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Lançamento da Estratégia Internacional Brasil 4 - PUC-SP

Debate sobre saídas para a crise capitalista

29 Aug 2009   |   comentários

No dia 25 de agosto, cerca de 70 estudantes se reuniram na PUC-SP para debater os rumos da crise económica, a nova situação política mundial aberta a partir desta, e por qual saída devem lutar os trabalhadores, jovens e povos de nosso continente. Participaram do debate “A crise capitalista hoje: o pior já passou?” , o professor Pedro Fassoni, do departamento de política da PUC-SP, e Simone Ishibashi, dirigente da Liga Estratégia Revolucionária e diretora da revista Estratégia Internacional Brasil 4, que estava sendo lançada.
Pedro Fassoni abriu a discussão destacando que a despeito da crise económica uma série de corporações concentradas teve lucros, e mesmo assim se aproveitaram para atacar os direitos dos trabalhadores. Resgatou também a natureza desta crise como uma crise histórica do capitalismo, ilustrando as comparações com a Grande Depressão de 1929, em seus aspectos similares e distintos, e retomou a análise de Lênin acerca do imperialismo como época marcada pela concentração de capital e acirramento da competição capitalista, levando à crises, guerras e revoluções.
Simone Ishibashi abordou os aspectos fundamentais da presente crise defendendo que mesmo que tenha tido alguns de seus efeitos mais catastróficos retardados pelas imensas somas gastas pelos governos nos pacotes de salvamento, está longe de ter se encerrado, na medida em que o padrão de crescimento baseado na China como produtora manufatureira mundial e nos EUA como consumidor em última instância se esgotou, e não há nenhum em vista para substituí-lo. Enfatizou que a reflexão sobre a crise capitalista internacional deve se debruçar não só sobre os aspectos económicos, mas também nos fenómenos sociais e da luta de classes que começam a se abrir, do qual o golpe de Honduras é uma expressão pela direita, que deve ser barrado pela ação dos trabalhadores e da juventude latino-americana. Ressaltou também que frente à crise capitalista há que lutar para que exemplos como o da fábrica argentina Zanon, ocupada e produzindo sob controle operário há 8 anos e recentemente expropriada, se generalizem. “Zanon mostrou que é possível que os trabalhadores, quando confiam em suas próprias forças apontem outra saída, que mostra em pequeno o que devemos fazer com toda a sociedade, de modo a acabar de vez com a miséria capitalista. Em nosso país, onde a demissão de 4.200 trabalhadores da Embaer passou sem luta, o exemplo de Zanon é inestimável” , afirmou.
Do plenário, uma estudante de Serviço Social interveio defendendo que umas das respostas necessárias à crise é a luta pela redução da jornada de trabalho se redução de salários. A professora e diretora da Associação de Professores da PUC, Bia Abramides, interveio colocando que é necessário lutar por uma plataforma de independência de classe, e romper com a prática recorrente da esquerda, inclusive a que se reivindica revolucionária, mas que frente à crise capitalista termina atuando detrás de bandeiras levantadas por setores governistas e burgueses, como a redução da taxa de juros. Reivindicando a fala da estudante, Bia Abramides ressaltou a vigência do programa de transição como resposta à crise, e a necessidade de combater a crise e não apenas analisá-la.
O debate foi encerrado com o indicativo de ser continuado por outro, no qual se resgate o legado teórico e político de Leon Trotsky. Frente à curiosidade expressada pelo plenário em relação à importância do debate sobre os aportes deixados pelo revolucionário russo, Simone Ishibashi ressaltou: “Como se expressou aqui o programa de transição legado por Trotsky é uma conquista da classe trabalhadora, e é tão vigente que surgiu neste debate. Na academia brasileira se estudam todas as variantes de marxismo, sobretudo o marxismo ocidental. Menos Trotsky. Isso não é coincidência, mas deriva do fato de que foi Trotsky quem deixou a lógica geral de um programa capaz de responder aos desafios de nosso tempo, além de ter oferecido uma análise e um programa para o combate à burocratização da URSS. Isso aterroriza a nossa intelectualidade pró status quo, pois lança por terra a ideologia de que marxismo revolucionário sempre desembocará em alguma variante de stalinismo” .

Em breve:

Lançamento da Estratégia Internacional Brasil 4 na USP. Aguarde.

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