Sexta 3 de Maio de 2024

Juventude

Manifesto Contra Corriente

Retomar as lições da greve da UNAM E lutar hoje pela auto-organização independente do movimento estudantil

07 Jun 2007   |   comentários

A greve dos anos 85/86 na UNAM enfrentou as reformas elitizadoras que o reitor Jorge Carpizo quis impor. Com a cumplicidade da maioria dos dirigentes do Conselho Estudantil Universitário (CEU) a reitoria da UNAM desativou e levou a greve a um Congresso preparado nos bastidores que se realizou 3 anos depois (!), e serviu para acabar com as reivindicações estudantis. Logo após disso, o movimento estudantil na UNAM esteve hegemonizado por correntes como o CEU que se identificaram com o PRD e buscaram mantê-lo na passividade e subordinação a um partido burguês como o PRD, que no Congresso da União e nos lugares onde governa, administra os negócios capitalistas.

A greve da UNAM de 1999-2000 foi a mais importante ação do movimento estudantil mexicano nos últimos anos. Os planos de elitização do Banco Mundial e do FMI, que o priísta Barnés tentou aplicar, foram enfrentados pela ação direta, a ocupação das instalações da universidade e a mobilização nas ruas. Isso foi assim graças a que o movimento se dotou de uma sólida base para sua luta: o Conselho Geral de Greve, baseado em delegados revogáveis, rotativos e com mandato de cada uma das assembléias que sustentavam a ocupação das escolas. Esta forma de organização encontrou a oposição ativa das correntes perredistas (referente ao PRD), que buscavam negociar com as autoridades a entrega da greve pelas costas da comunidade universitária. A estrutura democrática do CGH permitiu ao ativismo enfrentar com efetividade esta manobra. Mas o CGH não surgiu do nada: retomou a tradição histórica da auto-organização dos trabalhadores e do movimento estudantil, como foi, em nosso país o Conselho Nacional de Greve de 1968.

A greve da UNAM não só questionou as reacionárias instituições universitárias e o ataque contra a universidade. O CGH ganhou a simpatia de amplos setores da população e a oposição da Igreja, do governo, dos meios de comunicação e dos partidos patronais, incluindo o PRD. Se converteu em uma autêntica pedra no sapato para a “transição pacífica” à democracia que impulsionavam o imperialismo e os partidos patronais, e que culminaria com o triunfo do diretista Fox meses depois da repressão da greve.

As correntes estudantis perredistas se opuseram a desenvolver a auto-organização e a união com os trabalhadores e o povo e uma perspectiva de luta consciente contra o regime. Por isso, uma vez que foram vetados pelo CGH e suas assembléias, atuaram como fura greves, apoiando com matizes as supostas “soluções” ao conflito propostas pelas autoridades, enquanto que o governo perredista do DF reprimiu as mobilizações do CGH. Desde então, acusaram cinicamente o CGH de ser o “responsável” pela repressão por sua suposta “intransigência” (isto é, por exigir a resolução das suas demandas). Aqueles que firmamos este manifesto reivindicamos plenamente a luta do CGH (muitos de nós participamos dela), buscando extrair suas lições fundamentais. É necessário por em pé o movimento estudantil para frear os ataques dos governos. Há que reorganizar o movimento estudantil. Por isso propomos a todas as correntes, coletivos e ativistas independentes os seguintes pontos elementares:

- Enfrentemos os planos elitizadores e privatizadores ditados pelo FMI e o BM. Pela defesa das conquistas da universidade publica e gratuita e da autonomia, no caminho de uma universidade a serviço das grandes maiorias operárias e populares.
 Pela organização democrática do movimento estudantil baseada em assembléias resolutivas e corpos de delegados rotativos, revogáveis e com mandato.
 Por um movimento estudantil solidário e que esteja junto às lutas dos trabalhadores, camponeses a juventude oprimida.

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