Segunda 29 de Abril de 2024

Juventude

Frente à ameaça de punição aos estudantes da PUC-SP

Impulsionar uma campanha ampla contra as punições

20 Dec 2007   |   comentários

A reitoria da PUC-SP, sob o comando da reitora Maura Véras, está desferindo um novo ataque aos estudantes. Alegando “danos ao património” a reitoria está tentando punir seis estudantes com um processo de sindicância interno, e três estão tendo que responder processo na justiça comum. Isso está acontecendo em pleno início de férias, para que os estudantes não tenham como se defender. Trata-se de perseguição política, que mostra o caráter antidemocrático e autoritário da reitoria. Tenta-se criminalizar o movimento estudantil e seus métodos de luta.

A punição está dirigida a alguns estudantes, mas é uma medida disciplinar contra todos os que mesmo não tendo participado ativamente da mobilização que culminou na ocupação de reitoria em novembro, simpatizam com os seus fundamentos. Isto porque ao contrário do que foi reivindicado pelos estudantes durante o ano, a reitoria já vem mostrando claramente quais são os seus planos: abrir as portas para a ingerência do capital privado sobre a universidade, mudar a estrutura de poder de modo a torná-la mais antidemocrática com cadeira cativa para a igreja, minar o direito dos estudantes inadimplentes de estudar, abrir brechas para o fim dos cursos menos rentáveis. Estes planos foram condensados em um projeto chamado “Redesenho Institucional” , que apesar de colocar estes pontos de maneira maquiada, não enganou a vários dos que vem sentindo na pele a implementação destes planos se levantaram.

Agora a reitoria tenta dizer que o movimento estudantil teria “rompido” a “democracia” , e cometido um “ato de violência” . Assim justificativa as punições. Frente a isso cabe a pergunta: não seria uma imensa violência impedir que estudantes não consigam se formar por não terem como pagar a obscena mensalidade de cerca de mil reais? Não seria uma violência demitir centenas de professores e funcionários como a reitoria da PUC-SP fez nos últimos anos, para honrar dívidas com os bancos? E acabar com as bolsas dos estudantes que não podem pagar? Onde está a “democracia” nisso tudo?

A reitoria da PUC-SP já mostrou que tipo de democracia defende quando mandou a tropa de choque para cima dos estudantes. Rendendo uma triste homenagem a exatos 30 anos da invasão da PUC-SP pelo aparato repressivo da ditadura militar comandado por Erasmo Dias quando estudantes buscavam organizar um encontro estudantil, a atual reitoria da PUC-SP jogou no lixo o que havia de mais progressivo na história desta universidade: a negação da entrada da polícia no campus. No cúmulo do cinismo a reitoria que sempre se auto-intitula “aberta ao diálogo” mostra que na sua opinião quem se coloca contra ela pode dialogar...mas com a polícia! Isso mostra que a reitoria está decidida a fazer de tudo para enterrar também não só a tradição de luta do movimento estudantil, mas também todo o caráter da universidade aumentando a repressão cotidiana sob as botas dos seguranças da empresa Graber e instalando câmeras por todos os lados, tentando acabar de uma vez com a livre convivência no campus.

Estas tentativas de transformar a universidade em uma usina fria e sem vida de formação de mão-de-obra manipulada para o capital não passará sem resistência. Temos que dar uma resposta à altura, e retomar a via que já foi apontada este ano pelos estudantes que se mobilizaram contra o redesenho institucional. O primeiro passo é não permitir que nenhum estudante seja reprimido ou perseguido politicamente como a reitoria está tentando fazer. Temos que impulsionar uma ampla campanha, manifestando nosso repúdio contra toda e qualquer punição, ligando esta que acontece na PUC-SP à que vem se dando em diversas universidades do país.

Entrevista com Rodrigo Tufão - um dos estudantes da PUC-SP perseguidos pela reitoria, membro da Gestão Primavera de Praga do CACS e representante dos estudantes no Consun

1 ’ O que aconteceu na PUC-SP?

O ano de 2007 foi de muita luta em muitas universidades do país. Na PUC-SP os estudantes se mobilizaram em torno da questão do Redesenho Institucional, mudança na estruturas da universidade que visa torná-la mais anti-democrática e abrir espaço para que se aprofunde a ligação com o capital privado, além de abrir brechas para a extinção de cursos menos rentáveis. Estes são os planos que a igreja e a reitoria, comandada por Maura Véras, querem enfiar goela abaixo da comunidade universitária. No dia 5/11 depois de uma audiência pública com a CORI (comissão do redesenho institucional,que se compõe de burocratas acadêmicos do conselho universitário e da reitoria) os estudantes ao não terem suas perguntas respondidas, se retiraram e ocuparam a reitoria. Isso acelerou os ritmos da discussão do redesenho dentro de universidade, foram feitas assembléias com mais de 500 estudantes. A resposta da reitoria ao questionamento aos seus planos não tardou: na madrugada de 11 de novembro resolveu chamar a policia para desalojar de forma violenta os estudantes.

2 ’ E agora quais são as perspectivas?

Depois do ocorrido, a reitoria foi obrigada a adiar a votação do redesenho que estava marcada para o dia 12/12, para março de 2008 por não ter condições políticas de aprová-lo. Agora com o final das aulas ela começa a perseguir os ativistas da ocupação com a abertura de sindicâncias internas para punir os “responsáveis” . Também parece ser esse o movimento das reitorias das universidades de todo o país onde houve luta. Os burocratas acadêmicos estão fazendo um movimento unificado para eliminar a vanguarda que se formou nesses processos de luta. Assim no ano que vem podem vir mais fortes para atacar a universidade. Precisamos unificar a luta contra a repressão nacionalmente, fazendo a calourada do ano que vem um verdadeiro campo de guerra contra a burocracia universitária, para barrarmos as punições e dar impulso para expansão de um novo movimento estudantil, que seja ligado aos trabalhadores e consiga nessa aliança revolucionar a estrutura universitária brasileira,com aceso de toda população a um ensino publico de qualidade.

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