Palavra Operária

Hoje, dia 05 de maio por volta das 16h, a polícia deu mais uma mostra de seu caráter reacionário e racista. Cerca de 150 jovens, trabalhadoras e trabalhadores negros estavam reunidos em São Bernardo , perto do Paço Municipal, se manifestando contra o genocídio da juventude negra, fruto da violência policial que todos os dias tira a vida, reprime e humilha jovens e trabalhadores negros e negras. Tudo corria normalmente quando a polícia apareceu reprimindo mais uma vez.

A pouco mais de uma semana do dia 13 de maio, dia da farsa “libertação” dos escravos em 1888, vemos como em pleno século XXI o racismo continua imperando. Como nesta sociedade capitalista, por mais que a burguesia a todo momento invente novas demagogias para tentar nos convencer que o racismo não mais existe, a sua polícia nos mostra na prática justamente o contrário.

Com a truculência de sempre a polícia agrediu os manifestantes que marchavam pacificamente, apreendeu cartazes que denunciavam o seu caráter racista, e deteve quatro dirigentes do movimento negro que estavam presentes. Com o maior cinismo do mundo, os policiais tiveram a pachorra de dizer que os cartazes “ofendiam a honra da polícia” por que diziam que esta é assassina de negros e negras! Isso prova uam verdade óbvia: que no capitalismo não se pode dizer a verdade.

Neste momento, estão detidos no 1º DP de São Bernardo do Campo, Mara do Hip-Hop dirigente da Corrente Operária do PSOL e da Casa de Cultura e Política do ABC, Eduardo do Grupo Rosas Negras, Gilson do Movimento Fala Negão de Itaquera e da Central de Movimentos Populares, que também atua como assessor do deputado Vicentinho do PT e integra o Comitê de Combate ao Racismo do PT de SP, e Luciana Eduardo, de Ribeirão Pires que atua no Centro de Referência Cultural Afro-Indígena Quilomboca. Os demais integrantes da manifestação estão do lado de fora da delegacia pressionando pela libertação dos companheiros.

O ato é parte do Encontro Nacional da Juventude Negra (ENJUNE) do ABC, sendo impulsionado por uma série de entidades e movimentos que militam pela causa negra, como o Movimento Negros Unificados, Quilombagem, Posse Rausa, Casa de Cultura e Política do ABC, entre outros, e tinha o apoio do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, que cederam o carro de som que estava sendo usado na manifestação.

Esta repressão se liga a toda uma ofensiva dos setores mais reacionários da burguesia, que tenta se utilizar da comoção gerada por tragédias como a morte do menino João Hélio no Rio de Janeiro para “endurecer” as leis, o que obviamente terminaria servindo para melhor reprimir a vanguarda, os trabalhadores e o povo negro. Basta vermos o imenso aumento do policiamento nas ruas da cidade de São Paulo e suas imediações, e agora a tentativa de aprovar no Senado a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos. Esta ofensiva reacionária e repressiva da burguesia e de seus cães-de-guarda, a polícia, chegou a um nível tal que levou a que ontem centenas de trabalhadore e jovens que habitam a favela da Bela Vista, na zona norte de São Paulo, se enfrentassem bravamente com a polícia durante 6 horas, levantando barricadas contra a repressão e humilhação a que são submetidos todos os dias pela polícia.

Chega de repressão aos trabalhadores e à juventude negra! Estamos com os moradores da favela de Bela Vista e com os militantes do movimento negro, contra a polícia racista e assassina! É necessário que todas as organizações de esquerda, estudantis, sindicatos, de direitos humanos, se unam na luta contra a repressão policial aos trabalhadores e juventude negra!

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