Sábado 4 de Maio de 2024

Movimento Operário

UNICAMP

Em Campinas, terceirizados também saem à luta na Unicamp

22 Sep 2011 | Manifestamos todo nosso apoio à paralisação dos trabalhadores terceirizados da EB Alimentos no "Bandeijão" da Unicamp. Leia abaixo a declaração da Juventude às Ruas, assim como a nota de apoio dos diretores do Sintusp Pablito e Solange Conceição, trabalhadores do restaurante universitário da USP.   |   comentários

Juventude às Ruas: Todo apoio a luta dos trabalhadores terceirizados da EB Alimentos (Bandeijão) da UNICAMP!

Os trabalhadores terceirizados da empresa EB Alimentos decidiram hoje (22/09) cruzar os braços contra as péssimas condições de trabalho que eles são submetidos. As denúncias são várias: queimaduras pelo corpo devido a produtos químicos, ambiente de trabalho com teto mofado, máquinas velhas que ameaçam despencar sobre os trabalhadores, assédio das chefias, etc.

Ontem, a máquina que lava as bandejas do Restaurante Universitário quebrou, e a empresa passou a exigir que os poucos trabalhadores desse setor limpassem manualmente as 6 mil bandejas que são utilizadas cotidianamente! Um desses trabalhadores resolveu levar essa denúncia ao STU e nessa manhã foi surpreendido por uma ordem de transferência para outro setor, clara expressão de repressão política. Os trabalhadores terceirizados se revoltaram com essa notícia e decidiram paralisar suas atividades até que seu companheiro retorne ao seu posto, mesmo com a chefia assediando esses trabalhadores afirmando que a greve é ilegal e que eles seriam punidos. Não aceitaremos nenhuma repressão sobre qualquer um desses trabalhadores, nem da empresa nem da Reitoria! Estaremos na linha de frente em sua defesa!

Nós da Juventude às Ruas - Campinas nos colocamos na linha de frente para defender esses trabalhadores. Nesses últimos meses, junto com o SINTUSP (Sindicato dos trabalhadores da USP) demos duas demonstrações de como a juventude deve se colocar ao lado dos trabalhadores terceirizados. Esses dois processos conquistaram não só o pagamento de seus salários (que há meses não vinham sendo pagos), como questionou o próprio regime de trabalho terceirizado, convencendo um amplo setor a lutar pela efetivação imediata desses trabalhadores sem a necessidade de concurso público, já que esses trabalhadores já provaram no cotidiano de seus trabalhos que são competentes para cumprir essas funções.

Essa luta não pode ser somente dos trabalhadores terceirizados. Ela também precisa ser levada pelos estudantes, que defendem a universidade pública, gratuita e de qualidade para todos, lutando para garantir a qualidade de todos os seus serviços! Essa luta também precisa ser dos trabalhadores efetivos, pois a terceirização divide e enfraquece a categoria, oferecendo salários e direitos diferentes para os mesmo trabalhos. Por isso convocamos os estudantes e suas entidades, como o DCE e CA’s, bem como os trabalhadores e o STU a lutarem não só pelas demandas imediatas que esses trabalhadores reivindicam, mas também exigir o fim da terceirização, com a imediata incorporação dos trabalhadores terceirizados sem a necessidade de concurso público!


Aos trabalhadores da EB Alimentação da UNICAMP

Os restaurantes universitários são um setor importantíssimo para a plena realização das atividades e pesquisas da universidade. No entanto, são setores que vem sendo cada vez mais precarizados através de falta de funcionários, péssimas condições de trabalho, escalas extenuantes e um ritmo de trabalho infernal que provoca vários acidentes de trabalho e adoecem os trabalhadores em decorrência dos movimentos repetitivos e de uma demanda muito acima da capacidade que nossos braços e nossas mentes conseguem suportar.

Também na USP a terceirização impõe aos trabalhadores terceirizados salários e condições de trabalho ainda piores para executarem as mesmas funções de um trabalhador efetivo, dividindo nossas fileiras entre trabalhadores efetivos, temporários, terceirizados e desempregados a serviço de aumentar o lucro dos patrões e de super-explorar nossa classe a condições que beiram a escravidão. Por isso, viemos travando uma luta incansável contra a terceirização e em defesa aos trabalhadores terceirizados como fizemos com as empresas Atma, Souza Galaço e recentemente ao lado das companheiras terceirizadas da União (empresa terceirizada de limpeza) que protagonizaram uma importantíssima luta, dos vigilantes da GSV e ainda ontem estivemos juntos aos trabalhadores da BKM (jardinagem) que com sua luta conseguiram arrancar o pagamento de seus salários.

Estas são provas de que a chamada “universidade de excelência” se sustenta na semi-escravidão cotidiana onde ainda persiste a segregação dos pobres e, sobretudo dos negros, do lado de fora dos muros das universidades públicas que em seu interior não ocupam as carteiras das salas de aula mas compõem a maior parte do “exército de explorados” que habitam os porões desta ilha de marfim elitista e racista que é a UNICAMP condenando os negros aos trabalhos mais precários.
Infelizmente esta não é uma realidade nova e, tampouco “exclusiva” das universidades mas reproduz a mesma divisão social e racial dos canteiros das obras do PAC, dos trabalhadores dos Correios (em sua maioria jovens e negros) demonstrando que esta se trata da luta de uma mesma classe, a classe trabalhadora.

Desde a USP manifestamos nosso mais profundo apoio aos trabalhadores EB Alimentação da UNICAMP, que se levantam e escancaram as péssimas condições de trabalho que as chefias, a reitoria e as empresas terceirizadas nos impõem todos os dias e que são silenciados durante anos. Estamos com vocês companheiros, basta de super-exploração e segregação: que todos os trabalhadores terceirizados tenham os mesmos salários e direitos dos trabalhadores efetivos!!! Somemos nossas forças para acabar com a divisão que os patrões tentam nos impor: pela efetivação de todos os trabalhadores terceirizados à UNICAMP sem necessidade de concurso público!!

Basta das péssimas condições de trabalho e da perseguição das chefias: construção imediata de novos restaurantes para atender à demanda !!

Chamamos os estudantes, funcionários efetivos e professores que se indignam com esta absurda situação pela que passam os trabalhadores terceirizados a cerrarem fileiras em sua defesa para que sua luta possa triunfar, levantemos uma grande campanha em defesa dos trabalhadores terceirizados da EB Alimentação da UNICAMP, por iguais direitos e salários e sua efetivação.

Pablitotrabalhador do restaurante universitário da USP e diretor do Sindicato dos Trabalhadores da USP.

Solange Conceiçãotrabalhadora do restaurante universitário da USP e diretora do Sindicato dos Trabalhadores da USP.

Artigos relacionados: Movimento Operário , Campinas









  • Não há comentários para este artigo