Quinta 2 de Maio de 2024

Juventude

PUC-SP

Mudemos a lógica para transformar a universidade em 2009

03 Dec 2008   |   comentários

Durante mais de 5 meses valorosos, ativistas se organizaram na PUC para realizar um congresso dos três setores, o qual sabíamos que não seria um congresso massivo, já que não estava inserido em um período de mobilização na universidade. Na nossa tese já alentávamos para esse fato, porém indicávamos também o papel que um congresso poderia cumprir em reorganizar todo um setor em torno de um programa que nos levasse a enfrentar a reitoria, contestando o caráter da universidade e o conhecimento nela produzido, sobretudo com a crise económica que já não mais se avizinha e sim se faz presente, com o aumento da carestia de vida, demissões já anunciadas, etc. E sabe-se lá como faremos para pagar as mensalidades da PUC que, se em tempo de bonança económica já eram caríssimas, pensemos então agora !

Desde antes do congresso enxergávamos a necessidade de romper com a velha lógica do movimento estudantil de discutir uma unidade no vazio com todos que o constroem. Essa lógica foi responsável por não respondermos as eleições para reitor à altura com um congresso que serviria de alternativa à falida estrutura de poder da PUC, que através dos seus conselhos abrigou a Igreja para essa demitir e ajustar o controle da Universidade, de acordo com as demandas do mercado capitalista. Outra batalha não dada foi para trazer os trabalhadores efetivos e terceirizados a participarem, no sentido em que nós estudantes nos colocássemos à frente da luta pela liberalização do ponto dos mesmos e não jogar a bola para a direção da AFAPUC, que além de ter boicotado o congresso, nunca se moveu para defender os trabalhadores terceirizados desde que o processo de terceirização dos funcionários começou na PUC.

Sabemos que a AFAPUC foi duramente atacada pelas políticas da reitoria nos últimos anos. Sabemos também que dentro desta entidade há trabalhadores combativos que se colocam contra o atual modelo da PUC. Mas isso não pode servir para eximir a AFAPUC da responsabilidade pelas ações de conjunto que tomou. E quando tentamos apontar os problemas e equívocos desta entidade no jornal do congresso fomos duramente criticados, pois nos diziam que: "Não podemos criticar quem está construindo" ( ...) Porém, perguntamos aos companheiros, o quê a AFAPUC construiu durante o congresso? E mesmo que estivesse construindo, não compactuamos com uma unidade construída de forma superficial e mantida a todo custo, ignorando divergências programáticas e debilidades. Essa combinação de debilidades, somadas ao cenário interno difícil que se encontra a PUC, com cerceamento de espaços, ameaça e perseguição da reitoria, fez com que no final das contas o congresso se transformasse em um encontro aberto entre professores e estudantes já envolvidos na sua construção.

O rotineirismo antigo das direções do movimento estudantil também prevaleceu nas resoluções do encontro, onde se vota o humano e o "divino", todavia sem pensar com hierarquia qual programa de ação deve ser implementado no próximo período. Um exemplo do velho e tradicional rotineirismo é o PSOL, que trouxe como uma das suas principais propostas a votação de uma comissão pró-DCE, como se no próximo período os estudantes (que na sua imensa maioria não tomaram conhecimento do congresso, muito menos do que estava sendo votado) de fato precisem de uma nova entidade. E que, ademais, construída dessa forma, quase que inevitavelmente, se burocratizaria com enorme rapidez. Felizmente essa proposta não passou! Mas apenas comprova como a velha lógica, que não consegue escapar do corporativismo nas suas ações, se faz imperante.

Tão imperante que chegavam a ponto de defender que a palavra "trabalhadores" aparecesse menos nas resoluções finais, por acharem que esta "não dialoga com os estudantes". Inclusive achavam ser tão radical incluir a palavra "trabalhadores" que diziam que "não podíamos pregar o ’Leninismo’ para os estudantes". Assim adaptavam-se totalmente à ideologia acadêmica que marginaliza a teoria marxista, dizendo que os trabalhadores não existem mais, ou que se tornaram uma palavra "demoníaca" de "dinossauros que querem a revolução".

Foi na contramão dessa lógica que nós do Movimento A Plenos Pulmões travamos um batalha política nestes três dias, para que pudéssemos sair dali armados com um programa que não fosse apenas para os dias de festa onde tudo é permitido, mas sim que nos armasse para enfrentar a crise económica, que em primeiro lugar se liga à uma luta pela redução das mensalidades, dizendo que não pagaremos por essa crise, e a luta contra a precarização do trabalho na universidade, pois os trabalhadores terceirizados serão os primeiros a pagar pela crise com a alta do preço dos alimentos, por exemplo. Além do fato que a reitoria, como em todas as férias, já dá prenúncios de ataque para o 1º semestre de 2009: vários estudantes já receberam e-mails falando que as suas bolsas de estudos foram cortadas! O motivo: claro que nunca é falado! Mas sabemos que desde a implementação do ProUni, as bolsas da Fundação São Paulo gradualmente vão sendo retiradas.

Não aceitaremos mais uma universidade que se pretende superior à realidade, pois entendemos que está determinada por ela, e neste sentindo devemos travar uma batalha desde as salas de aula rejeitando "teorias" que nos levem à resignação. Lembramos do maio de 68, não para saudar os tempos áureos do movimento estudantil, mas sim de como era um movimento que debatia a necessidade estratégica de se aliar com os trabalhadores para conseguir suas demandas, e com isso radicalizavam seu programa, não questionando apenas a Universidade, mas também o capitalismo e o modo de vida miserável que ele propiciava para os explorados.

O governo brasileiro não mede esforços em injetar bilhões de reais no sistema financeiro dando as costas para os serviços públicos como a saúde e a educação. Por isso, nós da juventude temos que saber que a única saída para a crise da PUC é a sua estatização e sob controle da comunidade. A única saída para a crise do capitalismo é a sua contestação enquanto modelo económico.

Fazemos um chamado urgente para que o CACS e as outras entidades estudantis, de professores e funcionários, chamem até o final desse semestre e durante o mês de janeiro, reuniões para organizarmos uma calourada unificada com um programa de ação que resista ao corte de bolsas da reitoria, lute pela redução imediata das mensalidades, preparando toda a juventude e os trabalhadores da PUC para enfrentar a crise que irá verticalizar cada vez mais os ataques ao conjunto da comunidade. Não faremos que as resoluções do encontro que possam armar os estudantes para o ano de 2009 se transformem em papel molhado. Desde já o CACS deve chamar os estudantes nas salas de aula e preparar uma série de atividades durante as férias de janeiro para que retomemos a ofensiva contra a reitoria.

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