Terça 7 de Maio de 2024

Movimento Operário

CAMPANHA EM DEFESA DOS METALÚRGICOS DA GM

A Conlutas deve dar um exemplo de luta

14 May 2008 | Metalúrgicos da GM e operários de São José dos Campos defendem emprego e direitos, contra o banco de horas e a precarização, enfrentando patronal, políticos burgueses e imprensa.   |   comentários

Desde janeiro, a diretoria da General Motors (GM) de São José dos Campos apresentou ao Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos a proposta de contratar 600 trabalhadores, e daí iniciou uma campanha ofensiva tentando colocar os operários e os sindicalistas contra a parede, chantageando para que aceitassem as medidas de flexibilização que estão por trás dessa “oferta” . Os novos empregos seriam precarizados, contratos por prazo determinado, além de salário de admissão abaixo do piso salarial atual e teto salarial. Ou seja, a “bondade” desses exploradores que tanto lucram com os recordes de produção e venda de automóveis na realidade significa introduzir a flexibilização e precarização do trabalho na empresa, processo que teve seu apogeu nos anos 90 ’ ofensiva neoliberal.

A contrapropaganda da GM conta com o apoio direto do prefeito tucano, dos vereadores de todos os partidos patronais (e do “silêncio” dos petistas), da imprensa e da Igreja Católica, cujo bispo da cidade esteve presente em reunião convocada pela empresa, assinando a nota que defendia a “proposta” patronal. Nos jornais, rádios, Internet e Câmara Municipal, está em marcha uma bateria de ataques ao sindicato e aos metalúrgicos da GM, afirmando que “não adianta o sindicato espernear contra as propostas da GM em São José” , fazendo apologia da flexibilização das regras trabalhistas como “um caminho para manter a competitividade das empresas e assegurar investimentos” . Fica claro que a imprensa da região faz eco aos interesses de exploração capitalista, escondidos como “investimentos” . Ameaçam, como papagaios da empresa, com o fechamento da GM e a transferência da produção para outras cidades. Como não podia faltar, nessa “santa aliança” contra os trabalhadores e o sindicato estão também os sindicalistas da CUT, da Força Sindical, principalmente, que têm assinado acordos com a GM em diversas cidades, aceitando a precarização, flexibilização e redução salarial.

Esse plano da GM e dos seus apoiadores é a porta de entrada para impor as mesmas medidas contra os demais trabalhadores. Não à toa a Johnson & Johnson, química de São José dos Campos, planeja reduzir os salários em até 38%. Se passar esse ataque na GM, fatalmente estará dada a partida contra os trabalhadores de outras empresas e categorias.

Defender os metalúrgicos da GM, o sindicato e os demais trabalhadores

Diante dessa ofensiva contra os metalúrgicos da GM, o sindicato e os demais trabalhadores da região não podem continuar isolados. Já passou da hora de formarmos o nosso bloco, dos trabalhadores, para enfrentar a patronal da GM, da Johnson & Johnson, os sindicalistas vendidos, a imprensa e os políticos patronais ’ incluindo o PT e o PCdoB, que governam com Lula em favor desses empresários. A direção da Conlutas deve convocar imediatamente uma plenária, encontro ou outro fórum para debater e definir uma verdadeira Campanha Nacional contra a flexibilização dos direitos, em defesa dos salários e do emprego; em defesa da redução da jornada de trabalho sem redução salarial.

Por exemplo, no 1º de Maio passado os metalúrgicos de São José fizeram sua manifestação na cidade, juntando apenas 300 pessoas, representando menos de uma dezena de sindicatos e oposições. Diante do ataque colossal que contra os metalúrgicos e o sindicato, toda a Conlutas de São Paulo, ao menos, deveria ter centralizado um 1º de Maio em São José dos Campos, para concentrar toda a vanguarda, os ativistas e os dirigentes mostrando à patronal, aos políticos e à imprensa da cidade que os metalúrgicos da GM e os químicos da Johnson não estavam mais sozinhos. Ações como o fechamento da via Dutra poderiam ter sido parte de um 1º de Maio realmente de luta. Outras medidas poderiam ter sido discutidas, para envolver outras categorias na defesa concreta dos metalúrgicos da GM. Poderíamos ter exigido que a Intersindical, o PSOL, o PCB e todos aqueles que dizem defender os trabalhadores se colocassem lado a lado, estimulando a militância para recuperar as tradições combativas e solidárias da classe trabalhadora. Óbvio que não estamos nas mesmas condições do final dos anos 70 e início dos anos 80, mas a direção do PSTU poderia ter convocado um 1º de Maio de solidariedade aos companheiros de São José dos Campos, recuperando o espírito dos grandes atos massivos que juntavam trabalhadores de várias categorias, oposições e sindicatos de todo o país para expressar a solidariedade às greves metalúrgicas do ABC contra a patronal.

Todavia, o 1º de Maio passou, e trata-se de dar passos adiante. Quanto mais tempo passa os metalúrgicos da GM, os químicos e os sindicatos que enfrentam o cerco patronal permanecem isolados diante de inimigos tão dispostos a derrotá-los. Não se pode mais aceitar que depois de dois meses da reunião nacional da Conlutas (02/03) ’ que aprovou uma Campanha Nacional ’ não haja uma campanha maciça, em todos os sindicatos e cidades onde possamos chegar. As cidades deveriam estar forradas de cartazes em defesa dos companheiros; milhões de boletins já deveriam ter sido difundidos nas fábricas e empresas, nas escolas, faculdades e bairros, denunciando a patronal, os políticos patronais, a imprensa e os pelegos, ao mesmo tempo pedindo solidariedade e apoio aos trabalhadores de outras categorias e também propondo que exigissem de seus sindicatos e direções a unidade com os metalúrgicos da GM, os químicos da Johnson e seus sindicatos. Comitês de solidariedade deveriam estar funcionando a pleno vapor nos sindicatos, fábricas, bancos, empresas, escolas, faculdades e bairros onde existem ativistas e dirigentes da Conlutas e da Intersindical.

Para encarar esta forte patronal e seus aliados, os metalúrgicos da GM, os químicos da Johnson e seus sindicatos precisam urgentemente de uma virada na prática dos sindicatos da Conlutas e da Intersindical. Basta de denunciar os ataques, mas seguir na rotina de esperar as datas base para “iniciar as campanhas salariais” ou então marcar “dias de luta” e atos sem conexão real com as necessidades dos trabalhadores. Por exemplo, a direção da Conlutas se incorporou ao “1º de Abril” proposto por Dom Cappio e setores da Igreja, assumindo a luta contra a transposição do Rio São Francisco, mesmo quando esses “aliados” se negavam a dar peso e centralidade à defesa dos metalúrgicos da GM para não comprometer o bispo com essa campanha.
O mesmo vimos na preparação do 1º de Maio, quando dirigentes da Intersindical não concordaram que a luta dos metalúrgicos da GM fosse um dos eixos da manifestação. Já passou da hora de dar um basta nesse modo petista de militar, onde o PSTU persegue os interesses eleitorais e sindicais com o PSOL, a Intersindical, o PCB e a Igreja sem que esses “aliados” circunstanciais façam qualquer esforço para unificar as lutas mais importantes dos trabalhadores e sindicatos da Conlutas.
Às vésperas do I Congresso da Conlutas não podemos deixar passar esse ataque; não é possível que as reuniões e assembléias sindicais e estudantis para tirada de delegados ao I Congresso deixem de colocar com prioridade a definição dos passos efetivos para colocar em marcha uma Campanha Nacional em defesa dos metalúrgicos da GM, seu sindicato e demais trabalhadores de São José dos Campos.

Imediatamente, para divulgar a situação e buscar simpatia popular, abaixo-assinados podem ser implementados em escolas, faculdades, empresas e bairros, como parte da Campanha Nacional.

Os partidos que dirigem a Conlutas e a Intersindical devem dispor seus recursos

A patronal da GM conta inclusive com os partidos patronais, e a conivência do PT e do PCdoB, que estão todos governando para os capitalistas. Os trabalhadores da GM e da Johnson & Johnson têm que exigir que os partidos que se apresentam como de esquerda, antigovernistas, coloquem à disposição os seus recursos materiais, financeiros, midiáticos e suas personalidades. A Conlutas e a Intersindical são dirigidas, respectivamente pelo PSTU e PSOL. Os dois partidos fizeram, há poucas semanas, seus horários eleitorais gratuitos e nada falaram sobre o ataque patronal da GM e a necessária solidariedade aos trabalhadores e aos sindicatos.

O PSOL já tem mostrado a que veio. Em 2006, como candidata da Frente de Esquerda, Heloisa Helena utilizava-se do espaço na mídia para defender dinheiro do BNDES para a Volkswagen e diminuição dos juros, como pedem os empresários e a Fiesp. Agora, quando dizem preparar uma nova frente eleitoral com o PSTU (e o PCB), nenhum esforço vem da parte dela e do PSOL em defesa dos trabalhadores da GM nem sequer dos químicos da Johnson & Johnson, cujo sindicato é dirigido pela CST, corrente interna do PSOL, do ex-deputado Babá.

Quando muito fazem declarações, palavras vazias, nenhum ação efetiva, nem sequer seus parlamentares tomam a iniciativa de se reunir com os trabalhadores e os sindicatos para aprovar um projeto de lei em defesa do emprego, contra as demissões, a precarização, flexibilização e redução salarial, punindo as empresas, e defendendo a redução da jornada de trabalho em todo o país, sem redução salarial. Isso motorizaria uma campanha contra a que a CUT, a Força Sindical, o PT, o PCdoB e todos os aliados dos patrões estão em fazendo, mentindo que defendem a redução da jornada de trabalho quando na verdade pretendem aprovar um projeto de lei que garante aos patrões “incentivos” de reembolso das perdas que poderiam ter com a redução da jornada, além de permitir-lhes a implementação de bancos de horas. Ou seja, um projeto de dar com uma mão e retirar ainda mais com a outra.

Não é demais fazer algumas perguntas. De que serve uma frente eleitoral com o PSOL e o PCB se na luta concreta esses partidos refugam para não comprometer seus projetos de conciliação com setores burgueses? Para quê servem esses partidos se não for para colocar seus instrumentos e recursos a serviço das lutas operárias?

Artigos relacionados: Movimento Operário









  • Não há comentários para este artigo