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Uma luta difícil, mas que confronta um inimigo debilitado

05 Jun 2006   |   comentários

Uma definição que devemos ter clara a cada momento é a de que, ao lutarmos por mais verbas para a educação, estamos de fato lutando contra uma das principais expressões de quase duas décadas de ofensiva neoliberal, pois um dos pontos em que toda a classe dominante tem se unificado desde a década de 90 é em torno aos cortes nos chamados “gastos sociais” (saúde, educação, moradia, transporte etc.) de modo a sobrar dinheiro para enriquecer ainda mais banqueiros e empresários.

Mas, por outro lado, nos encontramos em um momento favorável para travá-la. Apesar de que o governo federal se encontra fortalecido, a crise do projeto neoliberal em nível internacional e especialmente na América Latina, somada aqui no Brasil à crise do mensalão e à recente crise do PCC, expõem as debilidades de algumas das principais instituições de domínio no país, que não conseguem se estabilizar. É o que podemos observar não só no desgaste do Congresso Nacional e das forças de repressão do Estado de São Paulo, mas também na crise que atinge os principais partidos que garantem a dominação burguesa no país. Primeiro foi o PT com a crise do mensalão e a queda de seu pilar “ético e moral” . Agora são o PSDB e o PFL que estão imersos em crises internas e que têm debilitado a aliança histórica que sempre mantiveram entre si; ao ponto de não conseguirem fazer decolar a candidatura de Alckmin para as eleições presidenciais do final do ano.

Esta situação nacional é extremamente importante para nossa greve porque gera uma relativa debilidade para o governo do estado de São Paulo e se reflete também na relação entre o governador e os reitores.

O governador Cláudio Lembo, assim como seu partido (o PFL, partido principalmente das oligarquias do nordeste e do Paraná), nunca tiveram e continuam sem ter uma base social minimamente forte de sustentação no estado de São Paulo, que tem sido controlado predominantemente pelo PSDB e pelo PT. Entretanto, por uma situação especial determinada pelas eleições, o PFL se vê frente à condição inédita e inclusive exótica de governar a principal capital e o principal estado do país. Essa situação especial, ao contrário de se dar sem maiores sobressaltos, está atravessada de contradições, pois o PFL a está utilizando para fortalecer suas posições em São Paulo e na política nacional.

A relação entre o PSDB e o PFL em São Paulo já vinham estremecidas desde 2004, quando este último se aliou ao PT de deu um golpe em seu aliado histórico, elegendo um deputado do PFL para presidente da Assembléia Legislativa do estado ao invés de um do PSDB, o que tradicionalmente deveria ocorrer por ter este a maior bancada. Mas estes conflitos se agravaram mesmo foi com a crise do PCC, na qual Alckmin abandonou Lembo com “a brocha na mão” .

Infelizmente (para ele), Lembo, que já era uma figura praticamente desconhecida em São Paulo (nas palavras de seu colega de partido ACM: “uma cria da ditadura” ), ficou um pouco mais conhecido justamente frente à crise do PCC. Este, apesar de ter saído do centro da cena política nacional, mantém-se como uma ameaça permanente, como pudemos evidenciar no recente vexame que o fascista Secretário de Segurança Pública Saulo de Castro deu na Assembléia Legislativa ao prestar contas sobre os fuzilamentos a sangue frio promovidos pela polícia contra negros e pobres que não tinham nada haver com o PCC; ou na “rebelião branca” que o PCC fez em 40 presídios no dia em que Marcola foi prestar depoimento à CPI do tráfico de armas.

Essa situação de debilidade do governo do estado ’ o principal inimigo que enfrenta a luta por mais verbas ’ é um ponto de apoio importante que devemos explorar ao máximo para politizar e expandir nosso movimento.

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