Domingo 5 de Maio de 2024

Movimento Operário

Paralisação 29/04: A luta dos trabalhadores da USP frente aos novos ataques do REItor

23 Apr 2010 | Preparar uma grande paralisação em toda a categoria! Leia também: – NA USP DO DIÁLOGO DE RODAS, AS MULHERES LEVAM SOCOS!   |   comentários

JPO: Qual o verdadeiro
significado do CRUESP
em não estender o reajuste
de 6% dos professores
aos funcionários?

Domenico: O reajuste
diferenciado dado aos
professores foi decidido
de comum acordo entre
Rodas, os outros dois
reitores e Serra, que
necessitava equiparar os
salários dos professores
das estaduais aos professores
das federais para
tentar evitar um ataque
de Dilma e do PT na campanha
eleitoral desse ano.
A confirmação na sextafeira
passada (16/4) de
que o CRUESP não irá
estender o reajuste de
6%, travestido de
“reestruturação de carreira”,
foi uma péssima
notícia para as três categorias
de funcionários da
USP, UNESP e Unicamp.
Isso significa a quebra da
isonomia salarial entre
funcionários e professores,
conquistada no fim
dos anos 80.

A decisão do CRUESP só
reforça a estrutura de
poder aristocrática e discriminatória
das universidades
estaduais paulistas
e escancara projetos
opostos para a educação:
Por um lado, a reitoria e
os “iluminados” do CO a
favor do maior atrelamento
às empresas terceirizadas
e fundações privadas,
com pesquisas milionárias
patrocinadas
pelos bancos e multinacionais
que favorecem
somente os capitalistas e
uma casta de professores
da “elite”. Do outro, a luta
pela universidade com
ingresso livre e direto a
toda a população, a
serviço dos trabalhadores
e da população pobre,
pelo fim do vestibular e
pela estatização das privadas,
para atender as
demandas mais
necessárias da maioria.

Aqueles que consideram
o trabalho dos professores
superior ao dos
funcionários técnicoadministrativos
são, antes
de tudo, responsáveis pela
escravização de milhares
de terceirizados que trabalham
diariamente sem
materiais e equipamentos
necessários, recebem um
salário de fome, são assediados
diariamente pelas
supervisões e gestores;
como é o caso extremo
dos companheiros e companheiras
da Personal que
desde janeiro atrasa
salários e direitos com a
conivência do novo reitor.
Por isso, defendemos o
fim da terceirização, a
incorporação desses trabalhadores
sem concurso,
por igual trabalho, igual
salário.

Rodas repassou para os
professores o auxilio alimentação
dado aos funcionários
sem nem
mesmo a ADUSP ter
reivindicado.Ao mesmo
tempo, nada de concreto
foi apresentado sobre as
nossas principais reivindicações.
Já foram 8
reuniões com Rodas
desde dezembro, mas sua
única preocupação real é
convencer um setor dos
trabalhadores de que de
fato é o “REItor do diálogo”
enquanto tenta isolar
o Sintusp e o setor mais
combativo da categoria
afim de ganhar apoio na
classe média e na mídia
para reprimir os “intransigentes
e violentos”.

Sobre a violência das
condições de trabalho
nos restaurantes da
Coseas, o REItor não se
manifesta. Cada vez mais
comparados às linhas de
montagem do século XIX,
os trabalhadores são obrigados
a uma rotina que
tem ocasionado inúmeros
acidentes de trabalho,
afastamentos e restrições
por lesão repetitiva. No
instituto Oceanográfico o
diretor decidiu por conta
própria que irá implementar
o banco de horas e
aqueles que forem contra
ele irão responder
processo administrativo.
Estes são somente alguns
casos que ocorrem sob as
barbas de Rodas que
muito dialoga, mas até
agora tem intensificado o
projeto elitista, discriminatório
e racista de universidade,
além da
conivência explicita com
todos esses abusos e
ataques.

JPO: Como concretizar
uma forte mobilização
contra o falso diálogo de
Rodas e os projetos governamentais
para a educação?

Pablito: No dia 30 do
mês passado realizamos
uma primeira paralisação
que teve grande adesão e
terminou com uma
expressiva assembléia em
frente à reitoria. Fomos
cobrar de Rodas uma
resposta à extensão dos
6% dado aos professores
e mais uma vez saímos
sem nada.Agora o CRUESP
já se posicionou contrário
e, além disso, diz
não negociar a pauta unificada
do Fórum das Seis
antes da data-base em
maio. Os três reitores
estão apostando no isolamento
dos trabalhadores
e infelizmente até agora
contam com a apatia da
direção do DCE (PSOL)
que dialoga com Rodas e
não com os estudantes e
funcionários. Pelo contrário,
os trabalhadores da
USP e nosso sindicato
estiveram juntos aos estudantes
na luta contra os
decretos de Serra em
2007, que culminou na
ocupação da reitoria por
mais de 50 dias e pautou
a crise da universidade
pública em todo o país, e
também no ano passado
pela democratização da
universidade e para expulsar
a PM do campus.

Mais do que necessário, é
urgente retomarmos essa
atuação conjunta em
defesa da universidade
pública e gratuita, a
serviço da maioria da
população explorada que
a sustenta com seus
impostos. Já aprovamos
em nossa assembléia
incorporar a luta contra a
Univesp que desde o ano
passado defendemos em
comum com os estudantes,
e propomos
impulsionar novamente a
luta conjunta contra a
repressão. Dia 12/5 ocorrerá
o julgamento em
primeira instância da
demissão de Brandão e
propomos fazer um
grande ato para reverter
essa fraude. Queremos
por fim as multas ao
sindicato, processos
admin0tas e dirigentes da
categoria, e também barrar
os ataques ao movimento
estudantil e suas
entidades.

Dia 10/4 foi feita uma
plenária estadual em
Araraquara e os estudantes
da UNESP apontaram
nessa perspectiva. É
fundamental que os estudantes
da USP se somem
a esses setores para
ampliarem muito mais a
unidade com os trabalhadores
que já estão se
mobilizando nas unidades.
No próximo dia 29
realizaremos uma nova
paralisação e avaliaremos
as condições para entrar
em greve. É fundamental a
participação do maior
número possível de estudantes
da USP.

JPO: Em que perspectiva
deve seguir a luta desse
ano frente aos novos
ataques do reitorado?

Pablito: É importante
que tomemos como ensinamento
para a nossa
greve o que aconteceu
com os professores da
rede estadual que tiveram
uma forte greve recentemente
e foram derrotados
por culpa da burocracia
governista da CUT que
dirige a APEOESP.

Transformaram a luta dos
professores em palanque
a favor da candidata governista
Dilma Roussef, ao
custo de abandonar as
principais demandas dos
professores em luta. Serra
já mostrou que está disposto
a derrotar as lutas
e provar que tem o controle
político do estado de
São Paulo e pode governar
o país. Para que a
luta das universidades
possa triunfar é
necessário dar um passo à
frente das mobilizações
de 2007 e 2009 e aprofundar
a unidade entre
funcionários e estudantes,
ligando as demandas
salariais com as demandas
contra a repressão, a
estrutura de poder e em
defesa da educação, transformando
a greve salarial
numa greve política contra
os planos de Serra
para a universidade.

Outro passo fundamental
para romper o isolamento
social de nossa greve, é se
ligar às demandas da
grande maioria da população,
os trabalhadores e
o povo pobre, que padecem
sob péssimas
condições de saúde, educação
e transporte público,
impulsionando uma
forte campanha política
de solidariedade e denúncia
das enchentes que
atingiram o país nos últimos
meses e que todo
ano é igual, com centenas
de mortos e destruição
em massa. É nessa perspectiva
que nós da LERQI
estamos discutindo
com nossos(as) companheiros(
as) da USP para
que a greve desse ano
possa triunfar.

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