salão onde primeiro ingressam os dirigentes e as bases e depois, e onde, se não somos parte da mesa da federação, podemos sentar somente depois da quinta fileira dos assentos.

Graças à pressão exercida pelas bases e algumas federações conseguimos reverter a ordem da mesa, que pretende que a discussão de uma possível reestruturação da mesa executiva ou uma nova mudança de delegados, se dê primeiro que a discussão que nos convoca, que é a mesa de diálogo. Partimos pelo que discutiu cada federação. A decisão das bases é impossível de calar: somente uma não rechaça a mesa de diálogo como tal, que é a PUC, dirigida por Giorgio Jackson (próximo à Concertación), onde como de costume recorre à mídia, à necessidade de não sair frente aos cidadãos como intransigentes, “passar a bola para o governo”, etc. Porém como levantaram distintas federações, não é ser intransigente, é ser conseqüente. De um total de 33 federações, 21 a rechaçam taxativamente por não colocar nossa demanda central, que é a educação gratuita, e esta se transforma em garantia imposta pelos estudantes para avaliar uma mesa de diálogo. De resto, um setor minoritário defende a política das JJCC, que é a de “taxas diferenciadas”; as outras defendem ser necessário que se clarifique a que se refere a demanda da educação gratuita. O PC demonstra qual é efetivamente a política que tiveram durante a mobilização. Vallejo dá conta da decisão da FECh: se refere ao “tema da gratuidade” enquanto que em pleno FECH do dia anterior a CONFECh, mais 5 campus e faculdade disseram que desde o início da mobilização o piso mínimo foi a educação gratuita em todos os níveis! Ao contrário disso fazem alusão sobre fortalecer as universidades públicas e o papel do Estado, invisibilizando um grande setor de nossa universidade e a todo o movimento estudantil. A seção da CONFECh é interrompida, dão o anuncio da desocupação de uma das universidade ocupadas no sul. Decide-se por haver um recesso.

Voltamos ao salão. Apresenta-se uma síntese. Realmente deixa muita a desejar: o tema do financiamento é prioridade porém em termos de colocar “fim ao lucro ruma à gratuidade”. Novamente as direções encontraram a forma de passar por cima das decisões das bases. Inclusive a UMCE (ex pedagógico), onde a federação está nas mãos das JJCC, pela pressão que vem exercendo os estudantes da universidade, contrários à política de “taxas diferenciadas” de seus dirigentes, tem que sair dizendo que a política de educação gratuita deve ser o piso mínimo, assim como a UTEM, a UMCE, a Católica de Temuco e todos os estudantes que estamos mobilizados, que é o que lutamos todos os estudantes nas ruas, em nossas faculdades e em nossos liceus durante esses quase 4 meses de mobilização. É evidente que nenhum dos dirigentes da FECh gostam que intervenhamos como faculdade; ao saberem que estamos presentes suas caras desfiguram, sobretudo quando fazemos alusão a nosso companheiro Manuel Gutiérrez, assassinado pela polícia no passado 25 de agosto, dando conta que nós não podemos baixar a cabeça frente ao governo.

Finalmente estabeleceram que a educação pública se “posicionará” nas discussões com o governo em quais termos? Não sabemos, o único que sabemos é que os organismos da CONFECh, assim como estão, demonstram como cada vez mais burocráticos são. Que os dirigentes seguem encontrando a forma de baixar nossa mobilização por migalhas. Não somente demonstram as reuniões da CONFECh, com todas as travas impostas para que não sejam efetivamente abertas, mas ficou demonstrado na segunda feira passada, quando ficamos sabendo pelos jornais que Vallejo havia suspendido, em nome da CONFECh, a paralisação e a mobilização nacional convocadas para esta quinta-feira (08/09), com o argumento de “dias de luto pela tragédia nacional” onde faleceu um empresário que havia declarado em distintas instâncias estar contra a mobilização, o desprezo dos professores que estão contra a prova INICIA (sendo que esta serve para medir quanto é funcional ou não ao mercado). Esta suspensão da marcha, logo de uma reunião com o Executivo de mais de 4 horas onde somente saíram dizendo que as posições “haviam sido esclarecidas”! Era uma política de desmobilização, apenas para oxigenar o governo. Os estudantes nos demos conta, tanto que teve que sair a retratar-se, dizendo que sim haveria mobilização, mas uma marcha silenciosa acompanhada de uma marcha com velas (velatón). Tudo isso enquanto que por Manuel Gutiérrez a CONFECh discutiu, depois de 3 dias de seu assassinato pelas mãos da polícia, uma declaração meramente testemunhal, e um “velaton” (que a CONFECh não se lançou para mobilizar ninguém). Além das distintas situações que poderíamos enumerar, a alternativa não é a reestruturação da mesa executiva ou a mudança de delegados eleitos entre as 4 paredes do CONFECh, onde os dirigentes disputam na cúpula entre eles.

A alternativa é a que desde a Filosofia e Humanidades levantamos: a refundação do CONFECh com base a delegados mandatados e revogáveis eleitos em assembléias de base, de reuniões realmente abertas e públicas, onde os estudantes possamos intervir com voz e posições. O avanço de uma coordenadora de delegados de base mandatados por assembléia e revogáveis, para a luta pela educação gratuita como piso mínimo.

09/09/2011









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