Quinta 2 de Maio de 2024

Mulher

OPRESSÃO E VIOLÊNCIA NA SOCIEDADE CAPITALISTA

Meninas estupradas e assassinadas no estado do Paraná

26 Nov 2008   |   comentários

Em apenas dez dias, no Estado do Paraná, no intervalo do dia cinco de novembro ao dia quinze, quatro meninas com a idade de três a nove anos foram vítimas de estupro seguido de morte. Com o espaço cedido pela mídia burguesa para a divulgação sensacionalista dos fatos, os casos resultaram em grande revolta e comoção na população brasileira.

As diferentes formas de opressão existentes na sociedade em que vivemos, inserida no modo de produção capitalista, se faz presente em toda e qualquer relação social, seja entre pais e filhos, professores e alunos, brancos e negros, e como verificamos com esses últimos acontecimentos, entre homens e mulheres. Porém, é necessário refletir de como a opressão inerente ao sistema capitalista de produção, ou seja, aquela exercida pelos patrões contra os trabalhadores, é capaz de refletir e moldar todas as outras relações sociais, de modo que existam grupos subordinados à opressão e violência de outros.

Essa violência sofrida diariamente pelas mulheres, seja através do culto e exploração do corpo feminino, na prostituição, na violência “doméstica” ou no campo do trabalho, representa a apropriação da exploração já existente, pelo homem inserido na ordem vigente. Tal opressão é legitimada cotidianamente como, por exemplo, na diferença dos salários de homens e mulheres, na maior precarização da mulher no trabalho, na dificuldade de acesso a maiores cargos, assim como na desvalorização e na não participação do homem no trabalho doméstico.

Mas, a violência não se expressa apenas na forma moral, ela se recrudesce a casos extremos, chegando o homem a submeter uma mulher à humilhação, e agredindo-a fisicamente ou crendo no direito de violentá-la sexualmente. Os casos ocorridos no estado do Paraná são expressões desta violência infinitamente mais ampla, que retratam como o homem é capaz de submeter sujeitos supostamente mais frágeis, a situações de extrema violência. Prova disso é que as vítimas mortas, além de serem mulheres, eram crianças. Sujeitos estes que foram destituídos de qualquer direito.

Como resposta aos acontecimentos, o governo do Paraná implantou o primeiro banco de DNA do país, ou seja, quando o suspeito for preso, amostras do DNA serão transformadas em dados e incluídas em um cadastro. Se a pessoa voltar a cometer um crime e deixar vestígios, bastará comparar com o material genético arquivado. Isso mostra que para o governador Roberto Requião, (PMDB) são meramente casos de segurança pública, na qual a questão da violência é encarada como questão simplesmente subjetiva, isto é, as pessoas são vistas como assassinos ou delinqüentes por natureza. E desconsideram que os envolvidos nos crimes não fazem parte de um sistema que é capaz de desumanizar o sujeito e que tem em sua base a barbárie.

Além disso, é importante ressaltar que enquanto inúmeras mulheres e meninas são violentadas de forma aterrorizante, O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo discute a possibilidade de considerar o estupro como crime hediondo, apenas em casos seguidos de morte ou graves seqüelas às vitimas.

A opressão do homem contra a mulher está incluída na sociedade de classes, opressão esta que é legitimada a todo momento pela exploração da maioria da população pela minoria de parasitas capitalistas. É por isso que a luta contra a opressão do homem sobre a mulher, do branco sobre o negro e as demais opressões, devem ser travadas concomitantemente à luta pelo fim do capitalismo! Só assim impulsionaremos uma luta da classe trabalhadora por uma sociedade justa e igualitária, e por isso chamamos a todos oprimidos e indignados com tal realidade, que também tomem essa luta em suas mãos!

Lívia Barbosa é estudante de Serviço Social da UNESP de Franca e militante da LER-QI. Helena Alves é estudante de História da UNESP de Franca e militante do Movimento A Plenos Pulmões.

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