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Movimento Operário

BOLETIM ESPECIAL nº02 – GREVE DE PROFESSOR@S RJ | 15 julho 2011

Somos todos professores! Todo apoio à greve e ao acampamento das lutadoras e lutadores da educação!

13 Jul 2011   |   comentários

A greve é um instrumento de luta d@s trabalhador@s e não negociata que se troca por mesas de negociação para o mês que vem e sem nenhuma garantia como quer o governo! Por isso é preciso estender a mobilização no recesso escolar:

Organizando comitês de apoio à luta da educação nos bairros, junto à pais e mães, estudantes, trabalhador@s das universidades e escolas federais em greve ou em indicativo de greve para agosto!

Realizando manifestações e atos coordenados nas cidades e bairros onde localizam-se os setores em luta para aumentar o apoio da população!

Uma só classe, uma só luta! Unificar a luta pela educação no estado do Rio e nacionalmente para golpear como um só punho: por um encontro nacional da educação para coordenar as lutas!

O governador Sérgio Cabral (PMDB), bem como a presidente Dilma Rousseff (PT) nas propagandas eleitorais não pouparam promessas de um Brasil “potência”, país que avança, e um Rio de Janeiro mais “seguro”, que sob os holofotes do mundo inteiro, voltaria a ser a “cidade maravilhosa” e orgulho do país.

Mas sabemos que esse “Novo Rio” que pretende Cabral, Dilma e o prefeito Eduardo Paes, se dará com um aumento da precarização da vida e do trabalho, e tal como já estamos vendo, em base a uma tremenda militarização dos morros e favelas com as UPPs atentando contra direitos elementares, como o de reunião e expressão. Para isso já iniciou-se um projeto de reorganização do Rio para que nossa cidade para que seja “ordeira” e mais lucrativa passando o rolo compressor nas casas que trabalhador@s levaram anos para construir, expulsando os moradores de comunidades inteiras localizadas em área de circulação dos mega eventos de 2014 e 2016, revitalizando e lustrando monumentos de praças enquanto grande parcela da população carioca e fluminense não tem sequer saneamento básico, coleta de lixo sistemática, transporte de qualidade, entre serviços elementares.

O reflexo mais agudo da contradição entre os mundos de avanços que prometeram Cabral e Dilma está na vida cotidiana d@s trabalhador@s. Transporte péssimo, caro e lotado, saúde pública precária e agonizante (a exemplo do IASERJ) e educação pública sucateada. Todos estes fatores a serviço de criar uma força de trabalho mais barata, precarizada, visando o lucro dos empresários e a divisão da classe trabalhadora.
Isso porque quase todos os milhões de empregos gerados por Lula e Cabral aqui no Rio se deram em base à precarização. Ou seja, empregos baseados na terceirização, contratos temporários e grande rotatividade, onde milhões são demitidos e contratados todos os anos, mas sempre com menores menos direitos e salários.

Onde se localizam os professor@s, animador@s culturais, o conjunto de trabalhadores e trabalhadoras da educação - técnicos administrativ@s, merendeir@s, cozinheir@s, faxineir@s no projeto de “Novo Rio” dos governos Paes, Cabral e Dilma?

Na educação não é diferente. A precarização atinge tod@s profissionais, com baixos salários, extenuantes jornadas de trabalho, terceirização, adoecimento em função do trabalho, sub-contratação, entre outros. O cenário que temos é uma educação privada de qualidade para poucos – os que tenham dinheiro para pagar, e uma educação pública sucateada para a grande maioria da juventude, com péssimas condições de trabalho para seus educadores e profissionais. Essa diferenciação na qualidade de educação para os ricos e pobres, a divisão dos trabalhadores entre efetivos e precarizados, é interessante e importante para a burguesia e para seus governantes, por um lado pode-se lucrar com a educação privada favorecendo a formação educacional dos filhos e filhas de uma pequena elite e por outro reduzir os investimentos na educação pública em base a precarização do trabalho e da vida e conseqüentemente má qualidade no ensino para os filhos e filhas da classe trabalhadora.

Para o projeto de um “novo Rio” de Cabral, Paes e Dilma, os educadores e profissionais da educação, a juventude e população pobre só são importantes se ficam calados ou apóiam esse projeto. Projeto que se dá em base à militarização e repressão por um lado, e por outro na precarização do trabalho e sucateamento dos serviços públicos. A instalação de 18 UPPs, sendo a útima na Mangueira contando com a presença, além do Bope, PM, etc., também dos Bombeiros Militares, é uma investidura de Cabral para implementação de seu projeto. Por isso que o motim dos bombeiros militares, que atingiu uma simpatia de amplos setores da população (ricos e pobres), nesse sentido “policlassista”, fez com que Cabral se desculpasse e sinalizasse para as reivindicações dos militares publicamente, porque a polícia e os bombeiros militares são agentes da repressão necessários para continuidade do projeto de “limpeza social” do Rio, ou seja, de aprofundamento do apartheid social já existente: um Rio lindo e maravilhoso exibido pelas das novelas globais; e um Rio das moradias e condições de vida precárias exibido nos noticiários junto ao sangue dos jovens negros assassinados pela polícia dia-a-dia.

Assim como o aparato repressivo é uma força necessária para implementar o projeto de Cabral, seus principais aliados e privilegiados nessa incursão são os empresários como por exemplo Eike Batista (dono da EBX e de várias propriedades, empresas, até restaurantes de luxo, em todo o RJ) e Fernando Cavendish (dono da Delta Construções, que está metida nas reformas do Maracanã, nas obras da Copa e do Pré-Sal). Todos eles estão bebendo desta fonte de gastos bilionários do Estado. Somente no primeiro mandato de Cabral a Delta Construções acumulou quase um bilhão de reais em contratos, parte deles dispensados de licitações. Eike Batista também doou 23 milhões para Cabral conseguir que Rio sediasse a Copa, 5 milhões para Cabral limpar a marina da Glória cuja concessão pela prefeitura do Rio está nas mãos desse mesmo bilionário que recentemente comprou o famoso Hotel da Glória, além de ter recebido 75 bilhões em isenções fiscais na gestão Cabral, Eike doou 139 milhões para o governador ampliar a militarização das favelas (e outros projetos que também são vitrine eleitoral de Cabral); para se ter uma idéia: somente esta doação do empresário Eike supera todos os gastos do próprio governo no setor.

Já os educadores e profissionais da educação, bem como a juventude e população pobre, só se adentrariam ao projeto “Novo Rio” através do trabalho precarizado sem que se mobilizem e denunciem as péssimas condições de trabalho (como os trabalhadores das construções do Mineirão e das obras do PAC em BH/MG), quem têm suas casas derrubadas aceitando sem resistência e protestos essas remoções, que não questionemos e não lutemos contra as relações espúrias de Cabral com empreiteiras e grandes empresários, que não lutemos por melhores condições de trabalho aos educadores e profissionais da educação e melhor qualidade da educação pública para a juventude.

... E qual resposta devemos dar? Unificando as lutas, buscando fortalecimento com o apoio da juventude a da população... para gritar em alto e bom som: “Dilma, Cabral, vê se escuta, uma só classe, uma só luta!”

Com a continuidade da greve e do acampamento adentrando o recesso escolar e após a chantagem nefasta proposta na última negociação pelo governo à categoria de que saíssem da greve para que o governo se disponha a estabelecer uma negociação em agosto para discutir as reivindicações de 26% de aumento salarial, a incorporação imediata do “Nova Escola”, regularização da profissão de animador cultural na rede estadual e descongelamento do plano de carreira dos funcionários administrativos; é fundamental potencializar as ações de mobilização durante o recesso escolar. Porque a greve é um instrumento de luta d@so trabalhador@s e não negociata que se troca por mesas de negociação para o mês que vem e sem nenhuma garantia como quer o governo! Por isso é preciso estender a mobilização no recesso escolar, organizando comitês de apoio à luta da educação nos bairros, junto à pais e mães, estudantes, também junto aos trabalhador@s das universidades e escolas federais em greve ou em indicativo de greve para agosto! Realizando manifestações e atos coordenados nas cidades e bairros onde localizam-se os setores em luta para aumentar o apoio da população! Fortalecendo a greve e fazendo do acampamento um instrumento a serviço de ampliar o apoio da juventude e da população à luta pela educação e melhores condições de trabalho. Também podem contribuir muito mais para fortalecer a luta dos educadores e profissionais da educação as organizações e partido políticos dessem, no mínimo, o mesmo peso que deram para o motim dos bombeiros militares para a luta d@s trabalhador@s da educação, como o PSOL o PSTU, que ainda não colocaram parte importante de suas forças militantes para apoiar e contribuir nessa luta, o que não hesitaram em fazer apoiando os bombeiros militares, ou seja, o aparato repressivo do estado.

Em diversos estados do país setores da educação se colocam em luta e o SEPE pode cumprir um importante papel sendo a ponta de lança na unificação nacional d@s lutador@s da educação, partindo da unificação da luta pela educação no estado do Rio (com as universidades e escolas federais) para realizar um encontro nacional da educação, para golpear os governos como um só punho, coordenando todas as lutas em curso! Que nesse encontro se discuta e trace um plano de lutas unificado que tome medidas concretras para conquistar um piso nacional para a educação, em base ao salário mínimo calculado pelo DIEESE! Para lutar contra a divisão dos trabalhadores, pela incorporação de todos setores precarizados e terceirizados sem concurso público! Pela utilização da renda do petróleo para a educação pública, laica, gratuita e de qualidade! Para gritar aos governos e para a burguesia que somos “Uma só classe, uma só luta!”

LER-QI Rio de Janeiro
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