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Herman Voorwald: quem é o novo secretário de educação de SP?

05 Feb 2011   |   comentários

Dia 17 de dezembro de 2010, Herman Voorwald, ex reitor da Unesp, foi nomeado o mais novo secretário da educação do governo do estado de SP. Para muitos dos ingressantes na categoria de professores, ainda estudantes e licenciados pela Unesp, Herman já é figurinha carimbada e tem um passado que confirma o descaso com a educação pública e de qualidade, com os estudantes, funcionários e professores.

O (REI)tor das privatizações, repressão, opressão, precarização do trabalho e da universidade

Já ocupou vários cargos da burocracia acadêmica, e foi eleito reitor em 2009, com base na casta burocrática por defender um projeto privatista com abertura para as fundações, parcerias público-privadas, através de bancos, como o SANTANDER, e empresas interferindo nos rumos da universidade. Ajudou, em 2003, a implementar as UD´S, unidades diferenciadas, hoje denominadas campus experimentais, projeto de expansão da universidade sem recursos que garantisse um ensino de qualidade, docentes e funcionários. Foi responsável por aprofundar a terceirização da Unesp. Como vice-reitor apoiou a perseguição e repressão que sofreram os estudantes ao lutarem contra os decretos de Serra de 2007, que incentivavam a produção de “pesquisas operacionais” (voltadas para o lucro das empresas), e que propunha a separação entre as Fatecs e Unesp, avançando cada vez mais na privatização do ensino.

Em 2009, junto com a burocracia lançou o PDI, Plano Decenal de Desenvolvimento Institucional da Unesp, que tem como objetivos avançar na terceirização, no Ensino à Distância (EaD), reestruturar e flexibilizar os currículos e a carga horária, para voltar diretamente os interesses da universidade para o mercado, e para isso atacando o conjunto dos trabalhadores. Com o discurso de democratização ao acesso do ensino superior, junto a Secretaria do Ensino Superior, lançou a Universidade Virtual do Estado de São Paulo (Univesp) sendo a Unesp a primeira entre as estaduais a oferecer um curso de pedagogia à distância de duração de 3 anos, com 5.000 mil vagas distribuídas em vários campus, tendo como foco principal o ensino para os professores das redes municipais e estadual, que já estão em exercício. A pergunta que fazemos é: um carimbo da Unesp no diploma representa qualidade de ensino nessas condições? É possível ter uma formação de qualidade sem professores, discussões em sala de e estrutura?

É ainda no reinado de Herman que ocorreu o “Rodeio das Gordas” . E a resposta do reitor e do restante da burocracia acadêmica foi a punição em apenas 5 dias para dois estudantes do campus de Assis, chegando ao absurdo de dizer que não tinham provas suficientes para garantir que o “rodeio” tivesse acontecido de fato. Ao mesmo tempo, Herman ameaçou abrir processo disciplinar interno e entrar na justiça comum contra os membros do DCE, por termos denunciado que a direção da universidade era responsável pelo ocorrido porque sempre foi conivente com os inúmeros casos de opressão que sempre ocorreram nas festas universitárias organizadas pelas atléticas, inclusive financiando algumas delas. Não havia provas suficientes e sua resposta foi que "a universidade não pode proceder por meio de atos sumários contra docentes, servidores técnico-administrativos e alunos". Quando o DCE da Unesp/Fatec, junto aos centro acadêmicos e organizações como o grupo de mulheres Pão e Rosas organizou o I Festival InterUnesp Contra as Opressões em resposta ao ocorrido, além de não financiar o transporte que haviam prometido em reunião de negociação, chegaram a tentar impedir que o festival ocorresse tentando fechar o campus de Marília onde aconteceu o evento. Sem falar que, frente aos casos de assédios e agressões, chegam a premiar os agressores com bolsas e punir as vitimas, assim como intensificam a terceirização do trabalho que atinge principalmente as mulheres trabalhadoras e se calam diante dos trotes brutais. Ações que apenas reafirmam a responsabilidade direta e a conivência da reitoria e de Herman com o machismo, a homofobia e o racismo dentro da universidade.

No que diz respeito as políticas de permanência estudantil, que asseguram que os poucos filhos de trabalhadores que passam pelo filtro social, chamado vestibular, tenham condições de concluir seus estudos, Herman não avançou em nada das poucas bolsas que as gestões anteriores cediam. Pelo contrario, ignorou vários pedidos de estudantes e entidades para ampliar o número e valor das bolsas, construir moradias e restaurantes universitários. Se nunca foi prioridade garantir a permanência estudantil imagine garantir uma educação básica de qualidade para os filhos da classe trabalhadora!

Herman fez tão bem a tarefa na Unesp que é considerado pelos tucanos um excelente exemplo para levar adiante o projeto de privatização e precarização da educação do governo do estado. Seu perfil técnico o coloca como um “habilidoso gestor” e junto com os reitores da estaduais paulistas, atacará a educação, tendo Rodas(reitor da USP) na dianteira, tentando fazer passar goela a baixo o projeto privatista de universidade, que recentemente demitiu em torno de 260 trabalhadores na USP.

Esta é a trajetória de Herman e seus parceiros são os que governam para enriquecer cada vez mais a burguesia através da exploração, precarização do trabalho, da educação e da vida!

O discurso da “prioridade”, mas outra cara da mesma moeda!

Herman inicia seu discurso como secretário que, “a prioridade serão os professores”. Mas não podemos deixar nos enganar, pois a prioridade será manter a precarização do trabalho e da educação! E com um tom de maior diálogo, pode até dar algumas concessões aos professores, como um possível aumento salarial, mas de longe o real reajuste diante da perda de 34,3% ao longo desses anos.

Anunciou que o governo incentivará maior relação da rede pública estadual com a Univesp, aumentando o número de vagas de ensino superior e oferecendo cursos profissionalizantes e de formação em graduação e pós-graduação para os professores. A Univesp faz parte de um projeto profundo de precarização da universidade e da educação de conjunto, e por isso não é à toa que Herman, experiente dessa política, se torna o secretário da educação. A precarização do trabalho docente não se dá apenas na falta de estrutura nas salas de aula, ou no salário rebaixado, mas também na formação precária. E a Univesp se torna uma falsa alternativa para a formação dos professores e de democratização da educação, pois a ilusão do ensino em uma universidade pública, na realidade esconde que o ensino à distância, não trará uma formação de qualidade, e ainda permite explorar os professores mantendo-os trabalhando em longas jornadas para complementar a renda familiar. A política das universidades estaduais paulistas é precarizar a formação dos professores para que a educação básica se mantenha precária, formando jovens trabalhadores que se mantenham explorados e reserva de mão-de-obra barata no Brasil do trabalho precário.

A direção majoritária do sindicato (APEOSP), Articulação e PcdoB, se utilizou da greve de 2010 para fazer campanha eleitoral para a Dilma, e não travou uma luta real contra os ataques e a futura demissão de 20 mil professores da categoria “O” . No dia 27/01 , anunciou como vitória a prorrogação do período de quarentena da categoria O para 2012, mas não podemos acreditar que essa seja uma vitória, pois representa apenas um adiamento de uma situação de miséria para uma grande parte da categoria. Não queremos um sindicato que lute apenas por dentro da institucionalidade, tentando aprovar algumas emendas para amenizar as péssimas condições de trabalho, e que traz a ilusão de que várias reuniões prometidas por Herman ao longo do ano possam trazer uma algumas transformações nas condições de trabalho.

Não podemos esquecer que a política de Paulo Renato, e agora de Herman, estão ancoradas na política do governo Lula/Dilma através de medidas como avaliação dos professores, provinha de mérito, avaliação dos alunos, e ensino à distância, e que por isso a direção do sindicato não travará uma luta conseqüente contra os ataques que estão por vir. Nossa luta tem que ser todos os dias nas escolas defendendo a educação e melhores condições de trabalho para toda a classe trabalhadora, e para arrancarmos qualquer vitória precisaremos travar uma luta, sem fragmentação e corporativismo, para derrubar a sopa de letrinhas e pela efetivação de todos os professores sem concurso público. Este é o ponto de partida para lutarmos por uma escola, pública, de qualidade, laica e que esteja à serviço da juventude e dos trabalhadores! Abaixo ao mérito, queremos melhores condições de trabalho, jornadas menores, sem rebaixamento de salário, para que possamos preparar nossas aulas e continuar nossa formação!

1- Segundo dados do Inep/MEC em 2009, a média de candidatos por vaga para o vestibular da Univesp foi quatro vezes maior do que a média nacional de universidas privadas e públicas, (5,9 c/v e 1,3 c/v). As 1.350 vagas apresentadas pela Pedagogia Unesp/Univesp representa um aumento de 21% no total de vagas da Unesp.

2- Ato de violência organizado por estudantes da Unesp que consistia em “montar” nas estudantes gordas simulando um rodeio, no Festival Interunesp 2010 em Araraquara.

3- Categoria de professores temporários com contrato precário.

4- Boletim do sindicato: Fax urgente 9- http://apeoespsub.org.br/teste/Fax/Fax_0911.pdf

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