Domingo 5 de Maio de 2024

Juventude

REITORIA DA USP VOLTA A ATACAR OS LUTADORES

Reitoria da USP expulsa estudante da moradia por perseguição política

31 Aug 2011   |   comentários

Na manhã de hoje, 30/8, o companheiro Rafael, estudante do curso de Letras da USP e morador do Conjunto Residencial da USP (CRUSP), foi arbitrariamente expulso do apartamento onde vivia, pela administração da Coordenaria de Assistência Social (COSEAS). Trata-se da “reintegração de posse” exigida pela reitoria, depois que Rafael teve o direito a permanecer na moradia estudantil negado pela COSEAS, apesar de ter reconhecidamente se qualificado segundo as regras de um processo seletivo excludente. É um caso claro de perseguição política contra um estudante que nos últimos anos participou, ao lado do movimento estudantil e de trabalhadores, do movimento de resistência contra a política privatizante do reitor Rodas na USP, particularmente na luta por moradia e assistência estudantil, da qual é parte a retomada do bloco G do CRUSP que esteve, até o ano passado, ocupado pela administração da COSEAS.

Recentemente a direção da COSEAS divulgou um “Comunicado aos moradores do CRUSP”, em que “desmente” a tese de perseguição política, argumentando que Rafael havia perdido sua vaga por ter tido baixo desempenho acadêmico e que, apesar de ter se qualificado em novo processo seletivo, não teria direito à vaga por ter se “envolvido em vários eventos de relações conflituosas originando a lavratura de inúmeros Boletins de Ocorrência, perante autoridade policia da 93ª D.P. - Jaguaré", “passando a ocupar a vaga em detrimento de outros que teriam, efetivamente, direito a Bolsa-Moradia”

Frente a essa perversa manobra ideológica, é preciso virar as coisas de volta de cabeça-para-cima: a reitoria da USP e a COSEAS partem da naturalização do fato de que a universidade nega à grande maioria o direito à assistência estudantil, para fazer parecer que se trata, não de um direito, mas de um “prêmio”, um benefício concedido aos que tem bom desempenho. Aqueles que não precisarem de moradia podem ter notas baixas, os mais pobres, não. Mas o pior vem a seguir: a COSEAS se refere genericamente a “eventos e relações conflituosas”, escondendo aí a participação de Rafael em manifestações e atividades políticas - e deixando claro que se trata de perseguição -, e justifica sua exclusão através de sua própria prática, herdada da ditadura, de reprimir e buscar punir criminalmente os ativistas que resistem a seus planos de desmonte da universidade! Enfim, tenta se apoiar na opinião pública, acusando-o de “ocupar a vaga de outro”, de ser responsável pela exclusão de um morador em potencial, quando na verdade é a reitoria que todos os anos exclui centenas de estudantes que pedem vagas e não conseguem, e grande parte da atividade política pela qual Rafael está sendo perseguido está relacionada a sua participação na luta por mais moradia estudantil.

A expulsão de Rafael, um ativista reconhecido, é um ataque a todos os ativistas da universidade, e mais um passo da reitoria em um processo de repressão aos que lutam que se mantém contínuo desde a demissão inconstitucional de Brandão no fim de 2008, passando por processos administrativos a estudantes e trabalhadores, multas às entidades estudantis e ao SINTUSP, e uma recente enxurrada de processo criminais contra os dirigentes desse sindicato.

Toda essa repressão se apoia em regimentos internos e em uma estrutura de poder absurdamente autoritária, intactos desde sua formulação na ditadura militar, e é condição para avançar nos planos de privatização da universidade, com medidas como o fechamento de cursos, o ensino à distância e a recente discussão sobre o Programa de Acompanhamento de Desempenho Funcional (PROADE), que legaliza e institucionaliza o assédio moral das chefias e as demissões sem justa causa, com o objetivo de “enxugar” o quadro de funcionários – já insuficientes e superexplorados – precarizando ainda mais a universidade e substituindo sua mão de obra com a máfia das empresas terceirizadas que impõem um regimo escravo de trabalho, por um salário de fome e em condições de trabalho que levam trabalhadores a morrer em serviço. É assim que aos poucos a USP vai sendo vendida às fundações privadas e empresas que lucram milhões com sua estrutura, controlando diretamente o conhecimento produzido nela, sucateando o ensino e acabando com as pesquisas dirigidas às reais necessidades da maioria da população que sustenta a universidade pública.

Nós, da juventude da LER-QI, chamamos o DCE, CAs e o conjunto do movimento estudantil a exigirmos juntos a imediata reintegração de Rafael à moradia, como parte da luta contra a repressão na universidade, por assistência estudantil plena, e contra a privatização da USP.

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