Domingo 19 de Maio de 2024

Juventude

Movimento estudantil secundarista e luta pelo passe livre

Os desafios do movimento estudantil secundarista

20 Jan 2005   |   comentários

Há anos existe uma organização nacional burocrática que comanda a maioria dos grêmios, chamada UBES, que impede a luta dos estudantes em diversos lugares do país. Foi essa mesma entidade que fez o acordão pelas costas dos estudantes de Salvador na Revolta do Buzu, e depois foi expulsa do movimento.

Por esse histórico burocrático e pelo fato de que atua como braço do governo Lula dentro do movimento secundarista, que em maio de 2004, a fundação da Conlute surgiu como uma alternativa às entidades burocráticas como a UNE e a UBES.

Porem, há que se fazer um balanço sério, já que ao longo de 2004 a Conlute (hoje dirigida pelo PSTU) não cumpriu o seu papel como coordenação da luta dos secundaristas. As lutas dos secundaristas a favor do passe livre que estremeceram o Brasil de norte a sul, ficaram isoladas por falta de uma verdadeira coordenação nacional que unificasse as principais as lutas estudantis de conjunto, tanto secundaristas quanto universitários contra as políticas do governo para educação.

A Conlute deve se colocar como uma perspectiva revolucionária para os estudantes secundaristas, organizando a luta pelo passe livre, com grêmios militantes e combativos impulsionando uma política conseqüente para expulsar a burocracia da UBES das escolas secundaristas.

Grêmios militantes e combativos

É necessário a unificação dos grêmios combativos e para isso a Conlute deve construída para incidir no movimento secundarista como uma alternativa aos métodos burocráticos da UBES, que impede que os grêmios ligados a ela travem uma luta conseqüente a favor de suas reivindicações e que sufocam os estudantes, que não tem poder de decisão sobre os rumos do movimento estudantil.

Os grêmios estudantis devem entrar na Conlute na intenção de transformar ela num pólo antiburocrático, antigoververnista e em aliança com os trabalhadores. Em São Paulo, no ETE Albert Einstein, a burocracia estudantil que dominava o grêmio foi expulsa. Os estudantes se conscientizaram e rechaçaram o governismo. No colégio Giordano Bruno, também se expressou esse processo antiburocrático com a chapa Levante que foi eleita com um programa de ruptura com a UBES e de construção da Conlute. Mas a burocracia da UBES ainda domina a maioria dos grêmios estudantis.

Os estudantes combativos devem lutar dentro de suas escolas não somente em épocas de eleições, mas o ano todo, construindo comitês de luta pelo passe livre e contra a reforma universitária, sendo que esses comitês devem eleger seus representantes por via da democracia direta, votando delegados de base revogáveis e mandatados e que esses tenham poder de voz e voto dentro das reuniões e plenárias da Conlute, sejam essas posições majoritárias ou minoritárias, garantindo assim, que todas as posições do conjunto do movimento sejam expressas.

A luta pelo Passe Livre

Várias cidades do país vêm sofrendo aumentos nas tarifas do transporte coletivo. A maior referência para os estudantes do país aconteceu em Salvador em 2003, quando a passagem do ónibus subiu de R$ 1,30 para R$ 1,50, numa cidade onde o desemprego e a pobreza atingem patamares elevadíssimos. Mais de 20 mil estudantes saíram às ruas exigindo a redução da passagem e o passe livre.

A burocracia estudantil da UBES fez uma acordão com a prefeitura do PFL, onde eles teriam conseguido o congelamento das passagens em R$ 1,50 e meia passagem por um período de um ano, que já expirou. De norte a sul do país diversas manifestações pelo passe livre são realizadas, e esse deve ser um dos eixos da Conlute: defender o passe livre para a juventude, estudantes e desempregados.

A UBES diz que o passe livre não pode ser conseguido sem o aumento das tarifas e há a possibilidade das companhias de transporte falirem. Nada mais que pura mentira! Os empresários querem apenas enriquecer com os recentes aumentos de tarifa de ónibus no ABC, Guarulhos, cidades do nordeste e o abusivo aumento do metró de São Paulo, junto com iniciativas para privatizá-lo. Devemos levantar a bandeira do Congelamento imediato das tarifas de transporte!

Da mesma forma que aconteceu em Salvador, a Conlute deve impulsionar uma aliança revolucionária dos trabalhadores com os estudantes. Esses trabalhadores que fazem os transportes funcionar estão hoje ameaçados de perder seu empregos, igual ao que acontece com os metroviários de São Paulo. Devemos ser contra a demissão dos funcionários, que para assegurar seus empregos e recebereo salário que merecem devem se organizar em comitês de luta para lutar contra os empresários dos transportes e o governo, que consomem seus salários e os obriga a trabalhar mais de 8 horas por dia para manter suas famílias. Mas há uma maneira do cenário se inverter, lutando pela Estatização dos transportes sob o controle dos trabalhadores e dos usuários.

Outra das bandeiras da Conlute, tanto para o passe livre quanto para o movimento contra a reforma universitária, deve ser a campanha contra a repressão do movimento pela policia.

Thalita é membro da Gestão Alternativa ETE Albert Einstein (SP) e Tiago é estudante do colégio Elias Zarzur (SP)

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