Segunda 6 de Maio de 2024

Movimento Operário

ATO CONTRA A REPRESSÃO

Mais de 300 pessoas realizaram um grande ato contra a repressão e os ataques à qualidade de ensino na USP

08 Nov 2008   |   comentários

Foi uma grande manifestação em frente à reitoria da USP que superou todas as expectativas, num ato político que se constitui como um marco na campanha impulsionada pelo Sintusp. Estiveram presentes várias personalidades que assinaram e estão encabeçando o “Manifesto contra a repressão e os ataques à qualidade de ensino na USP” que já conseguiu reunir um amplo apoio político de intelectuais, personalidades, organizações políticas e sindicais nacionais e internacionais (segue abaixo).

Foi mais um passo muito importante nessa campanha democrática de frente única que vem conseguindo reunir setores cada vez mais amplos, que achamos que pode e deve se transformar em uma referência ainda maior de resistência à repressão na USP, que ganhou importância depois do processo de luta do ano passado e impulsionou e inspirou mobilizações e debates em todo o país, mas transcendendo os muros da universidade para fazer frente à criminalização dos movimentos sociais e a impunidade dos torturadores da ditadura, como aponta o manifesto.

Apoiamos essa perspectiva, pois havia muito tempo que não se reuniam tantas forças políticas ao redor de um objetivo, o que sem dúvida fortaleceu os trabalhadores e estudantes de diversas unidades da USP presentes no ato e todos os que apóiam a campanha. Nesse sentido, também cumpriu um papel importante a presença de representantes da ADUSP, ADUNICAMP, ADUNESP, do DCE da Unesp-Fatec, da Conlutas, do ANDES-SN, além de diversas organizações políticas como o PSOL, PSTU, PCO, MTST, Tribunal Popular e outras. Também vieram prestar solidariedade estudantes da Fundação Santo André e secundaristas.

Sem dúvida, a reitoria e os conselheiros universitários que estavam em reunião do Conselho Universitário naquele momento viram que não será fácil avançar nas medidas repressivas que estão empreendendo, a mando do governador Serra, para disciplinar os lutadores. Depois da abertura do ato realizada por Claudionor Brandão, diretor do Sintusp, fizeram uso da palavra dezenas de manifestantes, entre eles o Professor Luiz Renato Martins, da ECA-USP, que vem cumprindo um importante papel na campanha e fez uma primeira intervenção localizando a repressão no marco da resposta da reitoria ao movimento emblemático iniciado em 3 de maio de 2007 com a ocupação. Repudiou veementemente a repressão e apontou a necessidade do fortalecimento da campanha.

O Professor Chico de Oliveira fez uma importante intervenção. Entre outras questões, denunciou o caráter elitista da universidade, defendendo a necessidade de ligar a campanha à defesa da abertura da universidade para a população, questionando o filtro anti-democrático do vestibular.

O deputado estadual Carlos Giannazzi, do PSOL, interviu dizendo que estão tomando medidas na Assembléia Legislativa, junto à comissão de direitos humanos, para impedir o avanço do processo repressivo. Também foi muito importante a presença e intervenções das organizações políticas. O PSTU esteve representado pelas falas de Dirceu Travesso, dirigente da oposição bancária, Geraldinho da oposição da Apeoesp e Camila da Conlute, presença que esperamos que possa marcar uma inflexão para podermos impulsionar essa campanha conjuntamente daqui em diante. O Movimento Terra Trabalho e Liberdade esteve representado por Janira que interviu ligando a repressão na USP à política de criminalização dos movimentos sociais. Também esteve presente o PCO, que fez uma intervenção com António Carlos também da Apeoesp.

Nós da Liga Estratégia Revolucionária, junto ao Movimento A Plenos Pulmões que construímos conjuntamente com independentes, nos orgulhamos de estar ao lado do Sintusp em mais esta campanha política e de termos, com nossas modestas forças, cumprido um importante papel para que este ato se realizasse. Nossas intervenções giraram ao redor de propostas de como fortalecer a campanha, ligando-a a necessidade dos trabalhadores e da juventude nos prepararmos para enfrentar mais ataques e repressão frente à atual crise económica. Rafael Borges, membro do DCE da Unesp-Fatec, interviu chamando a seguir o exemplo dos estudantes italianos que estão lutando contra as reformas educacionais do governo direitista de Berlusconi, levantando a consigna "A universidade não vai pagar pela sua crise", e defendendo as resoluções tiradas na recente Plenária dos Estudantes da Unesp-Fatec, que contou com a presença de 120 estudantes, de coordenar o movimento nas estaduais paulistas. Para isso, a primeira iniciativa que tiveram foi apoiar este ato, no qual estiveram presentes com uma delegação de estudantes de Franca e Rio Claro, mas propuseram também impulsionar um encontro estadual de estudantes no primeiro semestre do ano que vem, para coordenar e fortalecer a luta contra o Plano de Desenvolvimento Institucional da Unesp, a lei paulista, a Univesp e a repressão.

Paula Litcha, estudante de Letras da USP, interviu pelo Movimento A Plenos Pulmões colocando a necessidade de que essa campanha vá até o final para reverter as punições, fortalecendo a aliança operário-estudantil e colocando de pé um comitê contra a repressão unificado para levar adiante as tarefas que estarão colocadas para fazer a reitoria recuar no processo de repressão que tem o Sintusp como alvo privilegiado.

Flávia Vale, estudante de Ciências Sociais da USP, interviu pela LER-QI partindo de saudar a importância do ato, como parte da necessidade de impulsionar uma forte campanha. Denunciou o papel nefasto que o DCE da USP, dirigido pelo PSOL e PCB, vem cumprindo em ser completamente omisso com relação ao processo de repressão, o que se mostrou mais uma vez no próprio ato, que não contou com a presença de nenhum membro desta gestão do DCE, mesmo estando vários estudantes da USP ameaçados e de estarem sujeitos à uma multa de mais de 300 mil reais, e aos ataques que a USP está sofrendo como a lei paulista e a Univesp. Ligado a isso, também colocou a necessidade do movimento estudantil seguir o exemplo dos estudantes italianos que estão dando um exemplo de combatividade e politização e de colocarmos de pé novas entidades militantes frente ao novo cenário que se abre internacionalmente com a crise capitalista, superando a burocracia estudantil que está encastelada no DCE da USP dirigido pelo PSOL. Chamamos todas as organizações, entidades e pessoas que estiveram presentes no ato e que vem aderindo ao manifesto a somarmos forças para colocar de pé este comitê contra a repressão unificado e fortalecer esta campanha na USP, enfrentar as autoridades universitárias e o governo estadual, ligada à luta contra a criminalização dos movimentos sociais que vem se incrementando.

CLIQUE AQUI para ler o Manifesto da campanha (pedimos ampla divulgação e adesão).

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