Quinta 2 de Maio de 2024

Juventude

ENTREVISTA

Um exemplo de entidade estudantil na Universidade de Buenos Aires

09 Nov 2009   |   comentários

JPO: Qual foi a importância do apoio dos estudantes para o surgimento da luta dos operários da Kraft-Terrabusi ?
Juan: Foi enorme. Por um lado permitiu que com os cortes na Rua Callao que impulsionamos desde o CEFeL e outros centros acadêmicos (CA), o conflito rompesse a censura que passava sobre ele. Em todos os canais de televisão, rádios, jornais, saiu que os estudantes se manifestavam em solidariedade com as 160 famílias demitidas. Inclusive, a Justiça da província levou em conta o protesto estudantil na capital para impedir uma das primeiras ordens de despejo da fábrica. Ao calor desta luta, começamos a reconstruir a aliança que fez história em nosso país e que hoje podemos dizer que não é mais uma questão do passado, que hoje quando um operário saia para enfrentar os planos dos capitalistas, o movimento estudantil vai ser um aliado que vai fechar ruas, fazer assembléias, ocupar faculdades, aportar massivamente para o fundo de greve, como fizemos nessa luta.

Qual a importância dessa unidade entre estudantes e operários e como as entidades estudantis podem fazer a diferença?
Podem fazer a diferença se combatem o conservadorismo e as pressões que impõe o regime universitário todos os dias. Aqui na UBA, a metade dos CA´s está nas mãos da Franja Morada, que são um braço estudantil dos partidos patronais, e a outra metade nas mãos da esquerda, com a qual viemos tendo uma discussão muito importante de como transformar nossas organizações, para convertê-las em ferramentas militantes para a luta e a organização. Apenas o CEFeL colocou tudo em jogo frente a heróica luta dos trabalhadores de Kraft. Nós discutimos que a “passividade” dos estudantes, também se constrói de alguma forma, não interpelando os estudantes, se moldando aos marcos do regime universitário... Na argentina são cerca de 1 milhão de estudantes universitários, na luta da Kraft colocamos em movimento um pequeno pedaço desse mundo e fizemos sentir nossa voz. A tarefa que temos pela frente é a de seguir forjando e construindo uma fração revolucionaria e combativa dentro do movimento estudantil, para que frente a futuros Kraft, não sejamos centenas e sim milhares de estudantes que entendamos que nossos destinos estão ligados a classe operária. Acredito que dessa forma podemos fazer a diferença.

Qual foi o objetivo do Iº FÓRUM OPERà RIO-ESTUDANTIL da Ciências Sociais? Quais são os próximos passos?
O objetivo desse fórum é gerar um espaço nos CA´s de discussão entre trabalhadores e estudantes , onde possamos dividir experiências de organização e luta, espaços que também dêem lugar a resoluções, a pensar em comum como podemos fortalecer a unidade entre operários e estudantes. O fórum da sociais demonstrou que a idéia teve um importante êxito e simpatia por parte dos estudantes, com 200 participantes. Também caiu muito bem a idéia entre os trabalhadores que convidamos, como os trabalhadores demitidos da Kraft-Terrabusi, Andrés Blanco, Sec. Adjunto do Sindicato Ceramista de Neuquén, operário de Zanon, delegados ferroviários da TBA, ex trabalhadores do Cassino e trabalhadores e delegados de outras fábricas. Entre as resoluções do Fórum, estiveram por exemplo, redobrar o apoio ao fundo de luta da Kraft com coletas e realizando uma festa na faculdade de Sociais. Nos colocamos à disposição dos trabalhadores demitidos da Kraft para apoiar em tudo que estivesse ao nosso alcance a chapa 1 nas eleições da comissão de fábrica. Organizar e preparar um novo Fórum, mantendo o espaço para nos organizarmos e nos coordenarmos. Estas foram algumas das resoluções mais importantes. Agora, nossa tarefa é reforçar a construção desta unidade que começamos a colocar em pé, impulsionando fóruns em outras faculdades e continuar a apoiar a luta dos trabalhadores.

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