Sábado 4 de Maio de 2024

Movimento Operário

CONSELHO DE DELEGADOS DE BASE DA USP

"Precisamos nos preparar para enfrentar a crise"

17 Oct 2008 | No dia 10 de outubro, os delegados de base do Sindicato de trabalhadores da USP (Sintusp) realizaram uma reunião aberta na qual debateram a crise capitalista mundial, seus impactos sobre a classe trabalhadora brasileira e como devemos nos preparar para enfrentá-la. A seguir, reproduzimos trechos da intervenção de Claudionor Brandão, dirigente da Liga Estratégia Revolucionária e diretor do Sintusp.   |   comentários

Companheiros, aqui eu não vou aprofundar a análise da crise. Eu sou militante da LER-QI e da FT e a nossa corrente internacional tem acompanhado atentamente e atualizado diariamente uma análise marxista da crise, e esta análise esta a disposição dos trabalhadores no nosso jornal e no nosso site. Quero aqui me deter nas tarefas que se colocam para nós daqui por diante.

Nos últimos dias, vimos o Congresso dos Estados Unidos aprovar um pacote de 700 bilhões de dólares, destinados a salvar os grandes bancos Norte Americanos golpeados pela crise; vimos o governo britânico estatizar o maior banco da Inglaterra; temos ouvido o governo Lula dizer que o estado brasileiro precisa destinar parte das suas reservas monetárias para socorrer os exportadores que já estão sofrendo os efeitos da crise, e mesmo Lula já emitiu uma medida provisória autorizando o Banco Central a socorrer pequenos bancos que corram o risco de quebrar.

Só não vimos e nem ouvimos em nenhum lugar do mundo nenhum governo falar de nenhuma medida ou plano para salvar os trabalhadores de qualquer um dos efeitos da crise. Pelo contrário, em todos os cantos do mundo a burguesia e seus governos se preparam para enfrentar a crise descarregando seus efeitos nas costas dos trabalhadores. Uma prova disso é Bush destinar centenas de bilhões de dólares dos cofres públicos para salvar os banqueiros mais ricos do mundo, enquanto milhões de americanos perdem suas casas e passam a morar em estacionamentos. Na Europa, os governos da França, Alemanha, Inglaterra, Itália, etc., discutem como usar o Tesouro dos estados para salvar os bancos; enquanto isso, a Volvo já demitiu quatro mil operários; e Renault e a Peugeot já falam em demitir outros tantos; e, no Brasil, Lula se prepara para socorrer os setores que obtiveram os maiores lucros nos seis anos do seu mandato e nos oito anos do mandato de FHC usando o dinheiro que deveria ser destinado à educação, saúde, previdência social, moradias e geração de empregos.
A revista Exame do mês de agosto exige urgência na desregulamentação das relações de trabalho que liquidaria de vez todos os direitos trabalhistas; além disso, a GM e a Fiat deram férias coletivas aos seus operários e ninguém sabe se ao final das férias eles ainda terão os seus empregos.
Como podemos ver, a burguesia esta preparada e unida em torno do objetivo de fazer com que apenas os trabalhadores paguem o preço da crise. Portanto, os trabalhadores não podem agir de forma diferente; os trabalhadores necessitam se unir para responder os planos da burguesia.

Os governos, os patrões e os burocratas sindicais traidores nos dirão que todos deveremos doar a nossa cota de sacrifícios para salvar a economia e o país; e nós devemos estar preparados para responder que: "na época das vacas gordas" ninguém chamou os trabalhadores para dividir os lucros e as riquezas que produzimos com nosso trabalho; portanto agora não aceitaremos dividir os prejuízos da crise provocada pela ganância da burguesia. Não podemos permitir que o governo use os impostos que pagamos, para salvar empresários e banqueiros milionários.

Nenhum centavo publico, para nenhum burguês. Estatização sob controle operário de todos os bancos, sem indenização! Que os patrões paguem o custo da crise que eles criaram!

Quando a economia estava bem os patrões continuaram impondo-nos maior exploração para aumentar ainda mais os seus lucros. Agora não podemos aceitar nenhuma demissão!

Estatização e produção sob controle operário em todas as empresas que ameaçarem falir ou demitir trabalhadores!

Em época de crise, a fome é sempre a maior ameaça aos trabalhadores e suas famílias; nessa situação, não podemos permitir que as terras continuem nas mãos dos latifundiários!

Expropriação sem indenização de todos os latifúndios e distribuição das terras para os sem-terra plantarem os alimentos que matarão a fome de todos. Reforma agrária já! Expropriação da agroindústria sob controle dos trabalhadores, sem indenização!

Os Estados Unidos tentarão a todo custo aumentar a exploração dos povos e dos trabalhadores dos países oprimidos numa tentativa de escapar da sua própria crise. Não podemos permitir que Lula ou qualquer outro governo capacho, continue usando o dinheiro que nos é extorquido através de impostos para financiar as armas e as tropas que os Estados Unidos usarão para oprimir e explorar a nós mesmos e muitos outros povos no mundo inteiro.

Não pagamento das dividas interna e externa! Fora o imperialismo americano da America Latina, do Caribe e do Oriente Médio! Retorno imediato das tropas brasileiras que estão a serviço da ONU e do imperialismo, para oprimir nossos irmãos no Haiti!

Alem disso, é preciso acabar com o segredo comercial e industrial, pois esses são mecanismos utilizados pelos patrões, para esconderem o quanto ganham com a exploração dos trabalhadores.

Abertura imediata dos livros caixas de todas as empresas!

Essas seriam medidas importantes, porem isso não é tudo. Para enfrentar os próximos ataques da burguesia, os trabalhadores necessitam antes de tudo unir as suas fileiras em torno de um programa próprio de saída pra a crise. Para isso, é necessário que a vanguarda discuta não só esse programa, mas também os meios de organizar e unir as fileiras da classe em torno dele.

Por isso, propomos que esse CDB aprove além das consignas que acabei de apresentar, a proposta de que a CONLUTAS convoque um encontro para começar a preparar a vanguarda e os trabalhadores para enfrentarem a crise e fazer com que os patrões paguem o custo dela. Nesse encontro, nós e nosso sindicato defenderemos nossas propostas.

Por ultimo, precisamos ter em mente que essa é mais do que uma crise financeira; essa é uma crise do próprio capitalismo, que é um modo de produção baseado na opressão e exploração dos trabalhadores.
Ao longo da história, essas crises só se resolveram através de guerras burguesas ou das revoluções. A única saída definitiva para as crises e a opressão e a exploração é a vitória da revolução socialista. No entanto a vitória da revolução depende de vários fatores. Para nós da LER-QI e da FT, um dos fatores mais importantes para a vitória da revolução é um partido revolucionário determinado a dirigir a classe operária e seus aliados até a tomada do poder.
Por isso, consideramos necessário abrir imediatamente o debate entre os trabalhadores sobre a construção de um partido para que os trabalhadores triunfem e imponham seu poder no Brasil e no mundo.

Propostas aprovadas na reunião aberta no CDB:

 Realização de um debate sobre a crise e como os trabalhadores devem enfrentá-la, numa reunião aberta do CDB, no dia 24/10 as 13 hs. no sindicato.

 Convidar os estudantes da CONLUTE para participarem desta reunião do CDB e do debate.

 Propor que a CONLUTAS convoque um encontro nacional, para discutir como preparar os trabalhadores para enfrentar a crise.

 Foram eleitos delegados para apresentarem e defenderem essas propostas e as consignas programáticas apresentadas na plenária estadual da Conlutas.

 Ligar a campanha contra a repressão à necessidade de unir as fileiras da classe para enfrentar a crise e os ataques que certamente virão, e chamar a vanguarda estudantil em particular o PSTU e a CONLUTAS a fortalecerem a campanha contra a repressão.

 Adesão do SINTUSP à campanha internacional para que Zanon permaneça sob controle operário

Debate sobre a crise e como os trabalhadores devem enfrentá-la,
numa reunião aberta do CDB, no dia 24/10 às 13h no SINTUSP.

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